Nas primeiras décadas do século XIX, a margem esquerda do Rio Mogi Guaçu, começou a ser cruzada por tropeiros e comerciantes. Seguindo pelo já conhecido caminho de Jaboticabal, as tropas de mulas carregavam mercadorias produzidas no Triângulo Mineiro e no Estado de Goiás, para serem negociadas nas regiões de Campinas, Sorocaba e na então capital provincial, São Paulo. As mercadorias carregadas por tropas de mulas eram atravessadas pelo rio, por meio de balsas. Na viagem de volta, os tropeiros traziam os parcos gêneros que os goianos e mineiros necessitavam para sobreviver.
A viagem durava muitos dias e a cada noite as tropas descansavam em lugares já conhecidos pelos seus condutores. Um desses lugares de descanso localizava-se próximo ao abrigo de muitas pitangueiras silvestres. Esse local ficava distante aproximadamente uma légua da margem do Rio Mogi Guaçu. A região contava com muitos alagadiços e brejos. Existe uma hipótese plausível que o nome do lugar surgiu dos pousos dos tropeiros na região das pitangueiras.
Nesta época a região possuía um número bem reduzido de moradores, sendo que a quase totalidade deles dedicava-se à criação de gado, visando a subsistência. Os tropeiros realizavam um comércio na região e a movimentava a ponto de atrair novos moradores.
Como mandava a tradição cristã católica, muito enraizada nas sociedades por aquela época, para que o pequeno povoado que se formava pudesse ser reconhecido e oficializado como tal, fora realizada uma doação de terras, uma majestosa gleba de 80 alqueires de terras doadas ao santo escolhido como padroeiro do lugar: São Sebastião.
As terras foram doadas pelo casal lusitano Manuel Félix e Ana Batista de Moraes e seu amigo e cunhado, Joaquim Pinto de Moraes, conhecido por Joaquim Moço. Esses foram os propulsores do nascimento de uma nova cidade, promotores do desenvolvimento inicial do lugar. Essa doação de terras ao patrimônio de São Sebastião fora registrada no Cartório da Comarca de São Carlos do Pinhal, em 27 de julho de 1858, data que então marca a fundação do povoado de Santa Cruz das Pitangueiras. É sabido que anos mais tarde, por volta do ano 1905, mais uma pequena gleba de terras fora doada ao padroeiro, esta feita pela fazendeira Bernardina Cândida de Jesus.
Numa área destas terras foi erguida uma capela, feita de pau-a-pique, com esteios de aroeira e coberta por sapé, em louvor ao padroeiro São Sebastião, que logo, em sua volta, começam a surgir as primeiras casas do recém formado povoado.
A Lei Provincial 138, de 17 de julho de 1881 transformou o pequeno vilarejo à categoria de Freguesia. Já na era Republicana, em 15 de agosto de 1892, Pitangueiras foi elevada à condição de Distrito e, no ano seguinte, no dia 6 de junho, tornar-se-ia cidade, sendo seu território desmembrado do município vizinho de Jaboticabal.
No final da década de 80, do século XIX, como toda região, Pitangueiras foi invadida pela cultura cafeeira. O ouro verde expandiu-se de forma acentuada por toda região. Pitangueiras, por sua vez, também viveu a expansão desse novo ciclo econômico. Várias fazendas produziam café trazendo a riqueza para a pequena cidade que se formava.
O desenvolvimento em si se acentua com a chegada da Estada de Ferro, chamada a princípio de Pitangueiras – Goyas. Por ela era transportado o café produzido em toda região e, ao mesmo tempo, trazia as novidades do mundo para a pequena cidade, colocando um fim no comércio realizado pelos tropeiros. Foram em seus vagões que chegaram os imigrantes: italianos, espanhóis, portugueses que deixaram sua distante terra para "lavourar" o café, bem como exercer outros importantes ofícios no núcleo urbano. Passados alguns anos, a São Paulo – Goyas passou a chamar-se Companhia Paulista de Estrada de Ferro.
Junto com o café, Pitangueiras conheceu uma riqueza jamais vista até então. Durante algumas décadas, a cidade conhece algumas comodidades do 'mundo moderno de então', como a eletricidade e a telefonia. Foi neste áureo período que a imprensa se fez presente no cotidiano do lugar, levando a todos os acontecimentos da época.
Paralelamente, algumas indústrias se instalaram na cidade fabricando desde carroças e troles até mesmo café torrado e massas alimentícias. Porém, no final da década de 20 do século passado, os preços do café despencaram no mercado internacional. Muitos fazendeiros foram à ruína e, consequentemente, instala-se em toda região uma crise econômica avassaladora. Os majestosos cafezais foram levados ao total abandono e o lugar passa a dedicar-se novamente à criação de gado e a uma notável agricultura de subsistência. Foi um período de estagnação econômica e muita agitação política.
Por esta época, instala-se na cidade entrepostos de leite e alguns laticínios, aparece o Frigorífico Anglo que produzia carne industrializadas e frutas de excelentes qualidades que eram exportadas. A empresa Anglo também possuía extensas glebas de terras no município de Pitangueiras, criavam gado de notável qualidade, possuíam lavouras exuberantes e pomares distintos. Hoje essas terras estão cobertas pela cana-de-açúcar.
Muitos fazendeiros plantaram laranjas buscando diversificar culturas e atividades. A proximidade com a conhecida 'Capital Nacional da Laranja', a cidade de Bebedouro, ajudou muito a expandir essa nova riqueza no município. E assim, a rodovia que cruza Pitangueiras acabou sendo apelidada de Rodovia da Laranja.
Expandindo-se a partir dos municípios de Ribeirão Preto e Sertãozinho, uma nova cultura agrícola veio revolucionar a economia da região. Trata-se da cana-de-açúcar, que rapidamente se transformou no principal produto agrícola cultivado no município.
Inicia-se por volta da década de 1940 o chamado período canavieiro com a instalação dos primeiros engenhos e usinas em torno de Pitangueiras. Fazendeiros e sitiantes que haviam se dedicado ao cultivo de café e a criação de gado passam a cultivar a nova cultura em suas terras.
Até a década de 1970 quase a totalidade das lavouras eram destinadas à produção de açúcar. Entretanto, com a crise mundial nos preços do petróleo, deflagrada ainda nos primeiros anos da referida década, é sabido que o país optou pela produção de álcool combustível. Era o começo do Proálcool, que promove uma mudança radical na estrutura socioeconômica e cultural, em todas as cidades da região.
Destilarias foram construídas e muitas usinas adaptaram-se para produzir o álcool hidratado carburante, que movimentaria grande parcela da frota nacional de veículos. Nunca a região tinha visto tanto dinheiro em circulação, a ponto de fazer com que o desenvolvimento por ela alcançado a tornasse conhecida como a "Califórnia Brasileira".
Milhares de famílias migraram do Nordeste, do Paraná e do Norte do Estado de Minas Gerais, para trabalhar na safra de cana-de-açúcar. A população da região tem uma mudança significativa em seu perfil sociológico. Surgiram novos bairros em todas as cidades da região, inclusive Pitangueiras; a arrecadação tributária aumentou; houve a necessidade de diversos investimentos sociais para que a crescente população tivesse o mínimo necessário às condições e necessidades humanas.
O fim do Proálcool no início da década de 1990, trouxe uma era de incertezas, sobretudo para a economia da cidade. Mais uma vez, a visão dos empreendedores de Pitangueiras que sempre acreditaram no potencial de nosso povo ajudou a amenizar o problema.
Hoje Pitangueiras se faz presente no cenário regional ainda como uma cidade celeiro, não apenas de gêneros alimentícios ou manufaturados. A cidade vem conhecendo notável destaque na produção de talentos, seja nos esportes, na cultura, nas ciências ou no meio empresarial.
Infomações de Daniel Joaquim Rodrigues – professor de História e Geografia
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