quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

A CAPELA MAIS ANTIGA DE CAPÃO BONITO

Publicado pelo BLOG DO FRANCISCO LINO, Na sexta-feira, 17 de abril de 2015.



Além de fomentar a nossa economia produzindo alimentos para a mesa dos brasileiros, a zona rural de Capão Bonito tem outros “tesouros” afincados em seu chão. Apesar de ser, hoje, um município urbano, Capão Bonito nasceu rural e permaneceu assim até a década de 70. Dos anos 80 pra cá, o êxodo rural inundou a região urbana, construindo assim diversas Vilas populares. Mas é ainda no campo que guardamos a nossa memória.
Numa dessas tardes ensolaradas de fevereiro (pré-carnaval), a convite dos amigos Juraci Braz das Chagas e Horácio Rosa de Oliveira (Assis da Sabesp), a reportagem da Revista Capão Bonito foi conhecer o bairro que abriga um valioso patrimônio histórico do município.
Uma das mais tradicionais comunidades rurais, o Ferreira das Almas, preserva a capela mais antiga de Capão Bonito. No ano 1874, um pequeno grupo de moradores decidiu se organizar e construir a capela Santa Cruz. A igreja foi construída de forma artesanal. As paredes, com um metro de espessura, ainda preservam suas características originais feitas com terra batida e armadas em taipas de pilão.
As dificuldades da época foram superadas pela fé daquela gente, que até hoje se orgulha em abrigar a Igreja mais antiga e preservada desta terra abençoada por Nossa Senhora da Conceição – do Paranapanema. Por lá, gerações e gerações receberam as benções matrimoniais e constituíram famílias. 
As acomodações da pequena igreja são simples, porém, transmitem tranquilidade e paz para quem busca reflexão espiritual e crê nas benções do catolicismo. As celebrações religiosas são realizadas duas vezes ao mês e recebem fiéis de bairros vizinhos como Tomés, Turvo dos Pedrosos, Mendes, Mato Pavão e até católicos que residem na região urbana descartam a imponência das grandes igrejas e preferem orar num ambiente que transmite brandura e história.
Um dos moradores mais velhos do Ferreira das Almas, Pedro Julio do Nascimento, 92 anos, conta que, antes de construir a igreja, um grupo de moradores comprou 30 sacas de amendoim que foram utilizados na produção de biscoito e paçoca. A venda dos alimentos gerou um montante suficiente para iniciar a tão sonhada edificação da Capela Santa Cruz. Nascimento relata ainda que a igreja foi atingida por algumas balas de canhão pertencentes aos soldados paulistas que lutavam na Revolução de 32.
Além do prédio religioso, o bairro também tem outro atrativo para quem se interessa por lugares históricos. No Ferreira das Almas, o Cemitério Sagrado Coração de Jesus foi construído no início do século XX, em 1904. Em dias de Finados, o campo santo chega a receber 1000 pessoas que chegam para homenagear seus antepassados.
O guardião e zelador do cemitério é o funcionário público Ezequiel Ferreira, 41 anos. Segundo ele, são realizados em média três enterros por mês, que são anunciados pelas badaladas do sino da Igreja Santa Cruz. “É uma tradição que nasceu há décadas e permanece até hoje. Quando o sino toca em dias normais, todos sabem que alguém está sendo sepultado”, explicou.
O tempo trouxe algumas danificações estruturais, mas a comunidade está se organizando para arrecadar fundos e manter viva a história e a igreja mais remota de Capão Bonito.

CORRIGINDO: a palavra BENÇÕES não existe. O CERTO É BENÇÃOS.

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