fonte: “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornal impresso “A Província” (16 a 30 de novembro de 1995).
Este conteúdo foi publicado no “Almanak de Piracicaba”, editado pelo jornalista Cecílio Elias Netto, do jornal impresso “A Província”, que circulou como suplemento do jornal “A Tribuna Piracicabana”. Para este projeto, foram elaborados vários fascículos ao longo do período de novembro de 1995 a agosto de 1997.
Infelizmente, com o modismo da chamada música sertaneja, há grande número de pessoas acreditando que o hino de Piracicaba é aquela música conhecida como “Rio de Piracicaba”, muito divulgada por rádio e televisão. Nada mais enganoso. O hino de Piracicaba é de autoria de Newton de A. Mello, cujo estribilho começa com os versos “Piracicaba que eu adoro tanto, cheia de flores, cheia de encanto…”
Músico, poeta, boêmio, dividindo a sua vida entre Piracicaba e Araraquara, Newton de Mello foi uma figura trágica, mesmo porque a tragédia marcou-lhe a vida: num crime passional, matou a mulher, que o havia traído. Durante muitos anos, no fim de sua vida, Newton de Mello morou na casa do médico Antonio Cera Sobrinho, na rua Rangel Pestana, esquina da Benjamin Constant. O próprio Newton de Mello nunca imaginou que a sua música se transformasse num hino da cidade que ele tanto amou.
Em 1975, ao almanaque de Piracicaba daquele ano, Newton de Mello revelou:
“Era o dia 9 de setembro de 1931.
Lembro-me bem disso tudo. Não por vaidade, mas apenas esclarecendo um ponto, para mim interessante, devo dizer que a letra e a música dessa despretensiosa canção foram compostas, simultaneamente, em cinco minutos. Outras composições minhas, nas quais havia trabalhado, por vezes, dias a fio, não me saíam boas como esta parecia estar. Retive-a na memória e, como na noite do mesmo dia me encontrasse em Piracicaba, entre velhos amigos, cantarolei-a pra eles. Surgiu logo um violão. Aprenderam em três tempos e houve um geral entusiasmo que, de certo modo, me lisonjeou.”
Segundo o mesmo Newton de Mello, o advogado e jornalista Osório de Souza— à época, um dos donos do “Jornal de Piracicaba” — não gostou.
No entanto, os seresteiros começaram a divulgá-la. E Newton de Mello cita, além de Cobrinha e Capitão, alguns deles, famosos naqueles tempos: Benigno Lagreca, José do Amaral, Lauro Catulé de Almeida, Otavião de Barros Ferraz, Décio de Toledo, Guido Olivetto, Benedito do Amaral, Antonio Diehl, Zacarias Martins, João Cozzo, Anísio de Godoy, Luciano de Cilo, Idilio Ridolfo, Inocêncio Geizer do Amaral.
A harmonização da música foi feita pelo maestro Carlos Brasiliense.
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