O Clube Recreativo 13 de maio de Itapetininga foi fundado num dia 13 de maio do ano de 1911.
A comemoração do aniversário da Abolição da Escravatura sempre era realizada no Clube Recreativo 13 de Maio, sociedade dos homens de cor e com sede à Rua Silva Jardim, em Itapetininga.
Idealizado por pessoas humildes de nossa população. Dos vinte sócios fundadores quatorze eram pretos, cinco mulatos e um branco acaboclado, liderados pelo velho zelador da Igreja de Nossa Senhora dos Rosário dos Homens Pretos, Romão de Arruda Leite, o Nhô Romão.
Seu primeiro presidente foi o senhor Sebastião Corrêa, um ex-escravo.
O Clube mantinha uma intensa programação de atividades. Todos os sábados animados bailes com conjuntos conhecidos da região. Matinês dançantes, jogos, etc.
Tinha em seu quadro associativo craques do futebol itapetiningano.
Todos os anos, no dia 13 de maio acontecia uma programação especial.
Veja matéria publicada no jornal "Diário de Itapetininga", de 17 de maio de 1950 consta:
" Às 8 horas, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, foi celebrada Missa em ação de Graças. Às 16 horas, na sede da Sociedade, foram oferecidos aos convidados e sócios em geral, doces e bebidas. Às 20 horas, deu-se início à sessão solene comemorativa, à qual compareceram várias autoridades itapetininganas, os presidentes dos Clubes Venâncio Aires e Recreativo Itapetiningano, representantes da Imprensa e grande número de convidados e sócios.
Presidiu a sessão, a convite do presidente do Clube 13 de Maio, o senhor Eurico Aires Martins, presidente do CRI-Clube Recreativo Itapetiningano. Diversos oradores usaram da palavra na ocasião, entre os quais as senhoritas Maria Emília e Luiza Aparecida, senhores Antonio Souza, J. B. Campos e Alcides Simões.
Todos eles falaram sobre o significado da data "13 de Maio" para os homens de cor e com palavras carinhosas lembraram as pessoas dos batalhadores em prol da Abolição da Escravatura, principalmente a da Princesa Dona Isabel, a Redentora.
Houve também um interessante número de poesias, pelo menino José Luiz Alves Natel.
Pelo senhor Eurico Aires Martins, foram pedidos dois minutos de silêncio, em homenagem aos Escravocratas e aos sócios-fundadores do Clube, já falecidos.
Foi também homenageado na ocasião o senhor Darci Vieira, um dos dos grandes benfeitores do Clube Recreativo 13 de Maio.
Após a sessão solene, antecedida por um cortejo de senhoritas e cavalheiros, todos em grande toilette, deu entrada no salão a senhorita Maria Emília dos Santos, eleita Rainha de 1950 do Clube 13 de Maio, e que recebeu a coroa real das mãos da rainha de 1949, senhorita Leovil Pereira.
Receberam suas fitas de princesas, as senhoritas Tereza Costa Pinto e Tereza Pereira. Após a coroação, as majestades de 1949 e 1950 deram início ao grande baile de gala, que prolongou-se até alta madrugada."
Eu me recordo do dia 13 de maio de 1960. Eu trabalhava como técnico na PRD-9 Rádio Difusora de Itapetininga e fomos ao Campo do DERAC onde houve um jogo entre uma seleção mista da cidade contra o time do Clube 13 de Maio. Eu, o Erotides S. Pereira, Presidente e o repórter Gildo Holtz Moraes participamos com a transmissão direto do campo.
A noite teve um show no Cine Olana com a participação do Conjunto os Anjos da Lua e o cantor negro Carlos Gonzaga, que época fazia muito sucesso cantando a versão da música DIANA.
Que abriu o show foi a Edina Sansão cantando Ouça, um sucesso de Maysa Matarazzo, Depois o Genésio Valentim, conhecido como Fião cantou um dos sucessos de Agostinho dos Santos e depois a Maria Mércia Lisboa também cantou uma das músicas da cantora Cely Campelo.
A seguir o Carlos Gonzaga cantou diversos sucessos. Ele estava hospedado no Hotel Vitória, na rua Saldanha Marinho, atual Itapetininga Hotel.
Depois fomos todos para o Clube Recreativo 13 de Maio, onde teve um maravilhoso baile
Que saudades!
A séde social do Clube ficava na Rua Silva Jardim, nº 164 - centro - Itapetininga-SP.
Quando estávamos escrevendo o nosso livro GENEALOGIA DE UMA CIDADE - Volume I - ITAPETININGA lançado em setembro de 2005, recebemos a noticia que o Clube estava fechado, sem diretoria e sem condições de reabrir.
A propriedade do prédio foi transferida para a Igreja Católica, que posteriormente vendeu para o Sindicato Rural de Itapetininga.
José Luiz Nogueira ( genealogista)
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