segunda-feira, 11 de março de 2019

QUEM FAZ A FESTA HOJE É ANGATUBA: 147 ANOS!

Angatuba e a preservação do seu patrimônio histórico
jan 30, 2019 Air Antunes


Casa restaurada na rua Irmãos Basile


Casa da Cultura: prédio tombado pela Lei 027/2005.

Muito antes de se chamar Angatuba, e mesmo antes de sua condição de município, teve início a aglomeração e organização de pessoas que por aqui chegaram e se dispuseram a formar uma comunidade. Naquela metade do século 19, a freguesia, ou vila do Espírito Santo da Boa Vista, talvez não tivesse um formato arquitetônico definido que viesse a prevalecer até os dias de hoje e isso provavelmente por uma incerteza de parte de seus primeiros moradores quanto ao futuro econômico, do progresso, pela improbabilidade de um desenvolvimento. 
Os pioneiros sempre carregam um pouco da marca da hesitação quanto ao futuro mas talvez suas principais qualidades estejam na obstinação e na luta para que tal marca não prevaleça. Quanto a característica urbanística, o local começa a ter um aspecto definido quando se tem a certeza de que ali há condição de prosperidade e é a partir daí que a população vai erigindo suas casas, seus estabelecimentos comerciais, tudo dentro de um padrão que acaba sendo uma extensão do atributo cultural de cada morador, de cada família, logicamente estampando em cada construção o poder aquisitivo deste ou daquele cidadão. Estabelecido este vínculo entre o desafio do pioneirismo com a certeza de que ”é aqui que vou ficar”, é que a cidade destaca a cultura que tem a partir do aspecto urbanístico que define para sua comunidade, e é esta definição que justifica o patrimônio histórico e cultural ao longo dos tempos.



Prédio da Delegacia de Polícia, de âmbito estadual, atualmente sede da Guarda Municipal, também tombado pela Lei 027/2005.

Angatuba passou a ter este nome já em 1908 e, com certeza, pelo que observamos em especial no seu centro, a cidade naquela época já tinha, podemos dizer assim, sua personalidade definida. Algumas construções daquela época ainda existentes atualmente nos dão conta disso, são o museu a céu aberto do município que, por sinal, já foi muito subtraído de peças. É por isso que é importante manter e conservar o que consideramos parte de um patrimônio. Esta importância está no fato desta ou daquela casa constituir registro material da cultura, da expressão artística, da forma de pensar e sentir de uma comunidade em determinada época e lugar, um registro de sua história. Há de se valorizar o trabalho, ou a disposição, de quem ainda opta por preservar, seja o profissional conservador que atua em três níveis: o da preservação, o da conservação e o da restauração, ou o do mecenas, aquele que contribui para que o especialista tenha todas as garantias da conclusão do que podemos chamar “sua obra”.


Escola Estadual Dr. Fortunato de Camargo, construção concluída em 2011.

E o que já se fez e o que se faz atualmente para que Angatuba preserve ainda algum traço de sua história, de sua cultura? Infelizmente não existe ainda uma lei que proíba a destruição das casas antigas, dos velhos casarões, ou que se mude suas características originais, A lei municipal 027 de 3 de maio de 2005 tem este caráter mas se restringiu apenas a dois prédios já com mais de um século, o da Casa da Cultura, localizada na rua Espírito Santo, n°30 e o da antiga delegacia de polícia, atualmente Guarda Municipal, localizado na rua Antônio Bento Rodrigues, n° 1276. Com a referida lei, ambos os prédios encontram-se garantidos através do tombamento, ou seja, nada poderá ser alterado em sua arquitetura e muito menos poderão ser derrubados. A cidade ainda mantém alguns de seus seculares casarões, algo que a incluía dentro do tradicional estilo barroco tão presente na grande maioria dos municípios paulistas surgidos no final do século passado, no entanto a tal originalidade foi se perdendo ao longo dos tempos não apenas pela construção de novos prédios, de tendências modernas, mas também pela destruição de parte da antiga arquitetura.

Detalhe da restauração feita na casa da rua Irmãos Basile.

Tem se observado ultimamente uma preocupação em restaurar alguns prédios, como o fez o antiquário José Roberto Abdelnur Camargo Júnior, o conhecido Júnior Abdelnur, em relação ao antigo casarão localizado na rua Irmãos Basile, por sinal o local que sediou a primeira escola do município. Outros casarões, em torno de sete ou oito, estão conservados, com pinturas que já não são as originais mas nada que alterasse seus estilos. É inadmissível que ainda ocorra fatos como o da destruição da casa atrás da matriz do Divino Espírito Santo, local onde atualmente encontra-se um grande terreno baldio em pleno centro da cidade. Dar lugar ao novo nem sempre é a opção correta, especialmente porque o que faz vibrar as entranhas da cidade é a sua história.

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