quinta-feira, 26 de setembro de 2013

QUEM FOI O BARÃO DA BOCAINA?


Chamava-se Francisco de Paula Vicente de Azevedo e nasceu no município de Lorena, estado de São Paulo, no dia 8 de outubro de 1.856. 
No mês de outubro estaremos comemorando os 157 anos do seu nascimento.
Era o filho mais velho  do Coronel José Vicente de Azevedo, que foi assassinado numa emboscada em 1.869, e de dona Angelina Moreira Vicente de Azevedo, então, viúva com apenas 33 anos de idade e com o encargo de cuidar de quatro filhos, todos menores.
Francisco de Paula começou a trabalhar. 
Casou-se aos vinte anos, mas enviuvou dois anos depois. Nessa época, já exercia o cargo de Coletor 
das Rendas Gerais, em Lorena.
Em 1.880, foi promovido para exercer a mesma função na capital da Província, mas optou por deixar a carreira e ingressar na política na cidade natal, assumindo 
a chefia do Partido Conservador.
Eleito vereador, a
ssumindo a Presidência, permanecendo nesse cargo até à proclamação da República. 
Dedicou-se ao comércio, à indústria e à lavoura. 
Foi fundador do Engenho Central de Lorena, o primeiro empreendimento do gênero no Vale do Paraíba paulista, tendo sido, "por serviços prestados à indústria", agraciado, em 27 de maio de 1.884, com a Comenda da Imperial Ordem da Rosa. Possuidor de grandes extensões de terra em Lorena, Piquete, Guaratinguetá, Cunha, Pindamonhangaba e Itajubá, foi um dos precursores da substituição da mão-de-obra escrava. 
Promoveu o estabelecimento de várias colônias para a colocação de imigrantes, entre as quais Canas (em Lorena), Quiririm (em Taubaté) e Sabaúna (em Mogi das Cruzes). 
Em 7 de maio de 1.887, por decreto do Imperador D. Pedro II, foi agraciado com o título de "Barão da Bocaina". 
Em 1.891 casou-se, pela segunda vez, com Rosa Lopes de Oliveira e nessa época fez longa viagem à Europa. 
Ao retornar, introduziu a correspondência expressa, até então desconhecida no país. 
Tendo observado a semelhança de clima e condições da Suíça com os Campos do Jordão, no alto da Mantiqueira, onde era proprietário, fundou ali a primeira estação climática da região: São Francisco dos Campos. 
Nesse local construiu igreja, escola, hotel, grandes parques ajardinados e mais de cinquenta casas. 
Iniciou nessa região o cultivo de frutas europeias; numa de suas fazendas plantou, por exemplo, 35 mil pés de marmelo. Mudando-se para São Paulo, foi um dos diretores da Estrada de Ferro Central do Brasil e do Banco Comercial de São Paulo. 
O chamado "Encilhamento", crise econômica de 1.892, trouxe-lhe enormes prejuízos financeiros, obrigando-o a retornar para o Vale do Paraíba.
Morou em São Francisco dos Campos até o fim de 1.904. 
O maior empreendimento do Barão da Bocaina, no entanto, foi promover a vinda do Ministro da Guerra do governo Campos Salles, Marechal Mallet, a Piquete e região, em janeiro de 1.902, para escolher os terrenos que seriam por ele doados para a construção de um sanatório militar e de uma fábrica de pólvora sem fumaça. 
Dessa viagem resultou, de imediato, a construção do ramal férreo Lorena-Benfica, alterando, a partir de então, o rumo da história de Piquete. 
Em função dessas obras militares na região e do desenvolvimento e progresso delas advindas, as câmaras municipais de Lorena e Piquete deram seu nome a duas importantes ruas desses municípios, em novembro de 1.902, por ocasião da inauguração do primeiro trecho do ramal Lorena-Benfica. 
Em 1.905, a convite do Conselheiro Rodrigues Alves incumbiu-se de reorganizar os serviços de arrecadação de rendas federais. Em 1.921, no governo Epitácio Pessoa, muito trabalhou pela eletrificação da Central do Brasil e pelo estabelecimento de uma grande siderúrgica à margem dessa estrada. 
Anos mais tarde, a partir das idéias do Barão de Bocaina, foi construída, em Volta Redonda, uma das maiores empresas desse ramo no mundo. 
Homem visionário e de ação, inúmeros outros assuntos atraíram sua multiforme atividade. 
O Barão da Bocaina faleceu em São Paulo, aos 82 anos de idade, em 17 de outubro de 1.932. 
Deixou um legado de exemplo de homem público e empreendedor que, pelos grandes serviços prestados ao país e pelo espírito progressista, foi proclamado o "Mauá Paulista".

Fonte: "Gente da Cidade" - Jornal "O Estafeta"
Piquete, SP - Setembro de 2.006.

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