domingo, 20 de janeiro de 2019

PRÉDIOS QUE CONTAM A HISTÓRIA DE ITAPETININGA


05/11/2016 - TV TEM


Itapetininga completa 246 anos neste sábado (5). 

A história da cidade pode ser contada através da arquitetura dos poucos prédios centenários que ainda estão conservados no município. 

Alguns deles funcionam atualmente como importantes pontos, por exemplo, o Centro Cultural e a Escola Estadual Peixoto Gomide (confira fotos dos bastidores da reportagem).



Bob Vieira canta sobre as origens da cidade às 
margens do rio (Foto: Reprodução/ TV TEM)

E tudo começou no Bairro do Porto, perto do rio que dá nome à cidade. O violeiro Bob Vieira explica: “A história de Itapetininga começa neste lugar, com as casas construídas na beira do rio. Era pouso de tropeiros, que por aqui passavam e paravam para descansar.”
Os primeiros prédios da cidade estão hoje na região central. Um dele é o “Teatro São João”, onde atualmente está a Loja Maçônica Firmeza. “As pessoas que frequentavam o espaço, visto que ele foi construído para ser um teatro, eram as pessoas da sociedade. O prédio foi inaugurado em 1872. Nessa época era uma cidade extremamente pacata, com poucas atividades culturais. E o teatro veio a ser um ponto de grande frequência. É um dos três prédios mais importantes e preservados da nossa história. Juntamente com ele só temos o Centro Cultural e a igreja do Rosário. São os únicos prédios que estão extremamente conservados”, explica o membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga, Afrânio Franco de Oliveira Mello.


Hoje Centro Cultural, prédio centenário já foi 
cadeia e Câmara (Foto: Reprodução/ TV TEM).
Quando Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga foi elevada à categoria de vila em 5 de novembro de 1870, o povoado tinha nos seus arredores o cemitério público, onde hoje está localizado o Largo do Rosário. Cerca de cinquenta anos depois, por volta de 1920, foi construída uma pequena capela chamada Santa Cruz, conta Eunice Granato, membro da Academia Itapetiningana de Letras. “Essa igreja representou muito. Ela data de 1840 a primeira parte da construção que é a Capela de Santa Cruz. Depois é que foi construída a Igreja Nossa Senhora do Rosário pelos escravos. Era de taipa de pilão e é uma das construções mais antigas da cidade.”


Prédio sede da maçonaria também foi erguido 
há séculos (Foto: Reprodução/ TV TEM)

No Largo dos Amores, está o Centro Cultural, prédio recentemente restaurado que abriga exposições e eventos. Matheus Garcia Sarubo e´estudante de eficações do IFSP e está fazendo um trabalho sobre o local. O objetivo é manter viva a história de Itapetininga, diz ele. “Fizemos uma pesquisa bem aprofundada sobre as características e toda importância que o local tem para a cidade. Foi feito o prédio com a intenção de abrigar a cadeia e a Câmara da Vila Nossa Senhora dos Prazeres. Depois, com a criação da comarca, houve a necessidade de criar uma sede para o poder judiciário”, explica.

Escola Peixoto Gomide é um dos principais 
símbolos da cidade (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Terra das escolas
O complexo arquitetônico da Avenida Peixoto Gomide foi assinado pelo engenheiro arquiteto Ramos de Azevedo, o mais conhecido e respeitado na época da construção, no fim do século 19, ressalta o ex-professor e supervisor na escola Ivan Barsanti. “O senador Peixoto Gomide era muito amigo do coronel Fernando Prestes. Diz a lenda que num determinado dia eles estavam conversando e o coronel sugeriu ao senador a criação de uma escola normal em Itapetininga. E como eram muito amigos, o Peixoto Gomide assinou decreto criando a escola normal. O povo ficou impactado. Era um prédio muito bonito. Naquela época o destino de uma moça era ser professora primária. A diretora da escola era considerada a terceira pessoa mais importante da cidade. O primeiro era o prefeito, segundo o presidente do Clube Venâncio Ayres e terceiro o diretor da Peixoto Gomide. A pessoa perguntava 'você estuda na escola Peixoto? Em que cidade fica mesmo?'. A escola era mais conhecida que a cidade,” lembra.


Imponente, Igreja Matriz demorou 20 anos para 
ser construída (Foto: Reprodução/ TV TEM)

Palacetes e casarões também marcaram época. Roberto Hungria, presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS), conta que a época da construção deles foi o período áureo em termos de riqueza da população. “A cidade tinha um território muito grande. É o terceiro maior do Estado. Eram muitas terras e as famílias vinham plantar café e algodão. O algodão era chamado de ouro branco. E as famílias começaram a ganhar muito dinheiro e construíram casas melhores e mais bonitas.”
Waldomiro Benedito de Carvalho, escritor e ex-presidente do Clube Venâncio Ayres, conta que o clube foi a primeira sede do Brasil que foi construída especialmente para funcionar como clube. “Era e é a porta de visita da cidade. As pessoas vinham de fora e como não conheciam ninguém era difícil fazer amizades. Mas, com o clube você ia conhecendo as pessoas mais importantes daqui”, cita.

Projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto e construída a partir de 1948, a Catedral Nossa Senhora dos Prazeres é um protótipo do santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). A construção demorou cerca de 20 anos, diz o Padre Mário Donato Sampaio, da Academia Itapetiningana de Letras. “Itapetininga, para ser criada oficializada como cidade, precisava ter uma paróquia. E em 1770, antes da criar a cidade, foi criada a Paróquia”, lembra.
* Ana Laura Holtz e Carla Monteiro, da TV TEM Itapetininga

Itapetininga comemora 246 anos neste sábado, 5 (Foto: Reprodução/ TV TEM)

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