domingo, 16 de setembro de 2012

FAXINA: 1901

Esta cidade vai ser embelezada com um melhoramento importante que é a luz elétrica, estando já parte dos materiais em caminho.
A subscrição aberta para levarem avante tão importante empresa, já está quase coberta;

Até o dia 2 de agosto de 1.901, atingiu em 2 mil reis a subscrição aberta para a organização de mais uma banda de música. O diretor que virá de uma cidade vizinha é bastante hábil e dedicado;


O Major Eurico Monteiro, festejando no dia 01 do corrente seu aniversário natalício, ofereceu um baile aos seus amigos;



Foi sorteado o Coronel Augusto Piedade para, no próximo ano, fazer as festas do Divino Espírito Santo;

O periódico "Sul de São Paulo" passou a ser dirigido pelo distinto advogado A. de Castro e Juvenal Fiusa;

Foi nomeado Promotor Público interino desta cidade o Tenente Coronel Acácio Piedade.

- In "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, 11.08.1.901, de nosso arquivo. O município, hoje, chama-se Itapeva.

LICEU SOROCABANO

No dia 01 de julho de 1.901, será aberto na cidade de Sorocaba, às expensas da Loja Maçônica Perseverança III, um Liceu com a denominação de "Liceu Sorocabano".
As cadeiras deste importante estabelecimento serão regidas pelos hábeis cidadãos: professor Arthur Gomes, Antonio Felisberto de Oliveira, João Padilha, Amaro Egydio de Oliveira, J. Azevedo Antunes, J. C. Azevedo Sampaio, J. R. Carvalho Braga e professor Joaquim Silva.

In "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição 09.06.1.901.
As aulas do Liceu Sorocabano, sob o comando da Loja Maçônica Perseverança III foram iniciadas no dia 15 de julho de 1901. A administração do Liceu pela Loja Perseverança III permaneceu até 1904, quando foi fechado por falta de apoio oficial.

PUBLICIDADES - 1.901.


CAÇADORES DE PERDIZES.

Consta-nos que caçadores de perdizes pouco escrupulosos mataram um cavalo nos subúrbios desta cidade.
É muito justo que se procure meios de distração, porém de modo que não prejudiquem a outrem.
Sirva esta de escarmento.

- In "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, 12.05.1.901.

ANTONIO MESSIAS DOS SANTOS.

Apresentou-se ao Delegado de polícia de Capão Bonito do Paranapanema, para o fim de proceder-se ao respectivo auto de corpo de delito, Antonio Messias dos Santos, apresentando três ferimentos leves que recebeu num conflito que teve com Francisco de Tal, camarada de Faustino Barreto, Cândido Machado e outros.
Pelas declarações do ofendido no auto de perguntas que lhe foram feitas na Delegacia, quase nada se pode inferir sobre o motivo dessa luta.
O conflito deu-se no caminho que desta cidade vai ao Bairro do Fundão. 

In "O Democrata", de 05.05.1.901, de nosso acervo.

O COMETA.

No primeiro número do jornal "O Democrata", de Capão Bonito de Paranapanema, 05.05.1.901, há uma notícia bem curiosa:

"Ao ocidente desta cidade tem aparecido das 7 às 9 horas da noite um cometa com uma cauda do comprimento de um metro proximamente".

CASAMENTO DE FRANCISCO LYRIO DE ALMEIDA COM SARA BADDINI.

Realizou-se no dia 27 de abril de 1.901, na cidade de Capão Bonito do Paranapanema, o consórcio de Francisco Lyrio de Almeida com a senhorita Sara Baddini, sendo ela distinta filha do cidadão Mathias Baddini.
Paraninfaram o ato, por parte do noivo, o Tenente João Laurindo de Almeida e, por parte da noiva, o cidadão Amantino Joaquim de Almeida.
Após a celebração dos atos civil e religioso, foi servido aos convidados profuso copo de água, usando da palavra os capitães Francisco Antonio Pucci e Alfredo Freitas.
À noite, houve animadíssimo soirée, que prolongou-se até à madrugada, retirando-se os convivas completamente satisfeitos com o delicado tratamento que receberam.

In "O Democrata", de Capão Bonito de Paranapanema, edição 05/05/1.901, de nosso acervo. 
Esse Mathias Baddini comercializava café em pó na região de Sorocaba.

UM EDITAL

O Capitão Heduviges Lucas de Lima Barbosa, Intendente Municipal desta Cidade, etc.,
Faz público aos marchantes que de hoje em diante não será abatida rês alguma para o consumo, sem prévia inspeção desta Intendência ou de pessoas de sua confiança.
E se a rês estiver afetada de qualquer peste, cujos indícios só depois de morta puderem ser verificados, proceder-se-á de acordo com o artigo 138, parágrafo segundo do Código de Posturas em vigor.
E para que chegue ao conhecimento de todos, vai este publicado pela imprensa local.

Capão Bonito do Paranapanema, 13 de Setembro de 1.901.
Heduviges L. L. Barbosa.

- De "O Democrata", de 15.09.1.901, de nosso acervo. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

NOTAS DE RIBEIRÃO BRANCO:

Após um longo sofrimento, entregou a alma a Deus o Tenente Honório de Lima, tendo sido sepultado no dia 27 de novembro de 1.901. Era homem cheio de virtudes e de sentimentos nobres e deixou no seio desta sociedade uma grande lacuna. Sua morte foi geralmente sentida;

# Ficou marcado para o dia 18 de dezembro de 1.901 os festejos de Nossa Senhora da Conceição. Para esse fim, foi convidado o reverendíssimo Vigário de Faxina;

Guarda o leito, bastante enferma, a respeitável senhora Josepha dos Santos. Seu estado inspira cuidados;

# Depois de muito sol, que deu bastante prejuízos aos lavradores, tem caído algum pouco de chuva;

# Esteve entre nós o Jocozo Pina da Casa Poyares e Companhia,  de São Paulo. Também o Tenente Philadelpho de Moraes, abastado negociante em Itararé;

# O Partido dissidente deste município aderiu ao Governista, terminando-se por isso as intrigas partidárias;

Tem aparecido algumas cédulas falsas, ignorando-se a procedência;

# O comércio continua em um estado deplorável devido à falta de dinheiro;

# As cadeiras de 1as. Letras conservam-se em abandono; grande número de crianças estão crescendo sem instrução. É, pois, provável que, destes que vão ser diplomados em Itapetininga, resolvam virem para esta Vila.

Transcritos do jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição de 12.12.1.901, de nosso acervo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

"INDEPENDÊNCIA DO BRASIL"


"O dia 7 de setembro jamais poderá ser esquecido pelos filhos desta gloriosa terra de Santa Cruz, porque trará a recordação de uma época feliz, em que levantou-se o brado da independência brasileira.
Época feliz sim, porque foi aquela em que plantou-se o germe da liberdade, em que decretou-se a emancipação de um povo.
No dia 7 de setembro de 1.822, entrou o Brasil no gozo dos seus direitos de nação independente, iniciando a sua vida próspera, liberta de qualquer jugo que lhe pudesse obstar os cometimentos progressistas.
Essa data inolvidável, que estabeleceu um padrão de glórias ao povo brasileiro, não podia deixar de exprimir um ato de patriotismo procedente de espíritos nobres e elevados.
O sublime ideal que tão dignamente preocupava o espírito desses grandes homens, o desejo de independência, era uma causa nobre, porquanto, tratava-se da liberdade de um povo.
A tarefa era grandiosa e de difícil desempenho, mas o patriotismo e afinco com que propugnaram os encarregados, subsidiados pelo povo em geral, sobrepujavam aos obstáculos que se apresentavam.
O ideal realizado em 7 de setembro de 1.822 não foi nada menos do que um princípio de ação, na perspectiva de conseguirmos um regime democrático, um governo do povo pelo povo.
No patriótico intuito de libertar a pátria brasileira do jugo português, já em 1.789, cogitou-se de uma conspiração que, já estando adiantada pelo entusiasmo de seus promotores, à cuja frente se achava o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o imortal Tiradentes, por denúncia de um traidor, foi ela abafada, sendo que os seus membros presos por ordem de Maria I, a Louca, sendo então a 21 de abril de 1.792, enforcado no Rio de Janeiro, o cabeça da conspiração.
Ainda assim, continuou a mesma ideia de independência, abraçada com todo devotamento pelos seus filhos que melhor sabiam compreender a sua importância.
Não era para menos e assim deviam proceder os diletos filhos que dedicaram o seu talento e heroísmo em favor da emancipação de sua querida mãe, porque, realmente, esse vasto e riquíssimo território, que ocupa um lugar saliente na América Meridional, não podia nem devia ser considerado como uma colônia, mas sim, como uma nação independente, que dispõe de elementos próprios para progredir.
A 7 de setembro de 1.822, portanto, hasteou-se pela primeira vez o pavilhão triunfante que guiava essa falange distinta que batalhava com denodo e dedicação pela causa santa da liberdade.
Assim, pois, constituiu-se um governo independente, que encarregou-se da administração do país, por um longo período de 67 anos, até que em 1.889 foi proclamada a República Brasileira, adotando-se o regime democrático federativo.
Com esse acontecimento, foi realizada a sublime ideia de liberdade, ordem e progresso, restando-nos apenas continuarmos a cumprir os nossos sagrados deveres para com a pátria, para assim podermos brindar à República e aos chefes que, com perícia e patriotismo, da suprema administração, souberem encaminhá-la na senda do progresso". 


 O texto acima é de autoria de Camillo Lelis ( foto acima) e Calixto G. de Almeida, ambos redatores do extinto jornal "O Democrata" de Capão Bonito do Paranapanema, em data de 8 de setembro de 1.901, de nosso acervo
Abaixo, fotografia do prédio onde estava instalada a Tipografia de Camillo Lelis, à Rua Campos Salles, em Itapetininga. 
Nesse local funcionou por muito tempo o "Hotel Central", da dona Zola, conforme foto de 1914, acervo de Osvaldo de Souza Filho.

domingo, 9 de setembro de 2012

COBRANÇA DE DÍVIDAS.

Aviso a minha numerosa freguesia e amigos que me são devedores de contas contraídas em minha antiga casa comercial que, tendo há meses vendido o sortimento que tinha, estou tratando da liquidação geral de todas as dívidas ativas, visto pretender retira-me de mudança para outro município, por isso convido a todas essas pessoas a virem, o quanto antes, liquidar essas contas.

Capão Bonito do Paranapanema, 07/09/1.901.

a). Pedro Augusto Vieira.

P. R. P. DE FAXINA.


A Comissão Central do Partido Republicano reconheceu em 10 de setembro de 1.901 o diretório político de Faxina, composto dos cidadãos Capitão Manoel Cassiano Pimentel, Major Rodolpho Casimiro da Rocha, Capitães José Rodrigues de Carvalho, João Carlos de Toledo Ribas, José Antunes de Moura, Mathias Walter Schmidt, Hygino Marques de Oliveira Primo e Tenente Levino Fernandes Ribeiro.


( Conforme publicado pelo jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, de 15.09.1.901).


OBS: Alteração toponímica desse município: 
Itapeva do Faxina para Faxina, alterado pela lei provincial nº 13, de 20-07-1861. 

Faxina para Itapeva, alterado pelo decreto-lei estadual nº 9775, de 30-11-1938.  


ITAPORANGA


DESPEDIDA

Retirando-me de mudança desta cidade e não tendo tempo de despedir-me pessoalmente de todas as pessoas de minha amizade, o faço por este meio, agradecendo as inequívocas provas de simpatia que se dignaram dispensar-me e ponho à disposição de todos, na Fazenda de Barra Grande, município de Itaporanga, os meus limitados préstimos.

Capão Bonito do Paranapanema, 01.08.1.901.

Henrique Nunes de Oliveira Queiroz.

VILA DO PILAR

- do correspondente - 

- Em dias da semana passada, aqui esteve o senhor Dr. Novaes, engenheiro da Superintendência de Obras Públicas, que veio inspecionar as estradas do município.

- A 6 do corrente, celebrou-se nesta Vila uma missa conventual em louvor ao Bom Jesus, sendo bastante concorrida.

- O diretório do Pilar indicou os nomes dos Drs. Abranches, Lacerda e os mais apresentados para a Comissão Central.

- O leilão de prendas em honra ao Bom Jesus, deu um bom resultado.

- Tem sido ótimas as curas feitas pelo Dr. Ignacio Guasque. S. S. realmente tem revelado alta proficiência, a qual é reunida a um civismo esmerado que cada vez mais se faz credor da estima popular.

- Para o Jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, de 18.09.1.901, de nosso acervo.

sábado, 8 de setembro de 2012

IMPRESSÕES SOBRE OS TROPEIROS











Apreciai, leitor amigo, a vida descuidosa do obscuro tropeiro.

Ei-lo em meio à estrada, conduzindo aquela disciplinada manada de bestas, como que dando uma passageira ideia das históricas caravanas dos desertos.
Cantarolando alegremente umas velhas trovas populares ou assobiando qualquer trecho de música que não prima beleza na execução,  lá vai o indefeso viajante levantando a poeira dos caminhos, ouvindo o som constante e monótono da chocalheira, contemplando o infinito, embalado unicamente em seus despretensiosos pensares.
Quando se avizinha a misteriosa e obumbrada noite, antes que a melancólica lua paloreje a ensombrada terra, ele procura um lugar seguro onde repouse resguardado do frio, da chuva e do vento.
E enquanto a sua tropa se nutre sossegadamente, prepara a modesta refeição que, apesar da frugalidade que encerra, tem um sabor especial a que só ele sabe dar valor.
Se a fadiga da jornada ainda não apoderou-se de seu corpo, e se uma amistosa companhia lhe aparece, emprega-se logo em, um passatempo agradável, que quase sempre tem por agente um predileto baralho.
Ou então, à falta deste entretenimento, recorda em sua narrativa singela na exposição, mas prenhe de naturalidade, as antigas lendas de sua terra, aceitando-as sinceramente como possuidoras do cunho da veracidade.
Terminada a diversão escolhida, entrega-se a um sono que o hábito tornou ligeiro, e, de manhã, quando o sol irradia-se na longa faixa do nascente, enceta o seu costumado trabalhar, em que as cenas do dia antecedente repetem-se invariavelmente.
Mesmo esquecido do mundo, pertencendo a uma classe ludibriada por muitos, ele é uma fonte legítima de proveitos para agricultores e comerciantes, dando a sua partilha para a propagação de mercadorias, dando a sua partilha para o desenvolvimento do progresso.

Ernesto Sampaio - 21.7.1.901 - para o jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"PELO MUNICÍPIO"


"Já tivemos ocasião de dizer, quando nos referimos à lavoura municipal, que este município era constituído de 140 léguas quadradas mais ou menos de superfície.
Essa superfície toda é ocupada por matas virgens, capoeiras e campos.
Terrenos de primeira ordem para cultura.
A produção é superabundante.
Nas extensas matas virgens, que ocupam parte do solo, concentram-se, com a maior facilidade, grande variedade de madeiras de lei, apropriadas para marcenaria e construção.
Estes elementos próprios serão suficientes para o engrandecimento deste município.
Falta-nos, porém, a facilidade de locomoção.
Seria admirável o passo gigantesco do progresso municipal, se contássemos com um ramal férreo que facilitasse a exportação dos produtos de nossa lavoura.
Quanto elemento para a indústria não se perde?
E por que motivo? 
Simplesmente por faltar-nos o meio fácil de comunicação, que traria, infalivelmente, grandes vantagens, não só a este, como a outros municípios vizinhos.
A lavoura tomaria grande impulso, porque poderiam ser diversificados os seus produtos.
A Companhia também teria incalculável vantagem com o prolongamento da estrada até esta cidade, e sem sacrifício nenhum, atendendo-se o plano de dirigir-se ao Itararé.
O terreno para o prolongamento não oferece dificuldade, pois que, além de ser completamente sólido, é quase inteiramente plano. 
Não se encontram essas grandes elevações, que obstarão a passagem fácil ou imporão grandes voltas, para evitar escavações.
Capão Bonito, apesar de achar-se situado num recanto do Estado, está na altura de merecer o apoio dos poderes competentes, e oferecer um futuro risonho.
Se não fora os elementos próprios de que dispõe, não poderia representar o papel saliente que representa perante os grandes mercados, onde mantém as suas relações comerciais.
Para inferirmos o quanto é possante este município, é bastante prestarmos atenção na importação anual, apesar da dificuldade de comunicação.
Essa atividade comercial não é procedente senão do grande consumo municipal, visto que este município não tem dependência de nenhum dos circunvizinhos.
Tem ele vida própria e sustenta em muito boas condições as suas relações e o seu crédito.
Portanto, à vista do que acabamos de expor, não vemos um motivo plausível pelo qual a Companhia União Sorocabana e Ituana resolvesse, no seu prolongamento, com destino a Itararé, deixar de passar por esta cidade que tão grandes vantagens oferece, para preferir uma Fazenda de um particular, a não ser em obediência à politicagem, em tantos casos prejudiciais".

Editorial assinado por Camillo J. A. Lelis e Calixto G. de Almeida, redatores do "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição 21 de julho de 1.901, de nosso acervo.

UMA VINGANÇA IGNÓBIL

"Obedecendo o programa apresentado no nosso primeiro número e, à vista do estado calamitoso em que se achavam as prisões da cadeia desta cidade, entendemos que devíamos pedir providências, o que fizemos no nosso número de 23 de junho, p. passado.
Por esse motivo, o Carcereiro, que figurava no número dos nossos assinantes, devolveu-nos o jornal, com o fim de vingar-se de nós.
Que parvoice!
Entenderá ele que o nosso intuito, publicando este jornal, é de fazermos fortuna?
Se assim pensa, está completamente enganado.
O nosso propósito é muito diverso; queremos apenas, se bem que nos falte capacidade, prestar algum serviço a este município.
Assim sendo, havemos sempre de censurar as injustiças e profligar desassombradamente contra arbitrariedades.
Não nos importamos com devolução, e continuaremos impávidos observando fielmente o nosso programa.
De nossas censuras parece-nos que não haverá motivo para indignação, atendendo-se o antigo rifão: quem não quiser ser lobo, não deve vestir a pele.
Em conclusão, temos a dizer que pouca importância damos à devolução; o que é certo é que estamos satisfeitos porque, com a nossa reclamação, foi feita a necessária limpeza nas prisões".

a) Camillo J. A. Lelis e Calixto G. de Almeida, redatores do "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição de 7 de julho de 1.901, de nosso acervo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

UM POEMA DO MAJOR DR. CARLOS AUGUSTO CARDOSO DE MENEZES

"À minha sobrinha Rosa, filha do cidadão Gabriel dos Reis Caminha":

- Mote-
Da rosa lhe veio o nome,
Em setembro, quatro, nascida.
Viterbo por sobrenome
Foi da santa merecida.

- Glosa -
Do grande cometimento
O berço da santa nação
Dela veio o nascimento
Dela é meu coração!

Oh, luz de sublime encanto
Chez y tout les homme!
Padre, Filho, Espírito Santo,
Da rosa lhe veio o nome.

Destinou-a o céu este mês
Tendo por signo a balança
E pura e santa a fez!
Assim eu nutro a esperança
De viva fé exaltada
E amo-a estremecida
De fogo cheia animada
Em setembro, quatro, nascida.

Tenho nela a Intercessora
A santa mãe, a perfeição
Tendo nela a Protetora
Tudo ponho em vossa mão.
São de glórias marciais
Que a terra jamais consome
E dela nasceu meus ais
Viterbo por sobrenome.

Dos sábios povos romanos
Viterbo antiga, a católica:
Pedestal e luz dos humanos
Foi de glória ufana e rica
E desse rasgo da história
Excelsa e austera erguida
Deus fadou-a por memória
Foi da santa merecida.

Capão Bonito do Paranapanema, 5 de julho de 1.901.

"COLONIZAÇÃO"




Os Capitães Calixto Gonçalves de Almeida (foto) e Camillo José de Araujo Lelis, redatores do jornal "O Democrata" de Capão Bonito do Paranapanema, eram lá eleitores do 4o. Quarteirão.
Na edição do dia 11 de agosto de 1.901, de nosso acervo, escreveram um editorial para o seu jornal muito importante intitulado COLONIZAÇÃO.

"Pelo que temos lido nas principais folhas de São Paulo, o Governo trata da introdução de elevado número de imigrantes, no intuito de povoar o sul do Estado, onde há grande extensão de terreno devoluto.
Sabemos que todas as autoridades desta receberam do doutor Secretário da Agricultura um pedido de informações sobre a existência dessas terras nesta comarca, inquirindo sobre a sua extensão e importância, não só referente à cultura, mas também sobre a sua riqueza mineral.
Neste município, o terreno devoluto é muito vasto; acompanha os pontos limítrofes desde a divisa de Ribeirão Branco e Iporanga, até às divisas das Sete Barras, sendo, portanto, este município ocupado por terreno devoluto de sudoeste a leste, podendo-se calcular uma área de trinta léguas quadradas, mais ou menos.
Esse terreno, quase em sua totalidade, é ocupado por matas virgens; nele, encontra-se, bem como nas margens dos rios que o banham, muita terra de primeira qualidade, para o plantio de cereais.
Somos informados por pessoas fidedignas e despretensiosas que tem tido ocasião de embrenhar-se por essas matas com o fim de divertirem-se em caçadas, de terem encontrado vestígios certos que demonstram a existência de importantes jazidas de ouro.
Não podemos deixar de dar crédito a essas informações que temos, por terem sido elas de pessoas que, já em outros tempos, ocuparam-se na mineração e, por isso, se não tem conhecimento próprio ou científico, pelo menos, praticamente devem conhecer esses sinais certos.
Seria portanto de grande vantagem que o Governo do Estado mandasse uma comissão de engenheiros que, guiados por esses homens práticos daqui, se dirigissem a esse sertão e fizessem uma exploração interessada dessas ricas jazidas.
Sentimos imensa falta de ouro e possuindo o nosso solo tanta abundância!
Essa exploração de nenhuma forma poderá prejudicar, visto que, ainda mesmo admitindo-se que não houvesse possibilidade de encontrar essas jazidas, seria ela aproveitável para uma informação autorizada sobre o terreno devoluto deste município".   

ELEITORES DE CAPÃO BONITO DO PARANAPANEMA:

Eleitores do 2o. Quarteirão da cidade de Capão Bonito do Paranapanema, revisão feita em 1.901:

Antonio Mathias Alves
Alfredo de Oliveira Preto
Augusto Frederico Pereira
Antonio Cleys de Oliveira
Avelino de Souza Leite
Tenente Casimiro de Almeida Rosa
Domingos José Dias
Capitão Eugênio Castanho de Almeida
Francisco Oliva
Capitão Francisco Antonio Pucci
Felix Dias Prestes
Gregório Cordeiro de Miranda
Gabriel Manoel Ribeiro da Silva
Izidoro Canuto do Nascimento
José Galvão dos Santos
João Arcanjo de Oliva
João Castanho de Almeida Lara
José Monticelli
José Maria Galvão Júnior
José Gonçalves de Andrade
Joaquim Pucci
José Aniceto Ferreira
Joaquim Luiz de Oliveira Ramos
Joaquim Barbosa de Oliveira
Lúcio Ribeiro Martins
Licínio Caetano dos Santos
Manoel Pedroso de Araujo
Olímpio José da Rosa
Salvador Gomes de Proença.

ELEITORES DE CAPÃO BONITO DO PARANAPANEMA.

Conforme lista publicada a partir da edição do dia 28 de julho de 1.901, do jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, de nosso acervo.
Com a revisão federal do alistamento eleitoral, estes eram os eleitores do 1o. QUARTEIRÃO - CIDADE:

Tenente Coronel Afonso Rodrigues de Camargo
Aristides Cezarino Ferreira
Capitão Alfredo de Freitas
Afonso Roiz. de Camargo Júnior
Alfredo Raymundo da Cruz
Tenente Antonio Bernardo dos Santos
Antonio Azevedo Amaral
Antonio Oliva
Bento Roiz. dos Santos
Padre Caetano Tedeschi
Domingos Mattarazzo
Elias Raphael da Costa
Eugênio Augusto de Medeiros
Capitão Fidêncio Rodrigues de Carvalho
Francisco Moreira de Medeiros
Francisco do Amaral Camargo
Francisco Miguel de Moraes
Francisco Roiz. da Silva
Francisco Roberto da Paixão Júnior
Henrique Jorge Stuart
Heduviges Mendes da Costa
José Brasílio Mendes
José Venâncio de Oliveira
Joaquim José de Lima
Joaquim Correa da Rosa
João Antonio Oliva
Januário Oliva
José Pinto de Oliveira
Joaquim Batista Velloso
Capitão Joaquim Anastácio da Silva Mendes
Capitão Jordão Antonio de Freitas
Joaquim Mendes da Silva
José Ribeiro da Trindade
José Raymundo de Azevedo Cruz
Joaquim Manoel Sylvestre
João Dias Prestes
João Roiz. dos Santos
Manoel José de Lima
Manoel Leandro de Freitas
Maximiano José da Silva
Manoel Galvão dos Santos
Manoel Rufino de Medeiros
Pedro Theodoro Braga
Prudente de Moraes e Silva
Pacífico Nemes Ferreira
Raphael Thobias de Oliveira Ramos
Salvador Gregório Thaumaturgo
Salvador Pereira de Almeida
Sebastião Egas Muniz
Tobias José de Lima
Vicente Antonio Vieira
Virgílio Oliva

PEDRO LEME BRISOLLA.


Deu no jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, que, no mês de julho de 1.901, deixou a direção do jornal "Tribuna Popular", o Dr. Cláudio de Sousa, passando a propriedade do mesmo ao senhor Pedro Leme Brisolla.

DEU NO "ESTADÃO":

             DUAS CRIMINOSAS

"Há dias, foram presas em Xiririca, as irmãs Clara e Geraldina Marinho, pronunciadas na Comarca de Capão Bonito do Paranapanema, por crime de tentativa de morte.
As acusadas foram embarcadas em Iguape, com destino a Santos, onde chegaram, e remetidas logo para esta Capital, de onde partirão, hoje, escoltadas para Capão Bonito".

A data: 02 de julho de 1.915.

A PRISÃO DE UM JORNALISTA EM SOROCABA.


Sob o título Violência, estampou-se a notícia no jornal "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição de 21 de julho de 1.901, e as considerações de Camillo Lelis:


É bem difícil o desempenho da missão do jornalista que deseja proceder com imparcialidade e justiça, nestes tempos em que a liberdade de manifestação de pensamento é apenas recomendada.
Acaba de ser vítima de horrorosa perseguição cometida no exercício de grande arbitrariedade, o ilustre jornalista Henrique Lopes, redator-chefe do "O Comércio de Sorocaba".
Pelo simples fato de ter este emérito cidadão manifestado o seu pensamento, pela imprensa, com referência ao procedimento da Diretoria da Companhia Sorocabana, sobre a mudança do escritório e oficinas para São Paulo, foi ele preso e remetido escoltado para a Capital, onde esteve encarcerado e conservado incomunicável.
Não podemos deixar de nos manifestarmos em desacordo com um ato deste, que só exprime injustiça e falta de garantias.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

ADVOGADO LUIZ GONZAGA, DE FAXINA:

Ao Democrata:


"É possuído do mais ardente sentimento de satisfação que venho por meio destas linhas apresentar ao heroico povo do Capão Bonito Do Paranapanema meus efusivos parabéns pelo gigantesco passo dado na vereda do progresso, com a aquisição de um órgão de publicidade, o maior e o mais poderoso elemento para o desenvolvimento de uma localidade, que devemos ao imortal Guttenberg.
Ao Capão Bonito, localidade já dotada de outros melhoramentos, só faltava a imprensa para romper o véu que obscurecia-lhe a senda do progresso, espalhando aos quatro ventos os vastos recursos de que dispõe e atraindo sobre si as vistas dos poderes constituídos, para arrimarem-na na vertiginosa carreira do progredimento em que hoje se percorre; só lhe faltava a imprensa, essa poderosa precursora das altas ideias, que transmite aos povos importantes conhecimentos, que nos anima na carreira da vida, que nos põe de atalaia contra o inimigo, que nos ministra coragem em ocasião de guerra, lembrando-nos que a pátria é nossa segunda mãe, e que a ela devemos prestar o nosso apoio, muito embora percamos o nosso sangue. 
Esse poderoso melhoramento acaba de surgir na bela localidade de Capão Bonito, graças aos esforços do patriótico cidadão Capitão Camillo J. A. Lelis, semeando desde seu início, belos ensinamentos, espargindo, desde seu princípio, a preciosa luz da inteligência humana.
Eu, pois, que compreendo os possíveis melhoramentos que advirão à zona sul paulista com a publicação de mais um órgão imparcial e criterioso como o é "O Democrata", aqui deixo atestado as minhas congratulações com seu fundador e com os briosos filhos do Capão Bonito do Paranapanema.
Faxina, 24 de maio de 1.901.
Advogado Luiz Gonzaga." 

OBS: O advogado Luiz Gonzaga patrocinava causas cíveis, comerciais, orfanológicas e criminais em qualquer parte do Estado de São Paulo.
O escritório dele localizava-se à Rua Visconde do Rio Branco, em Faxina, que depois denominou-se Itapeva.

A FINADA MARIA ANGÉLICA.












EDITAL
O doutor Luiz Antonio de Aguiar e Souza, Juiz de órfãos e ausentes desta cidade de Capão Bonito do Paranapanema -  Faço saber aos que o presente edital virem que, no dia 7 do mês de junho próximo futuro, ao meio dia, na porta da casa das audiências deste Juízo, será arrematado por quem mais der e maior lance oferecer, os bens abaixo, pertencentes à herança da finada dona Maria Angélica = uma casa e quintal nesta cidade, à Rua Silva Jardim, no. 3, com uma porta na frente e outra no quintal, dividindo-se por um lado com Manoel Domingues, por outro lado com a Rua Sete de Abril e pelos fundos com Francisco Motta, avaliada por 200 mil reis (200$000). O que se faz público para conhecimento de todos. Capão Bonito do Paranapanema, 18 de maio de 1.901 - Eu, Antonio Joaquim de Azevedo Amaral, escrivão, o escrevi.
a) Aguiar Souza
Está conforme.
O Escrivão Amaral.

OBS: A foto foi transferida do blog da professora Sandra Ferraz.

SANTA CRUZ DO RIO PARDO.



Nessa cidade, havia um jornal intitulado "Correio do Sertão", que não existe mais.
Fundado em 12 de março de 1.902, contava com a direção de Antonio Galvão.
O mesmo Antonio Galvão que durante 13 anos fora proprietário e diretor da "Tribuna Popular", de Itapetininga.