Naquele ano as pessoas saiam menos para as ruas à noite, estavam habituados a dormir cedo, pois não havia nenhum laser para as noites, que eram muito escuras, apesar de contar com iluminação de 35 belos lampiões a querosene, fundidos na Bélgica e que vieram para Iporanga no final do século XIX, todos instalados para iluminar as ruas centrais. Aqueles lampiões abastecidos com querosene, como combustível, eram acesos às 6 horas e apagados às 9 horas da noite. Acendia os lampiões o Sr. Luiz dos Santos (Luiz Pitada), João Manoel e mais tarde Perciliano que permaneceu executando aquela tarefa até quando chegou a energia elétrica em Iporanga em fins de 1948.
Antes de serem apagados os lampiões, eram dadas 9 badaladas no sino maior da igreja matriz, anunciando que os relógios já marcavam 9 horas da noite, o sinal era o toque recolher na cidade. Em seguida os soldados do posto policial, na praça matriz, também respondiam às 9 badaladas do sino da igreja, com 9 badaladas, os milicianos armavam-se, com fusíl, colocavam todos seus apetrechos e marchavam em numa patrulha, para as ruas centrais e estreitas da cidade.
Aquilo tudo virava um silêncio sepulcral, não se ouvia barulho algum, exceto algum ponteiado de violão numa serenata de boêmio, o choro de uma criança, latido de cães, as vezes som de uma coruja, e só. O silêncio era quebrado às 10 horas, quando era possível ouvir o ruído causados pelas botas dos soldados em passos rápidos resvalando no pedregal das ruas a passos largos, subindo rumo ao quartel, com isso encerravam-se as noites escuras naquela nossa época de ouro.
No começo de 1947 chegou a Iporanga um certo vigarista, do qual infelizmente não me lembro o nome, era um homem que prometia por luz elétrica na cidade, aquele malandro, foi até a casa do sr. Luiz Nestlhener (Luiz Alemão) e contratou-o para tirar 200 postes de madeira para a iluminação pública, apresentou-se em várias casas da cidade e já fez as instalações internas com lâmpadas e tomadas, cobrou tudo aquilo muito bem caro, pago pelos moradores da cidade que estavam todos contentes com a chegada da luz. O Sr. Luiz Alemão providenciou todos os postes e mandou um caminhão trazer para as ruas, mas perdeu todo seu serviço, pois nunca recebeu o combinado.
Esse tal vigarista levou todo o dinheiro arrecadado do povo, foi embora e nunca mais voltou à cidade, sendo que os postes apodreceram amontoados nas ruas. Essa é a historia daquele estelionatário que abusou da boa fé e ingenuidade do povo, naquele ano.
do site Iporanga em foco.
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