PATRIMÔNIO: A IGREJA DE SÃO BENEDITO, EM CRAVINHOS

Igreja São Benedito poderá se transformar em ponto turístico e histórico

PATRIMÔNIO – Dois engenheiros foram contratados, em maio de 2009, para avaliar todos os imóveis pertencentes à Paróquia São José. Isso possibilitou com que a fachada da Igreja São Benedito fosse preservada.

Em uma tarde de muito vento e chuva do dia 24 de fevereiro de 2009, o município de Cravinhos era tomado de comoção e apreensão. Nesse dia em torno das 17h30 foi ao chão a Igreja de São Benedito, sobrando somente a fachada com a torre do sino e as portas e janelas da entrada. 

Na época o fato repercutiu nacionalmente, já que era uma edificação de 1888 e é considerada a primeira Matriz da cidade, sendo uma das mais antigas do Estado de São Paulo.

Na época a residência de propriedade do Sr. Pedro Pelegi e Durvalino Pelegi, que fica localizada atrás da igreja, teve dois quartos destruídos e foi interditada pelos bombeiros. Entretanto ninguém ficou ferido, já que era feriado e não havia nenhuma pessoa na casa. 

Grande parte dos moradores cravinhenses não acreditavam que tal patrimônio histórico pudesse ser reerguido, e voltasse a celebrar missas, mas isso aconteceu no dia 05 de outubro de 2011.

“Tenho que ser sincero não pensei que a Igreja de São Benedito pudesse ser reerguida, porque se nada foi feito antes do desmoronamento, porque fariam agora? Mas parece que todos se comoveram e ajudaram para que o sonho pudesse se tornar realidade”, diz o aposentado Lúcio Carlos Maggiori.

Dois engenheiros foram contratados, em maio de 2009, para avaliar todos os imóveis pertencentes à Paróquia São José. Isso possibilitou com que a fachada da Igreja São Benedito fosse preservada e as paredes começassem a ser reconstruídas, já que a capela é um bem cultural e religioso. 

“O projeto definiu a reconstrução, respeitando o modelo original e a recuperação da fachada da Capela. As únicas melhorias aprovadas são no projeto elétrico e hidráulico, portanto não aparentes, atualizando o necessário para a utilização da capela”, relata Rodrigo Benzi.

Foi nesse momento que a Construtora Pagano, através dos sócios-proprietários, Ricardo e Armando Pagano decidiu realizar uma parceria para colaborar na reconstrução de tal marco histórico de Cravinhos. Os empresários se comprometeram a ceder toda a mão-de-obra e equipamentos necessários para viabilizar a reconstrução da Igreja São Benedito.

“Acreditamos ser a Igrejinha São Benedito um patrimônio histórico da cidade. Além disso, quando nosso bisavô ‘Lorenzo Pagano’ veio da Itália, ele iria para Ribeirão Preto, porém quando o trem passou pela Igrejinha e ele avistou aquele vale da Fazenda Santa Cruz, achou muito parecido com a região que morava na Sicília, e por isso resolveu se estabelecer aqui mesmo. Então temos uma relação histórica com ela”, relata Ricardo Pagano.

Ainda segundo Pagano, assim que o Cônego Ronaldo Vianna e o advogado Rodrigo Benzi o procuraram toda a assessoria foi prestada, desde os projetos até a execução da obra. 

Não foi só a colaboração da Construtora Pagano que possibilitou a reconstrução da Igreja São Benedito, mas também as incessantes doações da comunidade que, fizeram com que fosse criado um saldo para que a reconstrução acontecesse.

“No final de 2009 contratamos um engenheiro habilitado para o serviço, que nos entregou em fevereiro de 2010 o projeto completo da obra. Posteriormente fomos orçar a obra e chegamos ao valor de R$ 160 mil. Com a campanha de doação de qualquer quantia juntos aos moradores de Cravinhos, bem como a realização de duas rifas conseguimos fazer com que a obra pudesse ter andamento”, conta Dr. Rodrigo Benzi. 

Completando dois anos e cinco meses de sua reinauguração, a Igreja São Benedito recebe missas todas as quartas-feiras, às 7h30, sendo que em alguns dias se encontra aberta para a visitação do público, uma vez que a mesma se transformou em um patrimônio municipal.

“Recentemente o altar da Igreja São Benedito foi recuperado e colocado em seu devido lugar, as missas continuam a serem realizadas as quartas-feiras e também temos um sino dentro da Igreja, que somente existem dois em todo o Brasil, já que é de origem portuguesa. Nossa intenção é que o local se torne um ponto turístico de Cravinhos, inclusive com diversos objetos eclesiásticos de grande raridade”, comenta o advogado da Matriz São José, Dr. Rodrigo Benzi.

Além da reconstrução da Igreja São Benedito, a população também ganhou a revitalização da praça “Maria Bersi Vetrano” (antiga Praça Anita Garibaldi), que agora se tornou mais um ponto de lazer para todos e foi realizada em parceria com a administração municipal de Cravinhos.

História da primeira Igreja

A cidade de Cravinhos, desde o início de sua fundação, pregou o catolicismo. Os primeiros moradores que povoaram tais terras, ergueram em lugar ainda ermo, um cruzeiro, símbolo da fé que lhes ia na alma. Depois, por iniciativa do Sr. Francisco dos Santos Bonfim, foi edificada uma capela particular para a família, em honra a São Benedito, que posteriormente foi doada à cidade, sendo sua primeira Matriz.

Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim, um dos fundadores da cidade, que doou também o cemitério de Cravinhos, onde ele próprio foi enterrado, depois de ser assassinado numa tocaia, jamais esclarecida.

Ao lado de seu túmulo está o do troleiro morto junto com ele, ao tentar defendê-lo. Histórias da conquista do oeste paulista, quando a lei da selva eram as tocaias, encomendadas, invariavelmente, pelos grandes fazendeiros, por questões de terra ou comando político.

Francisco Bomfim é avô do poeta Paulo Bomfim, autor de uma emocionante crônica a respeito da morte do desbravador e fazendeiro e das estórias criadas em volta dela.

Erguida em 1888, no início da então pequena vila que hoje é a cidade de Cravinhos, a igreja de São Benedito é marco da arquitetura típica de uma determinada época, fundamental para a riqueza paulista e o progresso do Brasil.

Até o ano de 1898, o curato de Cravinhos esteve sob os cuidados da matriz Paroquial de Ribeirão Preto. É fácil avaliar-se as dificuldades dos fiéis para serem atendidos em suas atividades espirituais.

Em função do povoamento da região, fazia urgente a fundação de uma nova Paróquia, que deu-se em 18 de março de 1898, por provisão do Cônego Ezequias J. da Fontoura, vigário capitular de São Paulo, então sede vacante. 

Tal provisão vem registrada integralmente no Livro do Tombo, página “1”, “2” e seguintes. 

Assim, foi iniciada a construção do prédio que até os dias de hoje abriga a Igreja Matriz São José.

Reportagem: Kennedy Oliveira/ 18/03/2014

Fonte: A Tribuna Regional