sexta-feira, 16 de setembro de 2022

JUQUIÁ

 



No final do período monárquico a Província de São Paulo já era a unidade do Império do Brasil que mais se destacava pela produção do café, então o principal produto de exportação do país. O que fez com que as infra-estruturas de transporte (ferrovias, estradas e o porto de Santos), comunicações e urbana no território paulista girassem principalmente em torno do café. Os recursos auferidos com a exportação do café eram tantos que se produzia, por vezes, uma certa falta de atenção em relação a outras alternativas econômicas e a outras regiões.
Uma mostra desse tipo de dificuldade está assinalada, por exemplo, abstraídas as razões de ordem econômica ou técnica – que talvez justifiquem o desconhecimento da solicitação –, no requerimento de José Carlos de Carvalho e José Negreiros de Almeida Sarinho, dois empresários do Rio de Janeiro, dirigido à Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo e datado de 11 de março de 1882. Nele, invocando supostos recursos oriundos de “capitalistas desta praça e da de Londres”, requeriam “privilégio para a construção, uso e gozo por noventa anos de uma estrada de ferro que, partindo da cidade de São Paulo vá terminar na vila do Juquiá”. Tinham como objetivo ligar aquela região com São Paulo e Rio de Janeiro e, futuramente, com Curitiba. Além disso, apontavam outras vantagens e questões:
“Os ricos municípios desta zona ficarão dispensados de exportar os seus produtos para outras províncias ou ao estrangeiro. A sua produção natural é o açúcar e o arroz, e esses gêneros serão todos consumidos na província de São Paulo, que os importa de procedências diversas, por empregar na cultura do café todas as forças de que dispõe.”
Todavia os argumentos invocados não foram considerados, por razões que o processo não preserva, e a ferrovia proposta ficou apenas no papel. Aqui reproduzimos o desenho, de autoria de José Carlos de Carvalho, assinalando o trajeto da ferrovia proposta entre São Paulo e Juquiá e que integra a documentação deste processo.


ALESP

Nenhum comentário:

Postar um comentário