terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

UMA CRÔNICA DE ALBERTO ISAAC


Belizandro Rezende e seu amor pela cidade que o adotou.



Baile de São João no Venâncio em 1944. Foto - Acervo
porAlberto Isaac
16/12/2022 00:45

O velho diretor, uma das expressões máximas da educação em Itapetininga, constantemente relatava para amigos, ex-alunos e colegas, seu transcendental amor pela cidade que o acolheu. No distante 1948, emigrando de Presidente Venceslau, chegou a Itapetininga o então jovem Antônio Belizandro Barbosa, professor, que através de concurso foi nomeado para dirigir a famosa escola de “Peixoto Gomide”, estabelecimento considerado um dos melhores do Estado pela qualidade de ensino que ministrava.
Visto, principalmente aos domingos e feriados, no bucólico Largo da Matriz, sentado em um dos seus bancos extasiava-se com a leitura de alguma importante obra, Belizandro, considerava o logradouro como sua “ágora”, porque lá se dedicava com atenção redobrada ao livro que lhe interessava. E, também, como ele mesmo dizia, “um entretenimento dominical, onde posso me deliciar com minhas lembranças e rever sempre amigos e conhecidos”.
Residia na rua Campos Sales, desde seu casamento, Belizandro, após assumir a diretoria da “Peixoto”, hospedava-se no extinto Hotel São Paulo, onde o proprietário Romeu Pandolfo o considerava como um filho estimando e onde se relacionava na época com personalidades como juiz de Direito, promotor público, delegados de polícia e envolventes viajantes, representantes comerciais de firmas do Estado.
Por aproximadamente 24 anos conduziu a “Peixoto” com seriedade e competência, uma vez que a própria escola, pelo seu conceito exigia uma administração acima da normalidade, e pautada por um ensino dos mais primorosos. Falar da antiga escola para Belizandro era falar da Itapetininga de renome e de sua importância no concerto dos Estados brasileiros, uma vez que por lá passaram centenas e centenas de alunos, brilhando em todos os setores de atividades humanas, esclarece Belizandro, não esquecendo do quadro de professores como Graco Silveira, Nicanor Arruda, Péricles Galvão, Paulo Rage, Lucila e Elizário Martins de Mello, Juvenal Paiva Pereira, Átila Rios, Modesto Tavares, Mercedes Palomo, Tonico Alves e outros de valores semelhantes.
Uma “Peixoto”, assegurava Belizandro, onde pontificaram alunos do porte de Murilo Antunes Alves, descendentes de Fraterno de Mello Almada, Rui, João, José e os outros filhos de Jango Mendes, Mauro, Rodolfo e José de Mello Leonel, jornalistas como Murilo Antunes Soares, Elias Miguel Raid, familiares do tronco da família Hungria, formando assim com outros familiares de ¬diplomados de uma elite útil à nacionalidade.
Autor de uma obra técnica e de um livreto humorístico, Belizandro, que teve, inclusive, um estabelecimento levando seu nome, “Barbosa”, não sofreu decepção alguma e afirmava que Itapetininga sempre correspondeu a sua expectativa em qualquer sentido, conquistando amizades em todos os setores, e não guardando mágoas de espécie alguma, “embora algumas desavenças tenham surgido em períodos existenciais”.
Cronista dos mais capacitados, graças ao estilo que empregava, escreveu por alguns anos no jornal “Folha”, apreciado por grande número de leitores, porquanto “seu trabalho sempre foi diferente e além de retratar o cotidiano, constituía-se em uma caricatura de situações”, como definiu a professora aposentada llse de Barros Galvão, filha do saudoso Péricles Galvão.
Fez da leitura um de seus hábitos saudáveis nomeando Machado de Assis, Mário Vargas Lhosa, Gabriel Garcia Marques, Lima Barreto e Carlos Drummond de Andrade seus autores preferidos. Elegeu a Bíblia como livro de cabeceira.
Cultivou grandes amizades e foram tantas que se comovia quando lembrava os nomes, mas nunca esqueceu os de Tercis de Mello Alamada – a quem prezava muito –, Arnaldo Pinerolli e Doutor Péricles D´Ávila Mendes, parceiros de embates tenísticos no Clube dos Bancários.
Belizandro Barbosa Rezende, esposo da saudosa Maria Nazaré Rosa Rezende e pai do médico Marcelo, da professora Ângela, da nutricionista Luciana e do promotor de eventos Odilon, conclamava os jovens a se dedicarem aos estudos com afinco e se habituarem “fantasticamente a leitura”, e enfatizava que “o bom de Itapetininga são mesmo os itapetininganos”.

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