domingo, 19 de janeiro de 2020

UMA CRÔNICA DE JAIRO PIRES DE CAMPOS

Resultado de imagem para botucatuCONHECENDO BOTUCATU
Jairo Pires de Campos 
TURISMO NA CHÁCARA NOVA GRANADA 

A chácara Nova Granada, à margem do Ribeirão Lavapés, antes de ser povoada como Vila Santa Catarina, pelas suas características ambientais aliadas ao conforto de sua proximidade ao centro da cidade, representou no passado para Botucatu, um modesto, porém ativo ponto turístico à disposição, e assim desfrutado por muita gente que aprecia essa espécie de distração saudável.
Com essa sua localização privilegiada, o fluxo de visitantes ao lugar, também era de bom tamanho e se manteve por muitos anos, visto como o mesmo oferecia atrativos interessantes que propiciavam um ambiente de agradável e favorável ao relaxamento físico mental e espiritual, que sem dúvida, refletia na restauração das energias necessárias à retomada das atividades rotineiras das pessoas. 
Fazia bem a saúde. 
Era antiga e vistosa, a única casa, com seu porte e estilo colonial assobradado; era o moinho de fubá à margem do ribeirão, com sua grande roda d’água girando e borrifando nuvens do líquido ao redor; era o pequeno e interessante lago formado pelo represamento do córrego; eram pequenos peixes – lambaris e bagres – que povoavam e podiam ser observados no seu inquieto vai-e-vem nas águas transparentes, à cata de migalhas atiradas pelos visitantes; eram adultos e crianças – principalmente estas – a brincar nas águas rasas e limpas do córrego; eram as árvores frutíferas a atrair e a alimentar os pássaros que em plena liberdade esvoaçavam de um lado para outro e colocavam no ar uma sonoridade harmônica e variada; eram as multe- coloridas borboletas voejando ao redor da flores do campo; eram muitas árvores, e frondosas paineiras floridas colorindo e adornando o ambiente, oferecendo naturalmente, aos visitantes, refrescantes e acolhedoras sombras; era a relva verde e viçosa, forrando como um macio tapete, a terra benfazeja, na qual sentava ou deitavam os visitantes, para descanso ou lanche; era um momento de lazer, prazer e relaxamento, que a todos deleitava, alegrava, divertia e encantava. 
Infelizmente tudo isso, toda essa beleza se findou. 
O cenário transformou-se com o decorrer do tempo, diante do povoamento progressivo da área da antiga Chácara Nova Granada, loteada. 
Os visitantes desapareceram.
A monotonia tomou o lugar de alegria. 
Não havia mais aquele atrativo, aquela motivação, aquele fascínio. A paisagem admirada findou-se. 
A antiga casa imponente e solitária – casona – foi demolida. 
O interessante moinho de fubá foi desativado e desmontado. As paineiras e outras árvores foram cortadas, abatidas. 
As águas do Ribeirão tornaram-se poluídas e os pequenos peixes sumiram. Nem as crianças brincaram mais nessas águas. Obra do desenvolvimento e do progresso. 
Uma pena! Uma lembrança. Uma saudade. 
Tudo isso sobrevive ainda, nos registros que tem o poder de parar o tempo: Nas fotos. Nos filmes. Nos desenhos. Nas pinturas. E na memória de quem viu. É um pequeno e disfarça consolo! 
Hoje é difícil, e até impossível, para quem não viu, não conheceu, imaginar com clareza o que foi e o que representou no passado para muita gente esse singelo lugar, nascido no subúrbio de Botucatu. 

NOTA – Crônica do autor para sua coluna “Conhecendo Botucatu” no jornal “Mais Botucatu” - Edição de 24 a 30 de outubro de 2009 

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