Com a passagem do dia dos avós – 26 de julho -, quando é reservada uma carinhosa comemoração a essas criaturas amorosas que nos antecederam na formação da família, senti a vontade de buscar em minha gostosas recordações, a doces figuras dos meus saudosos ancestrais.
Assim pensando, a minha memória levou-me ao passado já distante, quando garoto, residindo com meus pais e demais irmãos em Botucatu, visitava com relativa frequência os meus avós maternos – Julião e Mariquinha -, que possuíam nas cercanias daquela cidade, uma pequena chácara.
Então ele, meu avô, que beirava uns quarenta anos de idade, mourejava colhendo alguns produtos hortigranjeiros e criando poucos pequenos animais domésticos, para seu próprio consumo e modesta sobrevivência.
O reduzido imóvel rural, situava-se às margens do ribeirão Lavapés, onde ao depois, muito próximo foi construído e instalado o Asilo de Mendicidade Botucatuense.
Tal qual todo moleque, considerando que a distância que separa a minha casa da chácara não era muito, pra lá ia frequentemente, muitas vezes pernoitando na singela, na acolhedora morada dos meus avós.
Sem energia elétrica, o que valia eram os lampiões e candeeiros à querosene, com sua iluminação e cheiro característicos, muito de perto observados e apreciados com curiosidade infantil por nós crianças.
Era tudo divertido com os folguedos naturais que a gente por ali encontrava, além da carinhosa atenção dos avós, sempre procurando atender à vontade e interesse dos netos que por lá aparecessem.
São inesquecíveis as caçadas de passarinhos, com estilingues ou alçapões; o andar à cavalo num velho animal de estimação; brincar na águas não poluídas do ribeirão, cujo fundo era forrado por uma areia branca; enfim um mundo de coisas agradáveis às fantasias de qualquer criança, especialmente sendo neto dos donos da casa.
Todos aqueles fatos ficaram gravados em minha lembrança até agora, já decorridos tantos anos...
Interessante que, chegando daqui a Botucatu, pela estrada estadual de rodagem, à direita do viajante, a chácara dos meus avós, situada na contra encosta da colina, era bem visível, de tal forma que, passando por aquele lugar com meus filhos ainda pequenos, olhando à distância curta, ia eu fazendo referência, apontando para eles: “- ali está a chácara do meu avô Julião, onde, quando moleque eu sempre ia passear”.
Os anos foram passando, outros filhos nossos vieram surgindo, depois os seus filhos, - nossos netos, - e, então, a minha “ladainha”, quando por ali passando com eles, ia sendo repetida...
Agora, em ocasião que para lá vou, tendo a Lúcia ao meu lado, ao aproximarmos do local, ela, a Lúcia, para brincar, é que fala: “Olhe lá a chácara dos seus avós...”
A vida correu como é natural, as coisas foram sendo modificadas com o passar do tempo, hoje naquelas paragens foram edificadas outras moradias, no terreno que foi loteado, com o aparecimento de uma Vila que tem a denominação de Santa Catarina.
Por sorte do destino, sei lá, um dos meus primos, Jairo Pires de Campos, também neto dos avós Julião e Mariquinha, tem sua residência própria, e com alguma frequência mantém contato telefônico, comigo.
Com as conversas, sempre ligadas ao passado que ali vivemos, reativamos nossas lembranças daqueles bons tempos.
Na verdade, acredito que a chácara dos avós, é o melhor lugar do mundo para o aproveitamento divertido e inesquecível dos netinhos, na sua infância e até na juventude.
Isso penso e posso afirmar com segurança, que “a chácara do vô” é recanto que acolhe a todos sempre com a mais calorosa ternura e muita alegria. Que o digam os nossos netinhos, bisnetinhos e seus amigos que nos cercam hoje... ao disporem de um desfrute semelhante... no agradável aconchego.
NOTA - Crônica de Milton Pires de Arruda, colunista do jornal “O alerta”, Laranjal Paulista - publicada na edição de 01/AGOSTO//2008.
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