Autoria: Cecílio Elias Netto
Em cinco minutos, Newton de Mello contou e cantou a "saudade que punge e mata"
Professor primário, músico, poeta, boêmio, dividindo a sua vida entre Piracicaba e Araraquara, Newton de Mello foi uma figura trágica, mesmo porque a tragédia marcou-lhe a vida num crime passional. Durante muitos anos, no fim de sua vida, Newton de Mello morou na casa do médico Antonio Cera Sobrinho, na rua Rangel Pestana, esquina da Benjamin Constant. O próprio Newton de Mello nunca imaginou que a sua música se transformasse num hino da cidade que ele tanto amou.
Nos arquivos do jornal "O Diário" - ainda com o nome de "Diário de Piracicaba" - há um depoimento histórico: o testemunho do compositor Newton de Almeida Mello Campos (Newton de Mello) sobre o nascimento da música "Piracicaba", que se tornou hino oficial da Cidade e de autoria dele. O registro está numa entrevista publicada no dia 24 de abril de 1956.
A música nasceu em Rafard, na Fazenda Itapeva, onde Newton de Mello estava, saudoso de Piracicaba. Tudo foi rápido, a música nascendo de um repente. E, na noite do mesmo dia, em Piracicaba, com os amigos no antigo Bar Giocondo - onde está o Unibanco, ao lado da Brasserie - cantou pela primeira vez a canção.
Em 1975, ao almanaque de Piracicaba daquele ano, Newton de Mello revelou:
"Era o dia 9 de setembro de 1931. Lembro-me bem disso tudo. Não por vaidade, mas apenas esclarecendo um ponto para mim interessante, devo dizer que a letra e a música dessa despretensiosa canção foram compostas, simultaneamente, em cinco minutos. Outras composições minhas, nas quais havia trabalhado por vezes dias a fio, não me saíam boas como esta parecia estar. Retive-a na memória e, como na noite do mesmo dia me encontrasse em Piracicaba, entre velhos amigos, cantarolei-a para eles. Surgiu logo um violão. Aprenderam em três tempos e houve um geral entusiasmo que, de certo modo, me lisonjeou."
Segundo o mesmo Newton de Mello, o advogado, músico e jornalista Osório de Souza -- à época, um dos homens influentes do "Jornal de Piracicaba" -- não gostou. No entanto, os seresteiros começaram a divulgá-la. E Newton de Mello cita, além de Cobrinha (Victório Angelo Cobra) e Capitão, alguns deles, famosos naqueles tempos: Benigno Lagreca, José do Amaral, Lauro Catulé de Almeida, Otavião de Barros Ferraz, Décio de Toledo, Guido Olivetto, Benedito do Amaral, Antonio Diehl, Zacarias Martins, João Cozzo, Anísio de Godoy, Luciano de Cilo, Idilio Ridolfo, Inocêncio Geizer do Amaral.
A harmonização da música foi feita pelo maestro Carlos Brasiliense. A canção de Newton de Mello tornou-se oficialmente o Hino de Piracicaba, por lei municipal n.2.207, em 1975.
Postado por JAIR TERCEIRO
Nenhum comentário:
Postar um comentário