Em 1909, a bordo do navio Toko Maru, proveniente do Japão, como imigrante, a família de Pedro Massakishi Kassawara chegou ao Brasil e desembarcou no Porto de Santos. Daí seguiu para o município de Olímpia, Estado de São Paulo, onde se fixou na condição de trabalhar na agricultura. Com o fruto do trabalho de longos anos, conseguiu deslocar-se para esta região, conhecida internacionalmente como Fazenda Jangada, onde conseguiu adquirir uma gleba de terras para a plantação de café. Com a idade avançada de Pedro Massakishi, assumiu a liderança da família, o filho mais velho, ou seja, Antônio Kassawara Katutok que, juntamente com seus irmãos, conseguiu desbravar as matas e fundar uma próspera e produtiva propriedade agrícola. Com o êxito dessa família, que encontrou terras férteis para o plantio de café, outras famílias vieram e aqui se radicaram também. Daí, o desenvolvimento do núcleo foi rápido, com muita esperança e idealismo. Com o tempo, outras famílias vieram e formou-se um aglomerado populacional cheio de atividades. Com o desenvolvimento regional, o Sr. Antônio Kassawara Katutok achou por bem destinar dez alqueires de sua gleba para o loteamento destinado a uma futura cidade. Assim sendo, em 03 de novembro de 1938 foi lavrada a escritura e, com uma Missa em Ação de Graças, celebrada numa clareira da floresta, nasceu a VILA DE NOVA OLÍMPIA, cujo nome foi uma homenagem à cidade de Olímpia, berço acolhedor da família dos fundadores. A prosperidade continuou e até o ano de 1947, quando 60% dos lotes foram ocupados por prédios residenciais e comerciais, todos em alvenaria, sendo que, para tanto, foi instalada uma olaria na periferia da Vila. Com o crescimento constante da Vila de Nova Olímpia, foi que através da Lei Estadual n° 233/48 a Vila passou à categoria de Distrito, com a instalação de um Cartório e um Posto Policial. Por sugestão de políticos que tiveram grande influência na aprovação dessa Lei, entre eles o Dr. Ulysses Guimarães, Castro Carvalho e Antônio Silvio da Cunha Bueno, o Distrito foi denominado de GABRIEL MONTEIRO, em justa homenagem ao grande Municipalista Gabriel Monteiro da Silva, falecido na época, que ocupava o importante cargo de Chefe do Departamento das Municipalidades do Estado de São Paulo, depois transformado em Secretaria de Estado dos Negócios do Interior. O município de Gabriel Monteiro passou a ter muito desenvolvimento, com a instalação de casas comerciais, máquinas de beneficiar arroz e café, com a agricultura formada por pequenas propriedades agrícolas, prósperas e produtivas. Com a união do povo e muita luta, o Distrito de Gabriel Monteiro foi elevado à categoria de Município, através da Lei n° 5.285, de 18 de fevereiro de 1959, e a sua instalação deu-se em 02 de Janeiro de 1960, quando foi então instalada a Prefeitura Municipal e Câmara de Vereadores, tendo sido o primeiro Prefeito o Sr. João Peloi Filho e o Vice o Sr. Armando Lima de Castro. A festa de São Pedro, Padroeiro da cidade de Gabriel Monteiro, é uma das maiores do interior do Estado. Estuda-se a possibilidade de colocar o evento no Calendário Turístico do Estado de São Paulo, com pleno merecimento, pois são cinco dias de muita festa.
REGISTROS DO HISTORIADOR - LINHA DO TEMPO
Em 1941, a religiosidade das famílias fundadoras de Gabriel Monteiro é demonstrada pelas atitudes cristãs ao longo da sua história.
HISTÓRICO DA FESTA DE SÃO PEDRO EM GABRIEL MONTEIRO
Uma Cruz, sinal da fé Cristã, foi colocada primeiramente nas terras do fundador da cidade. Depois, por decisão de algumas pessoas moradoras na então Vila Nova Olímpia, levaram a Cruz para um lugar mais alto, a fim de construir ali uma Capelinha pra as orações de cada morador. Essa caminhada teve início com mais ou menos trinta pessoas, com a realização ali da primeira Procissão. Após um ano, foi celebrada uma missa em Ação de Graças, numa barraca feita de bambu e pano de bater arroz, realizando também a primeira comunhão de algumas crianças, filhos dos moradores da Vila. Após três anos, a Procissão já contava com a imagem de São Pedro, doada pelo fundador da Vila, que também se chamava Pedro. A missa ainda foi celebrada na barraca de bambu, pois a Capelinha ainda estava em construção. Em 1943, a Capela ficou pronta e foi inaugurada. Media oito metros por doze metros, tamanho suficiente para abrigar os fiéis da época. A cada ano, no dia de São Pedro era celebrada missa, com o Padre vindo de cidade vizinha, e a Procissão já era grande. Reunidos comemoravam o Padroeiro com o que tinham: pipoca, quentão, doces e uma cachacinha. Surgiu então a Ideia de assar alguns frangos, algumas pessoas trouxeram, totalizando sete frangos. Com o passar do tempo, já se fazia um leilão no Coreto de madeira construído em frente à Capela. Eram leiloados frangos e leitoas assadas, bolos e doces que as famílias doavam, já devidamente preparados. A pouca renda obtida era destinada a ajudar na manutenção da própria Capela. E a cada ano, a celebração da Festa de São Pedro, foi ganhando novos atrativos como, banda de música, serviço de alto falante, que abrilhantava a festa com pedidos musicais e recados a população. Nessa época, os festejos se resumiam em apenas dois dias (28 e 29 de Junho) e para abrigar o povo, eram construídas duas barracas no largo da Igreja, atual Praça Central. Como não havia asfalto, o chão era coberto com palha de arroz, para não levantar poeira. Os tempos mudaram com o progresso. A Vila Nova Olímpia cresceu, e se transformou no município de Gabriel Monteiro. A pequena Capela tornou-se a Paróquia de São Pedro, e a festa do Padroeiro foi se expandindo e se organizando para atender as necessidades da própria evolução. A partir de 1997, as doações que eram feitas em café em coco e novilhas, para serem leiloadas, depois foram substituídas pelo BINGO DO CARRO, e outros prêmios oferecendo assim oportunidade a todos de colaborar e concorrer aos prêmios. O sucesso da festa foi aumentando, agora são cinco dias de festejos, sempre na semana em que se comemora o dia de São Pedro “29 de Junho”. Esta festa atualmente é considerada uma das maiores de todo o Oeste Paulista. Em 1947, a renda da Festa de São Pedro, rendeu para a Igreja o valor de Cr$ 4.500,00 cruzeiros. O desenho da nova Torre da Matriz se deu conforme o da Igreja de Santo Antônio em Marília/SP. O município chamava-se Nova Olímpia, por que a família do fundador veio do município de Olímpia/SP, e quando fundou a Vila, fez uma homenagem a sua cidade de origem. Em 1947, a Vila de Nova Olímpia estava bem formada, mas não contava ainda, com um Posto Policial, nem Posto de Correio e nem Cartório. Tudo era feito na sede do município de Bilac. A estrada de terra, e a distância de 18 quilômetros faziam com que a obtenção de documentos e registros, tanto de nascimentos como de óbitos, escrituração, contratos e outros, no tempo das chuvas, significava enormes transtornos para a população. Fazia-se necessário a instalação desses órgãos públicos, mas para isso, a Vila deveria ser elevada à categoria de Distrito. Logo em seguida foi formada uma comitiva de pessoas com os senhores: Antônio Kassawara Katutok, fundador, Bartolomeu Laustenglager, José Antônio Martins Maldonado, António Canassa, Joaquim Manoel Pires e Ulisses Lolli que foram à Capital do Estado para, reivindicar a aprovação da Lei. No Palácio Nove de Julho, a Comitiva foi muito bem recebida pelo Presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, o Dr. Ulisses Guimarães, bem como pelo Deputado Estadual Dr. Antônio Sylvio da Cunha Bueno e pelo assessor Dr. Castro Carvalho. Nessa ocasião o Deputado Dr. Ulisses Guimarães, prontificou-se a visitar a Vila e então marcou a data. A população se organizou e preparou um banquete para recepcionar o Ilustre visitante. No dia marcado, a cidade recebeu o Presidente, que veio acompanhado do Deputado Cunha Bueno e outras Autoridades do Poder Legislativo do Estado. Durante a cerimônia o Dr. Ulisses prometeu colocar o Projeto de Lei em votação na Assembléia, e convencer os colegas Deputados a aprová-lo, ma, para isso, queria que o povo de Nova Olímpia concordasse em colocar o nome de Gabriel Monteiro da Silva, seu amigo e grande municipalista, na época, já falecido. Foi assim que, no ano de 1.948, a Vila de Nova Olímpia foi elevada à categoria de Distrito com o nome de Gabriel Monteiro. Até o ano de 1962, à cidade não contava com linha de transmissão e rede de distribuição de energia elétrica. A energia era produzida por uma Usina Termo Elétrica. Um possante motor GM-díesel acionava um gerador. A cobrança pelo consumo era feita através de verificação, pelo fiscal da Prefeitura, Sr. Luiz Elias Scola. De casa em casa, ele anotava as velas das lâmpadas de cada domicílio ou estabelecimento comercial. Por essa medição, é que eram emitidas as guias de recolhimento do consumo. O valor que se recebia era mínimo. A despesa de manutenção do conjunto gerador era muito alta. Chamamos o operador da Usina, Sr. José Gavino, para perguntar-lhe a razão de tantas despesas. Respondeu-nos que, sempre que ligava a chave de acionamento da corrente elétrica, sentia que o possante motor sofria o peso da enorme carga. Feita uma minuciosa investigação, descobriu-se que, antes que o fiscal fizesse a medição, os consumidores, principalmente os adversários políticos, trocavam todas as lâmpadas de 100 watts por outras de 20 watts. Depois que o fiscal passava, os moradores voltavam a recolocar as lâmpadas de 100 watts. Assim foi descoberto o grande consumo de energia. Mesmo com essa correção e, devido ao alto preço do petróleo, tornou-se inviável a manutenção da Usina. Nesse mesmo ano, conseguiu-se, através da Caixa Económica do Estado de São Paulo, um empréstimo de Cr$ 4.200.000.00 (quatro milhões e duzentos mil cruzeiros) e, com a ajuda do Departamento de Energia Elétrica do Estado, foi construída uma linha de transmissão e rede de distribuição, que passou a receber o fornecimento de energia elétrica da CPFL. Este trabalho contou com a colaboração do Deputado Dr. Leôncio Ferraz Júnior, para a obtenção do empréstimo. O Senhor Gabriel Monteiro da Silva, que empresta seu nome à cidade, nasceu em Alfenas, sul de Minas Gerais em 17/09/1900. O Senhor Gabriel Monteiro da Silva, era formado em Direito. Casado com a Senhora Olga Ferreira da Rosa Monteiro da Silva, e teve dois filhos: Alaor Augusto e Raquel. O Senhor Gabriel Monteiro da Silva, desempenhou no Governo do Sr. Fernando Costa, o cargo de Diretor Geral do Departamento das Municipalidades. Em 05/12/1946, o Sr. Gabriel Monteiro da Silva, veio a falecer, de acidente automobilístico, ocorrido na Rodovia Rio – Petrópolis. Durante o seu velório, esteve presente, entre outras Autoridades, o Presidente da República Dr. Getúlio Vargas. O seu corpo foi sepultado na cidade de São Paulo.
Influenciado pela carreira jurídica de seu avô e de seu bisavô, optou por estudar direito. Mudou-se, então, de Alfenas para São Paulo, para terminar os estudos secundários. Depois, em 1921, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde se formou em 1923.
Enquanto cursava a faculdade trabalhou como revisor no jornal O Estado de S. Paulo, forense do Diário Popular e, sendo o primeiro colocado num concurso público, foi admitido como escriturário da Secretaria da Fazenda. De espírito comunicativo e muito cortês, logo conquistou muitos amigos e se interessou pela política. No ano de sua formatura foi admitido como secretário do Instituto do Café de São Paulo, criado naquele ano. Posteriormente, tornou-se consultor jurídico do mesmo instituto.
Sendo a sua grande paixão a advocacia, montou uma banca em São Paulo, junto com seus irmãos. Criada a Ordem dos Advogados do Brasil, em 18 de novembro de 1930, Gabriel Monteiro da Silva logo se filiou, em 1933, e passou a trabalhar incansavelmente pela entidade, na qual fez parte da Comissão de Disciplina, por duas gestões, em 1939 e em 1943, tendo também sido tesoureiro da Ordem, em 1942 e 1943. Sua atuação, tanto na prática profissional como na Ordem, sempre foi muito admirada e elogiada, pela retidão de caráter e compostura de trato, mesmo quando da aplicação das penalidades.
Teve ativa e profícua participação no exercício da advocacia, na capital paulista, nas décadas de 1920, 1930 e 1940.
Também teve vida social intensa, sendo amante dos esportes, em especial o tênis, que praticava no Clube Harmonia, e o futebol, Club Athletico Paulistano.
Fernando Costa, interventor do Estado de São Paulo, em 1941, nomeou-o para diretor do Departamento das Municipalidades (Secretaria do Interior), o que lhe favoreceu aprimorar seus dotes políticos.
Foi ministro chefe do Gabinete Civil da Presidência da República no governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, de 31 de janeiro a 3 de dezembro de 1946. Gabriel Monteiro da Silva era considerado como o favorito sucessor de Gaspar Dutra nas eleições de 1950. Porém, ele não pode concorrer, por ter falecido vítima de um acidente automobilístico, em Duque de Caxias, na estrada Rio de Janeiro-Petrópolis, em 5 de dezembro de 1946.
Nesse mesmo acidente estava seu cunhado Armando Ferreira da Rosa, que sobreviveu com graves ferimentos e fraturas generalizadas. Político por excelência, no bom sentido da palavra, Armando Ferreira da Rosa assessorou Gabriel até os últimos dias.
Em sua homenagem o governo do Estado de São Paulo trabalhou para que, em 1948, seu nome fosse dado a um dos municípios paulistas, tendo sido então nomeado Gabriel Monteiro. Também a prefeitura da Paulicéia mudou o nome da "Rua Dona Hipólita", onde ele residia, para "Alameda Gabriel Monteiro da Silva", em justa homenagem a este seu ilustre filho adotivo. Aliás, a mudança de nomes da rua ficou em família, pois a rua chamava-se "Dona Hipólita" em homenagem a Dona Hipólita Carolina Dias de Gouvea, avó paterna de Olga Ferreira da Rosa, mulher de Gabriel.
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