quarta-feira, 4 de setembro de 2019

109 ANOS DO MUNICÍPIO DE SANTA ROSA DE VITERBO




Histórico

A cidade de Santa Rosa de Viterbo foi nascendo por acaso, sem nenhum planejamento. Por causa disso não tem uma “pedra fundamental”, ou seja, aquela que foi assentada antes de todas as outras, para simbolizar sua origem. Entretanto, com um pouco de imaginação, a gente pode identificar fatos, objetos e pessoas que tenham marcado de forma relevante a história do lugar e considerá-los pedras fundamentais.
Inicialmente nascida da formação de um povoado junto ao Córrego Lagoa, então pertencente ao município de São Simão, na segunda metade do século XIX. Na década de 1890 foi criada uma estrada que passava pelo povoado, que impulsionou o crescimento do mesmo.
Também na década de 1890, o empresário Henrique Santos Dumont comprou várias fazendas da região para constituir a Fazenda Amália, que deu impulso econômico ao povoado. Ele trouxe imigrantes italianos para trabalhar em sua fazenda, alojados em colônias distribuídas por suas terras.
No final do século, fieis constroem uma capela, que passa a ser o novo centro do desenvolvimento do povoado. Parte dos imigrantes italianos desviaram-se do rumo da lavoura e instalaram-se no pequeno povoado da Fazenda Lagoa, influenciando na sua formação cultural. 
Elevado a vila no início do século XX, em 1910 foi desmembrado para formar ao município de Ibiquara. O novo município mudaria de nome três vezes, até ser definitivamente chamado de Santa Rosa de Viterbo em 1948. 
A Fazenda Amália exerceu seu domínio econômico sobre o município, e a figura de Henrique Santos Dumont influenciava o cenário político. Na década de 1930, o conde Francisco Matarazzo Jr. assume o comando da Fazenda Amália e, em consequência, o contexto sócio-político-econômico da cidade. 
Na década de 1960, após uma greve de trabalhadores, o conde expulsa os colonos de sua fazenda e a cidade assiste ao maior êxodo rural de sua história. O fato colaborou para o crescimento urbano de Santa Rosa de Viterbo. A última década do século XX foi assistida com apreensão com fragmentação da Fazenda Amália. No entanto, o crescimento do comércio, a chegada de novos profissionais liberais e novas parceiras deram novo impulso à economia do município.

A ocupação das terras da região
A região onde está o município de Santa Rosa de Viterbo era um imenso sertão habitado por tribos de índios caiapós, ao oeste da Capitania Hereditária de São Tomé, depois anexado à Capitania de São Paulo.
O homem branco chegou à região por volta de 1720, quando os bandeirantes descobriram minas de ouro na região do atual estado de Goiás. Os bandeirantes abriram um trajeto até as minas goianas pelo interior norte da Capitania de São Paulo, chamado de Caminho de Goyazes.
Com a chegada do homem branco, os índios caiapós imigraram para o norte, estabelecendo-se na região sul da Floresta Amazônia. Os índios fugiam dos bandeirantes, que os capturavam para vendê-los como escravos. Hoje eles são encontrados no norte do estado do Mato Grosso e sul do Pará.
Nessa época, muitas pessoas abandonaram seus serviços na roça e foram pelo Caminho de Goyazes em busca de ouro, os chamados tropeiros. A colonização descontrolada do interior do país leva o governo português trazer para o Brasil a Lei das Sesmarias, já utilizada em Portugal. Por ela, o governo português concedia pedaços de terras à pessoas dispostas a trabalhá-las por conta própria. Como os riscos eram muitos, a maioria dos sesmeiros não tomaram posse de seus lotes. Isso permitiu que os tropeiros tomassem posse das terras por onde passava o Caminho de Goyazes,além de provocar sua ramificação pelo interior a dentro. A região de Santa Rosa de Viterbo foi ocupada por esses posseiros a partir do início do século XIX.

A formação do povoado
Em 1824, um bandeirante chamado Simão da Silva Teixeira toma posse da região do atual rio São Simão e ali funda um povoado que se tornaria a cidade de São Simão. Em torno do povoado, Simão fundaria e venderia várias fazendas e esse aglomerado de fazendas formou o município de São Simão em 1865. 
Uma delas era a Fazenda Lagoa, nas redondezas doCórrego Lagoa (córrego este que corta o centro da cidade). Seu primeiro registro data o ano de 1848 e seu proprietário era o casalFeliciano Pinto do Carmo, mais conhecido como Francisco Feliciano, e Francisca de Paula de Espírito Santo, mais conhecida como “Sá” Chica. O modesto casal de negros ergueram uma pousada no caminho entre as fazendas próximas aoRio Pardo e São Simão, que ficou conhecido como Pouso de “Sá” Chica. O pouso ficou famoso, principalmente pelos terços em louvor a Nossa Senhora que “Sá” Chica realizava em sua casa e que atraía fazendeiros e sitiantes da região.
Não demorou e muitos condôminos se estabeleceram em torno do Pouso de “Sá” Chica. Esses condôminos construíram suas residências e loteavam pedaços de terras, onde surgiram novas casas que foram se alinhando às primeiras, formando um pequeno povoado. Na década de 1870 esse povoado contava com 90 habitantes. 
A partir de 1875, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro formada por um grupo de investidores, começa a construir uma ferrovia chamada de Linha Tronco da Mogiana, que seguia o Caminho de Goyazes, saindo de Campinas rumo a Franca. Em 1878, a ferrovia chegou a Casa Branca,o principal entreposto comercial da região naquela época. A produção das fazendas, especialmente o toucinho, o queijo e, posteriormente, o café, eram transportados por meio de carroças e carros de boi até Casa Branca por um caminho que margeava o Córrego Lagoa.
Em 1882, a ferrovia chegava em São Simão, e toda a produção da região passou a ser escoada pela Estação de São Simão. Às margem do caminho que ia pra São Simão, foi criada uma aglomeração de casas e estabelecimentos comerciais que atendiam os tropeiros que passavam por ali, formando a primeira rua do povoado, a Rua do Comércio. 
O povoado foi crescendo, com casas espalhas entre os córregos Lagoa e Santa Rita. Na década de 1880, o povoado já contava com 40 prédios e 220 habitantes, mais que o dobro da população de 10 anos atrás. Nesta época, o povoado passou a ser chamado de Bairro Lagoa.
Com a chegada da Linha Tronco, o fluxo de transporte pelo caminho que ia para São Simão cresceu. O major Francisco de Cunha Bueno, dono da Fazenda Bella Vista construiu uma estrada de terra sobre este caminho que passava pelo Bairro Lagoa, oferecendo condições para sua manutenção.
Em 1892, a Mogiana inaugura outra estação em São Simão, mais próxima e com melhor acesso. A Estação do Cerrado está localizada a 7 km da atual Rodovia Conde Matarazzo Jr.
A nova estação atraiu cada vez mais tropeiros vindos da região da divisa com Minas Gerais, passando por Cajuru, atravessando o Rio Pardo e utilizando a estrada que passava pela Rua do Comércio do Bairro Lagoa. A estrada então tomou novo rumo, foi para nova estação e passou a ser chamada de Estrada Cajuru-Cerrado.

O impulso econômico
Em 1884, a economia e a vida social do Bairro Lagoa tomaria um novo rumo, com a chegada do empresário Henrique Santos Dumont, filho de Henrique Dumont, o “Rei do Café“, e irmão de Alberto Santos Dumont, o “Pai da Aviação“.
Henrique Santos Dumont comprou neste ano a Fazenda London, situada às margens do Rio Pardo,atraído pela terra roxa para se dedicar à cafeicultura. No mesmo ano adquiri a Fazenda Constança, incorporando-a à Fazenda London, mudando o nome de sua propriedade para Fazenda Amália, em homenagem à sua esposa.
Como o clima das terras mais baixas, próximo ao Rio Pardo, era sujeito a geadas e impróprio para a cultura do café, o empresário comprou várias fazendas em torno de suas terras e foi incorporando-as à Fazenda Amália. Nas terras baixas foram introduzidas, como alternativa, a cultura da cana-de-açúcar.
No Bairro Lagoa, com o aumento da população, o Pouso não suportava mais o aumento da procura pelos terços de “Sá” Chica. Então os frequentadores do terço passaram a realizar doações e eventos comunitários para arrecadar fundos para construir uma capela, a partir de 1884. As obras iniciaram ainda em 1884 nas terras no alto do Pouso de “Sá” Chica, doadas pelo casal Feliciano, e onde havia um cemitério. A pequena igreja ficou pronta no mesmo ano.
Por desejo de “Sá” Chica, a capela erguida seria em homenagem a Nossa Senhora. Após o término da construção, ela encarregou-se de comprar a imagem da santa padroeira da capela. A imagem foi adquirida de um mascate que visitara o povoado. Foi então que ocorreu uma grande confusão.
Depois de adquirida, a senhora e outros fiéis levaram a imagem para ser benzida pelo padre de Cajuru, que revelou que “Sá” Chica foi enganada pelo mascate, pois a imagem se tratava da italiana Santa Rosa de Viterbo e não deNossa Senhora. Os devotos ficaram chocados, mas o padre apressou-se em exaltar os ânimos, contando a história de vida e os milagres da santa.
Os fiéis foram convencidos e aceitaram a nova padroeira. Mais tarde, a própria “Sá” Chica fez uma promessa e alcançou uma graça atribuída à Santa Rosa. A nova padroeira foi definitivamente aceita.

O impulso social
Em maio de 1883, com o crescente desenvolvimento do Bairro Lagoa, foi instalado oDistrito Policial. Na década de 1890, o povoado já contava com o dobro de habitantes da década anterior: 420 moradores e 56 prédios. O povoado passou a ser chamado de Vila Santa Rosa por causa da nova capela.
Em 5 de agosto de 1896, a lei estadual nº. 434 elevou o Distrito Policial à categoria de Distrito de Paz, que passa a ser responsável pelos registros de nascimento e casamento, o que antes era uma atribuição da Igreja.
A Fazenda Amália também crescia e Henrique Santos Dumont constrói uma ferrovia para transportar o café e a cana até a sede. Em agosto de 1898, foi inaugura a Estação Glória para servir de entroncamento de sua ferrovia particular com a Linha Tronco da Mogiana. Em 1900, ele constrói um engenho para produção de açúcar, álcool e aguardente. Em 1901, ele foi transformado na Usina Dumont, uma das primeiras da região.
O crescimento econômico da Fazenda Amália esbarrou no problema de falta de mão-de-obra. Então Henrique Santos Dumont trouxe imigrantes italianos para trabalhar na Fazenda Amália, atitude já tomada por seu pai, que agenciava o alemão Francisco Schmidt para buscar trabalhadores na Itália.
Para abrigar os imigrantes italianos, Henrique Santos Dumont criou várias colônias espalhas pelas terras da Fazenda Amália. Além de prestar serviço ao empresário, era permitido aos imigrantes cultivar mantimentos em terras não utilizadas pela fazenda e criar porcos e galinhas. No entanto, muitos imigrantes se desviaram de seu destino, e foram povoar a Vila Santa Rosa, influenciando decisivamente na formação cultural do povoado.
Em dezembro de 1906, o decreto de nº. 1.038 oficialmente elevou o Distrito de Paz à categoria de vila, a Vila Santa Rosa. Em 1907, diante a necessidade, os imigrantes italianos construíram uma nova igreja. Ela foi erguida num terreno vazio na saída para a estrada que ia para a Fazenda Amália, utilizado para práticas esportivas. O espaço era chamado de Largo Santo Antônio, e o mesmo santo foi escolhido como padroeiro da nova igreja. No mesmo ano fundaram o Grêmio Operário Internacional de Beneficência, uma associação de trabalhadores, com sede no prédio construído em 1910 na rua Coronel Garcia. Posteriormente associação foi transformada no clube de dança Grêmio Recreativo de Santa Rosa de Viterbo.

O avanço da infraestrutura
Em 1898, Henrique Santos Dumont constrói um ramal ferroviário particular que ligava a Fazenda Amália à Linha Tronco da Mogiana. Foi construída uma nova estação, a Estação Amália, que era entroncamento inicial do ramal, e a Estação Glória passou a ser chamar de Estação Santos Dumont, em homenagem ao seu irmão Alberto. O ramal passava nos descampados mais altos da Vila Rosa, e continuava rumo ao povoado Rocinha. O ramal se encontrava com a linha da Mogiana na região onde hoje é o sul do município.
Em 1909, Henrique Santos Dumont construiu uma usina hidrelétrica no Rio Pardo, chamada de Itaipava, para dispor de energia elétrica em sua propriedade. Ainda em 1909, no dia 15 de dezembro, a Mogiana comprou o ramal particular do empresário, abrindo a ferrovia ao transporte público em 26 de abril de 1910, construindo duas novas estações: a Estação Santa Rosa, inaugurada em 10 de maio de 1910, e a Estação Nhumirim, em 10 de maio de 1910, no povoado Rocinha, que também passa a se chamar Nhumirim.

Nova paróquia e novo município
No dia 12 de abril de 1909, o bispo diocesano Dom Alberto José Gonçalves cria aParóquia de Santa Rosa de Viterbo, sediada na Vila Santa Rosa. A cidade, que não possuía padre fixo, teve seu primeiro pároco, o Pe. Gastão de Moraes, nomeado seis dias depois da paróquia ser criada.
O padre, aliado aos esforços do gerente da Fazenda Amália, o doutor Guido Maestrello, e a determinação da população, iniciou a construção de uma igreja maior para sediar a paróquia. As obras começaram em 28 de julho de 1909, na frente da capela de Santa Rosa. Um ano depois a Igreja Matriz de Santa Rosa de Viterbo foi inaugurada e a antiga capela foi anexada à nova igreja.
Com a instalação da paróquia na Vila Santa Rosa, o presidente do Estado de São Paulo doutor Manuel Joaquim de Albuquerque, decreta a criação do Município de Ibiquara, com sede na Vila Santa Rosa, através da Lei nº. 1.231, de 21 de dezembro de 1910, que desmembrou o território do município de São Simão, a partir do Córrego Águas Claras.
O nome Ibiquarafoi escolhido por causa do cemitério que existia nos fundos da antiga capela. A palavra Ibiquara provem do vocabulário tupi-guarani “ibi”, que significa terra, e “quara”, que significa buraco. O município nascia com 10 mil habitantes, dos quais 680 viviam na área urbana, formada por 113 prédios, 2 igrejas, 1 estação ferroviária e 1 rede de água.
Ainda em 1910, surge a primeira escola estadual e em 1911 o primeiro jornal, o Cidade de Ibiquara. Em 12 de março de 1912 foi instalada a primeira Câmara Municipal da cidade de Ibiquara. Ele funcionou no prédio localizado na esquina das ruas Coronel Garcia e 9 de julho, comprado do comerciante italiano José Chiaramonte, chamado de Sobrado do Largo da Matriz. A Câmara elegeu o vereador Guido Maestrello como o primeiro prefeito do município.

Primeira mudança de nome
Após adquirir a ferrovia particular da Fazenda Amália, a Mogiana decide criar o Ramal Cajuru, que se estenderia até o município vizinho. Em abril de 1912 foi inaugurada a Ponte de Ferro sobre o Rio Pardo, por onde passava o ramal que ia até a Estação Corredeira em Cajuru, inaugurada em 10 de maio do mesmo ano.
Em Ibiquara intensificava-se o descontentamento da população com o nome dado ao município. Os moradores da cidade se mobilizaram e providenciaram um abaixo-assinado pedindo a troca do nome do município para Santa Rosa de Viterbo, o mesmo nome da paróquia.
O presidente do Estado de São Paulo, doutor Francisco de Paula Rodrigues Alves, acabou por aprovar a mudança de nome do município pela Lei nº. 1.314, de 30 de julho de 1912. No entanto, a lei aprova a mudança de nome para Santa Rosa, sem o “de Viterbo“.
Em 1915, é construído o Posto Policial na rua José Bonifácio, num terreno doado pela Igreja, a primeira cadeia da cidade. No mesmo ano, a energia elétrica produzida pela Usina Itaipava chega à cidade. Ainda em 1915 a Câmara e a Prefeitura mudam-se para uma nova sede, um luxuoso prédio construído na esquina da rua Francisco Carvalho de Andrade com a rua Condessa Filomena Matarazzo.
Em 1918, alguns santa-rosenses são convocados lutar na I Guerra Mundial. Foi criado um contingente, denominado Tiro Brasileiro de Santa Rosa, com sede numa sala da Avenida Rio Branco. 
Entre 1918 e 1919, a cidade enfrentou uma epidemia de gripe espanhola, assim como o restante do mundo, e matou um quarto da população mundial. As aulas foram suspensas e o Grupo Escolar voltou a funcionar apenas em 20 de março de 1919, com sede no Sobrado do Largo da Matriz.

O novo imperador
Na década de 1920, a cidade de Santa Rosa possuía 140 casas onde viviam 860 habitantes. No ano de 1919, a cidade assistiu a morte do inovador Henrique Santos Dumont. As filhas do empresário, aliadas à sua mãe Amália, decidem vender a Fazenda Amália, um império que ocupava 11 mil alqueires pela região.
A Fazenda Amália foi comprada por uma sociedade formada pelo fazendeiro de Ribeirão Preto Francisco Schmidt com dois grandes empresários da capital: o conde Francesco Matarazzo e o comendador Alexandre Siciliano, que passou a se chamar Sociedade Agrícola Fazenda Amália. A sociedade não funcionou e por uma década a Fazenda Amália interrompeu seu vigoroso crescimento por causa da falta de comando de seus novos donos.
Em 1929, uma enchente histórica rompe a barragem da Itaipava e as águas invadem a usina, deixando Santa Rosa às escuras por três meses. A barragem foi imediatamente reconstruída, e recebeu a escada para a subida dos peixes durante a piracema.
Também em 1929, o conde Francesco Matarazzo transferiu sua parte na Sociedade Agrícola Fazenda Amália para seu filho Francisco Matarazzo Jr. Em 1931, o filho do conde compra os outros dois terços da propriedade e torna-se seu único dono, preservando o nome Fazenda Amália,mas mudando o nome da Usina Dumont para Usina Amália.
Com a crise do café provocada pela quebra da Bolsa de Valores Nova York, em 29 de outubro de 1929, o conde Francisco Matarazzo Jr. completa a substituição dos cafezais pelos canaviais. Em 1931, o conde construiu uma nova sede na Fazenda Amália, um casarão nos moldes das mansões da Avenida Paulista, em São Paulo, conhecido como Palacete, o qual até hoje se mantém conservado, o acesso do mesmo é feito por estrada particular, com entrada na Praça Maria Pia, a estrada não é pavimentada até hoje para manter os ares e características de fazenda.
O novo dono do império adquiriu mais terras para a Fazenda Amália, algumas no outro lado do Rio Pardo, no município de Cajuru. Para facilitar o transporte da cana, construiu uma ponte flutuante, erguida sobre uma fila de barcos.
Também em 1931, as câmaras municipais foram fechadas por Getúlio Vargas, que tomou o poder da República após a Revolução de 1930. Os prefeitos passaram a ser nomeadas por uma Junta Governativa que substituiu Mário Carneiro da Cunha por Thomaz Eugênio de Abreu já em 1930.
Ainda em 1931, o Banco do Pobre instala-se em Santa Rosa, a primeira instituição financeira da cidade. Em 9 de julho de 1932, os paulistas iniciam a Revolução Constitucionalista contra a ditadura de Getúlio Vargas. Uma comissão foi montada no Sobrado do Largo da Matriz para o alistamento de voluntários e recolhimento de donativos.
Em 1934, a Junta Governativa nomeia o novo prefeito, o cafeicultor Teófilo Siqueira.Ele implantou uma balsa para fazer a travessia do Rio Pardo rumo a Cajuru, construiu a estrada de terra que ligava Nhumirim a Tambaúe uma ponte sobre o Ribeirão Águas Claras, divisa com São Simão. Em 1936, inicia a construção de um prédio para abrigar o Grupo Escolar, num terreno na Avenida Rio Branco, que seria inaugurado em 1937.
Neste ano a Câmara voltou a funcionar, mas ainda em 1937 seria novamente fechada com a instauração do Estado Novo pelo ditador Getúlio Vargas. Em 1938 foi nomeado o novo prefeito, o farmacêutico João Bueno dos Reis.

Novo avanço econômico
O conde Francisco Matarazzo Jr. investiria profundamente no desenvolvimento da Fazenda Amália em todos sentidos. Realizou a diversificação industrial, com a construção de uma fábrica de éter sulfúrico e de doces e conservas, que produzia goiabada, marmelada e extrato de tomate. Em 1937 foi lançada no mercado os produtos Amália.
Em 1940 implantou inovações tecnológicas no cultivo da cana, construiu extensos canais para irrigar as lavouras, uma fábrica de papel que aproveitava o bagaço da cana e a madeira do eucalipto e decidiu derrubar a chaminé de 36 metros da usina, construída em 1901 por Henrique Santos Dumont, para construção de outras duas maiores, iniciada em 1946. Começou também uma reforma geral na usina, para ampliar sua capacidade de moagem. Em 1949 as chaminés ficaram prontas, com 80 metros de altura cada, mas só entraram em atividade entre 1953 e 1954, com o término da reforma da usina.
O conde também investe nas benfeitorias da fazenda. Constrói e equipa o Hospital Santo André, o primeiro da cidade e um dos mais modernos da época em toda a região. Proporciona lazer os colonos, com a inauguração de um cinema, o Cine Don Juanico, também utilizado para a realização de animados bailes aos sábados, e reforma o campo de futebol, que recebe medidas oficial e passa a ser chamado de Estádio Ermelino Matarazzo. Ainda na década de 1940, construiria uma igreja, a Igreja São Francisco, que fica nos fundos da Usina Amália. Em 1943 construiu o Grupo Escolar Amália para educar as crianças da sede e das colônias.

Segunda mudança de nome
No final da década de 1930, foi implantada a primeira linha de ônibus da cidade, a Santa Rosa-Ribeirão Preto, realizada por veículos coletivos chamados de jardineiras. A cidade deSanta Rosa chega à década de 1940 com 1.960 habitantes, 272 casas, 3 Igrejas,1 estação, 1 cadeia, 1 matadouro e 3 redes de água e de energia.
Em 1943, o então prefeito João Bueno dos Reis realiza uma grande reforma o Largo da Matriz, que teria seus passeios pavimentados e seria transformado em praça com o nome de Praça Dr. Guido Maestrello.
Em 1944, o ditador Getúlio Vargas aprova um decreto que proibiu a existência de duas ou mais cidades com o mesmo nome. A cidade gaúcha de Santa Rosa, por ser maior e mais antiga, teve o privilégio de manter o nome original e a cidade foi obrigada a mudar de nome outra vez.
Em 24 de dezembro de 1944, sem nenhuma consulta à população, o governo do estado altera o nome da cidade para Icaturama pelo Decreto nº. 14.334. O novo nome provém do vocabulário tupi-guarani, onde “i’ significa água, “catu” boa, e “rama”, “lugar” – “lugar de água boa”. Mas a população novamente não se agradou com o nome dado pelo governo.
Em 1945, Getúlio Vargas é deposto do poder e a ditadura do Estado Novo chega ao fim. Em 1948 assume o primeiro prefeito eleito pela população após o fim da ditadura de Vargas, Antônio Guimarães, eleito com o apoio do conde Francisco Matarazzo Jr., que iniciava um longo período de influência política do município. A Câmara Municipal foi reaberta no mesmo ano.

Terceira e definitiva mudança de nome
O primeiro desafio da nova administração do município era conter o descontentamento da população em relação ao seu nome. Então o prefeito e os vereadores aliaram-se ao povo e reiniciaram a luta para rebatizar a cidade. Finalmente, em 24 de dezembro de 1948, foi aprovada a Lei nº. 233 que autorizou a mudança do nome da cidade de Icaturama para Santa Rosa de Viterbo, a partir do dia 1º de janeiro de 1949.
A partir de 1950, o conde Francisco Matarazzo Jr. passa a cobrar aluguel dos moradores das colônias e proibiu a cultura de subsistência em suas terras. Em 1952 toma posse o novo prefeito,João de Souza Lage, genro do conde. Também em 1952, foi criado o Ginásio Escolar, o primeiro a formar os alunos no segundo grau.
Em 1953, o entorno da praça Dr. Guido Maestrello foi pavimentada com paralelepípedos e ganhou as caixas de inspeção de esgoto. Com a expansão do plantio da cana no município de Cajuru, foi construída, por iniciativa do conde, uma ponte de concreto sobre o Rio Pardo em 1953, que foi denominada Ponte Álvaro. Em 1955 o conde instalou uma fábrica de ácido cítrico na Fazenda Amália.

A comarca
Em 1953, uma delegação conseguiu a aprovação por parte do governo do estado da criação de uma comarca para a cidade, que era integrada à Comarca de São Simão desde sua fundação. Para a instalação da nova comarca, que obrigaria à manutenção de um juiz em tempo integral na cidade, o município ficou encarregado em construir um prédio para o Fórum. A Câmara e a Prefeitura decidem doar seu prédio, inaugurado em 1915. A Prefeitura constrói um novo prédio, o atual Paço Municipal Dr. Moacyr Cintra, na Rua 7 de setembro, e a Câmara volta para o Sobrado do Largo da Matriz.
No entanto, o governo estadual decide demolir o prédio e construir um novo. Assim a Comarca de Santa Rosa de Viterbo foi oficialmente instalada em 1956, quando o prédio atual do Fórum ficou pronto. Em outubro assumiu o primeiro juiz titular da comarca, o doutor Hélio I. A. Dória.
Em 1957 a Ponte de Ferro foi assoalhada, para também permitir o tráfego de carros, caminhões e ônibus. Em 1958 foi aberta a Avenida Presidente Vargas.

O declínio do império
Segundo o IBGE, na década de 1960 a Fazenda Amália empregava 95% dos trabalhadores do município. Em constante crescimento, a usina recebe uma nova reforma no início da década de 1960 para ampliar ainda mais a capacidade de moagem. Mas a falta de decantadores para industrializar a crescente produção de cana moída, provocou a perda de produções inteiras, que foram jogadas fora no Rio Pardo.
A rotina de desperdício e falta de investimentos em novas tecnologias para acompanhar as mudanças do mercado, provocou a queda no crescimento de todas as empresas do Grupo Matarazzo a partir da década de 1960, inclusive a Fazenda Amália.
Em 1960, foram comemorados os 50 anos da Igreja Matriz. Como parte das comemorações, a prefeitura instituiu no mesmo ano, o “Dia do Município” no mesmo dia da padroeira da paróquia, o dia 4 de setembro. A partir de então, o aniversário da cidade passou a ser comemorado neste dia e não no dia de sua fundação.
Ainda em 1960, toma posse o novo prefeito, Vergínio Melloni, com apoio do conde Francisco Matarazzo Jr. Ele inaugura o primeiro Posto de Saúde e a Casa da Agricultura, e cria o primeiro bairro da cidade em 1962, o Santa Terezinha. O prefeito se licenciou do cargo em 1963, e Paschoal Cagliari assumiu o cargo interinamente entre abril e outubro.
Em 1964, com apoio do conde, Antônio Guimarães volta à prefeitura para seu segundo mandato. No mesmo ano, um grupo de jovens construiu a quadra da JAS(Juventude Atlética Santa-rosense), na rua Prof. Solano Pereira e introduziu o basquete na cidade.
Em 1965, o prefeito Antônio Guimarães faleceu e foi substituído pelo vice Arys Eleutério. No mesmo ano foi criada, no antigo prédio do Grêmio Operário, a Escola de Comércio Antônio Guimarães, em homenagem ao falecido prefeito.
Insatisfeitos com conde, os empregados da Fazenda Amália entram em greve geral por uma semana em 1966. Como retaliação, o conde Francisco Matarazzo Jr. demite cerca de 2 mil empregados e expulsas suas famílias das colônias, que foram derrubadas uma a uma. Chegava ao fim uma das características mais marcantes de Santa Rosa de Viterbo: o sistema de colonato.

O êxodo rural e o crescimento urbano
A partir de 1966, a maioria dos moradores das colônias mudou-se para a cidade, provocando mudanças profundas em sua cultura. Outros se dirigiram para os municípios vizinhos. O conde contratou empreiteiros, chamados de gatos, que agenciava novos trabalhadores, que viviam na cidade, mas trabalhavam na fazenda, os chamados boias-frias. Os gatos recrutavam mão de obra local assim como de outros estados, principalmente Minas Gerais, Bahia e Ceará. Eles se mudavam para a periferia da cidade, vivendo em condições precárias.
A Mogiana passou por dificuldades econômicas após a Crise do Café e durante o governo de Getúlio Vargas, que priorizou o desenvolvimento do transporte rodoviário. O Governo do Estados de São Paulo assumiu o controle da empresa em 1952, mas começou a desativar ramais considerados antieconômicos na década de 1960. Entre eles estava o Ramal Cajuru.
Inicialmente foi desativado apenas o trecho que ligava a Fazenda Amália a Cajuru, no dia 16 de setembro de 1966. Em 3 de janeiro de 1967, todas as estações foram fechadas e o restante do ramal desativado. Entretanto, o conde prosseguiu utilizando o ramal para transportar sua produção de cana.

Novas parcerias
O Conde Francisco Matarazzo Jr. decide, a partir da década de 1970, abrir suas empresas a novas parcerias. Em 1971, transformou antigos postos de abastecimentos em uma rede de supermercados chamada de Superbom, tendo uma unidade sido instalada na Fazenda Amália.
Em 10 de novembro de 1971, a Mogiana foi extinta com a criação da Fepasa(Ferrovia PaulistaS/A), uma estatal que unificou todas as ferrovias do estado. O conde deixou de usar o ramal, mas ele nunca chegou a ser utilizado pela Fepasa. As estações permaneceram abandonadas e os trilhos foram aos poucos sendo retirados.
Em 1972, o ginásio escolar recebe o nome Colégio Conde Francisco Matarazzo, em homenagem ao pai do conde Francisco Matarazzo Jr. No mesmo ano é fundada a Biblioteca Municipal Licínia Nogueira Magalhães.Em 1975, o governo federal criou o programa Proálcool,que incentiva a produção de álcool combustível no país. A Usina Amália se beneficiou com o programa e manteve-se estável até o final da década. Ao mesmo tempo, o Grupo Matarazzo se associou com a empresa norte-americana Milles Laboratories, e dessa parceria começou a construção da nova fábrica de ácido cítrico. Ela só foi inaugurada em 1979, com o nome de Fermenta.
Em 1977 a Delegacia de Polícia foi inaugurada na rua Condessa Filomena Matarazzo, e o antigo posto policial foi abandonado. No mesmo ano, o Rio Pardo sofre sua segunda maior enchente, superada apenas de 1929. A barragem da Usina Limoeiro se rompeu, e a enchente foi arrastando animais, inundando casas e devastando lavouras próximas as margens do rio.

O fim do império
Em 1977, morreu o conde Francisco Matarazzo Jr. A administração do Grupo Matarazzo passou para as mãos da filha caçula do conde, Maria Pia Esmeralda Matarazzo. Em 1981, a Nig Brinquedos foi a primeira empresa a ocupar o distrito industrial aos fundos do recém-inaugurado Conjunto Habitacional Liliana Urtiaga Andreazza, o popular Nosso Teto.
Em 1983 foi desapropriado o trecho da Fepasa que ia da cidade até Nhumirim, incluindo as duas estações.

Cultura
O município de Santa Rosa de Viterbo possui muitas manifestações culturais, geralmente ligadas à religião católica e aos imigrantes italianos.
A Igreja Católica foi a primeira crença dos santa-rosenses e uma das pedras fundamentais para formação da cidade como um todo. A primeira capela foi fundada em 1884 mas a paróquia só seria criada em 11 de abril de 1909.
Da Igreja Católica vem uma das mais notáveis manifestações folclóricas do município, as Companhias de Folia de Reis que celebram por 12 dias, do Natal até 6 de janeiro, a Festa dos Santos Reis Magos.
Dosimigrantes italianos influenciaram decisivamente na formação cultural de Santa Rosa de Viterbo, principalmente o gosto pela música. A primeira banda, no entanto, foi fundada pelo empresário Henrique Santos Dumont, neto de franceses, no início do século XX, a banda Dumont. Hoje a cidade possui uma banda, a Banda Sinfônica de Santa Rosa de Viterbo.
Os italianos também trouxeram o gosto pelo cinema. A primeira sala, o Radium Cinema, foi inaugurado por eles no ano de 1911. Hoje a cidade não possui cinemas em atividade. Também introduziram iguarias na mesa dos santa-rosenses, como pizza, polenta, macarrão, salada, verduras e legumes, como alcachofra, berinjela, brócolis e pimentão.
Outra manifestação folclórica importante é a Caça ao tesouro do Rei Momo. Idealizada por Renato Antunes e Ivan Alvim de Freitas, foi iniciada em 1981. A caça se dá uma semana antes do Carnaval, com a divulgação de um enigma que revela a localização de uma arca, que é enterrado no perímetro urbano, com um prêmio em dinheiro. A caça é aberta ao público e termina no final do Carnaval.
Dois personagens são figuras marcantes no folclore do município: o Tirisco e o Boneco Alexandre. O Tirisco é um bicho imaginário idealizado na década de 1960. Tido como um mascote local, aos visitantes da cidade é oferecida a Caça ao Tirisco.
Já o Boneco Alexandre é uma figura histórica presente no perímetro urbano do município. São placas indicativas colocadas por ordem do conde Francisco Matarazzo Jr. para direcionar seus visitantes ao portão monumental da Praça Maria Pia, entrada particular da Fazenda Amália. Os bonecos se tornaram marca registrada do município, despertando a curiosidade sobre sua função e origem aos que chegavam a cidade. O nome foi dado pelo conde em homenagem a um antigo engenheiro da Fazenda Amália.
O folclore de Santa Rosa de Viterbo também é rico em vocabulários próprios, como biquirim (tampinha de garrafa). Junto com o esporte, principalmente o futebol, praticado desde a década de 1890, tornou-se um dos orgulhos da cidade e visto com muito respeito pela região.

Santa Rosa, uma cidade com vocação musical
Depois da Banda Dumont, de Guido Maestrello, Santa Rosa teve a Banda Municipal, de Theodomiro Sandeville, a Carlos Gomes, de José Cassiano Nogueira, a Giuseppi Verdi, dirigida tanto por Paulo Primo Bertocco, quanto por Antônio Guimarães Plácido Bertocco comandou a Santa Cecília que existiu – a trancos e barrancos- por décadas, até que seu maestro faleceu, em 1982.
A estação da antiga Mogiana ficou abandonada por muitos anos, depois que o ramal ferroviário foi desativado. Até que a prefeitura resolveu restaurar o prédio que transformou em Estação da Cultura, sob coordenação da Fundação Cultural de Santa Rosa de Viterbo. O maestro Maurilio de Oliveira Jr., que chegou a tocar clarineta na Santa Cecilia, apanhou o bastão deixado por Plácido e começou a dar aulas de música na Estação, visando a constituição de uma nova banda, a atual Banda Sinfônica começou a tocar em 1985, a vocação musical da cidade é mantida viva e forte pela existência da Estação.

Teófilo, a primeira escola
Mesmo antes de ser município Santa Rosa já contava com escolas particulares “Santa Thereza”- com orientação de Francisca Amália Portugal Gouvêa – e colégio “São Cândido”, do Professor Candido Coelho Neto. Depois vieram as escolas isoladas, mantidas pelo Estado, para alfabetizar as crianças. Tanto na cidade quanto nas colônias de Amália, essas escolas funcionaram até o Grupo Escolar foi criado e começou a funcionar em 1917.Sua primeira sede existe até hoje, na praça Guido Maestrello. A Câmara desocupou o prédio para que o Estado criasse a escola que hoje se chama Teófilo Siqueira, homenagem ao prefeito que construiu sua atual sede, na Avenida Rio Branco.

Urnas arqueológicas
Em 1998, três urnas indígenas foram encontradas durante a construção de um campo de polo na Fazenda Barrosa, uma repartição da Fazenda Amália. Uma era pequena e as outras eram grandes e funerárias. As urnas foram analisadas pela arqueóloga e diretora do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, Sílvia Maranca, que estimou que elas tivessem mais de mil anos. Hoje elas estão expostas no mesmo museu da USP.
Fonte jornal “O Santa Rosa” de 05 de Setembro de 1998.

Mineração
Foi o trabalho de extração em uma mina de calcário — da empresa mineradora PH7 — que revelou a existência do sítio arqueológico e viabilizou a pesquisa. “A retirada do calcário deixou exposta a estrutura rochosa que nos permitiu visualizar diversos estromatólitos gigantes, fundamentais para o estudo, que só são encontrados aqui e na Namíbia”, disse a paleontóloga Fresia Ricardi-Branco, da Unicamp, que participou do projeto.
Estromatólitos são estruturas sedimentares formadas pela atividade de microalgas em águas rasas. As algas vivem em “tapetes”, que crescem verticalmente ao longo de milhares de anos para formar estromatólitos, assim como ocorre com os recifes de coral. Eles estão em todo o mundo, mas quase sempre são pequenos. Em Santa Rosa do Viterbo não é assim. Lá há um excepcional campo de estromatólitos gigantes, com até três metros de altura. O local é único no planeta e um dos 142 geossítios selecionados para compor o Patrimônio Geológico do Estado de São Paulo.
“Campinas e toda a região estavam submersas nesse momento. Era um mar de pouca profundidade e que secou lentamente por milhões de anos. O clima na região era semi-árido, com vegetação, mas muito pouca quantidade de chuva.”
“Trata-se de um ótimo exemplo de ação da mão humana sustentável e que merece registro. Se a empresa não tivesse iniciado a extração, nós nunca teríamos feito a descoberta em Santa Rosa do Viterbo. A empresa ainda preserva a área e ajudou muito nos estudos”, disse.
O engenheiro de minas Marco Corneti, que trabalha para a PH7, diz que a área está aberta à visitação. “Aqui era um mar calmo, de águas limpas e claras”. Os estromatólitos se formaram de algas que foram se depositando no fundo do mar.
Toda a formação calcária tem estromatólitos, mas no caso nosso é que são considerados gigantes e só existem outros semelhantes na Namíbia. Por isso é que são importantes para os pesquisadores do mundo todo. “E também atrai outras pessoas interessadas”, afirmou.


Histórias de Santa Rosa

HISTORIA DE SANTA ROSA ENVOLVE IMPERADOR E PAPA

Na Itália, no século XIII, Viterbo era a mais forte cidade dos Estados Pontifícios, no caminho de Roma. Situada na região da Lazio, Viterbo também guarda o corpo do Papa Adriano, considerado o primeiro Papa, após o apóstolo Pedro. E é naquela cidade onde uma das mais belas histórias de religiosidade acontece – o nascimento e morte de Rosa – a menina missionária que tornou-se Santa e que é venerada com ardor até os dias de hoje em Viterbo, e que tornou-se a Santa Rosa de Viterbo, emprestando seu nome à nossa cidade. As matérias foram publicadas em 1982 pelo Jornal Santa Rosa Notícias. A luta contra um Imperador tirano, os milagres, o exílio, expulsão de Rosa de sua cidade, o seu retorno triunfante, são os fatos daquela época medieval. A seguir, a transcrição da belíssima história da nossa Santa Rosa de Viterbo.

A ESPERADA

Em Viterbo, no Século XIII, havia um Convento dedicado à Santa Maria das Rosas. Como era comum na Idade Média, a função do jardineiro desse Convento passava por várias gerações, de pai para filho. Ali, no entanto, esta tradição estava por terminar. João, o jardineiro deste Convento, já idoso, não possuía descendente. Catarina, sua esposa, se unia ao humilde jardineiro, em orações à Santa Izabel e São Zacarias, pedindo um herdeiro. Em outras ocasiões as preces à Santa Izabel e São Zacarias haviam sido ouvidas, por exemplo, quando nasceu São João Batista. E as preces do jardineiro e sua esposa, em Viterbo, acabaram sendo atendidas, mas, limitadas ao desejo inicial, pois não conseguiram um descendente varão. João e Catarina tiveram, no dia 6 de março de 1232, uma filha que veio a ser a mais bela rosa do jardim daquele jardineiro, que seria a glória do seu lar, da sua cidade e uma das maiores santas da Igreja. Desde o berço, Rosa – nome que a menina recebeu em louvor à Santa Maria das Rosas – mostrava sinais de uma vocação especial.

O PAPA SENDO TRAIDO

Nesta época, Frederico II, Imperador da Alemanha no século XIII, era um dos precursores de Garibaldi, na tentativa de apoderar-se dos Estados Pontifícios. Frederico protegeu heréges, expulsou bispos de seu território, ameaçando invadir os Estados do Papa. E foi excomungado pela Santa Sé. Esta medida enfureceu o Imperador, que invadiu a Itália, em direção à Roma, abrindo caminho com vergonhosas capitulações. O Cardeal Colona, comandante das tropas pontifícias, rendeu-se sem batalha à esse novo Átila, traindo o Papa. E Frederico chegou triunfante à Viterbo, a mais forte cidade dos Estados Pontifícios no caminho para Roma. E Viterbo também submeteu-se ao invasor. Deixando um governador na cidade, Frederico partiu então para tomar Roma.

MILAGRE DE ROSA TRANSFORMA HABITANTES DE VITERBO

Os habitante de Viterbo, abatidos e envergonhados pela covarde capitulação, entregaram-se aos afazeres diários. Um certo dia, muitos destes habitantes dirigiam-se a um velório de uma senhora. Quando tudo estava certo para o féretro sair para o "campo santo", Rosa, uma menina de apenas 4 anos de idade e sobrinha da falecida, chegou diante do caixão e chamou sua tia com voz imperiosa. Uma força sobrenatural animava aquela voz infantil e a vida voltou ao corpo inanimado diante da multidão estarrecida. A tia estava ressuscitada. A cidade de Viterbo se comoveu e a menina Rosa passou a ser considerada uma verdadeira santa. E deu-se também um outro milagre – uma verdadeira transformação se deu nos habitantes de Viterbo, que viram naquela manifestação um sinal dos céus para auxilia-los. E resolveram reagir contra o invasor, retomando a cidade e expulsando o governador instalado por Frederico II, que, ao saber do fato, voltou à Viterbo para sitia-la, mas enfrentou forte resistência da população que teve que desistir do intento e recuar. E Roma ficou a salvo, graças à jovem Rosa. O milagre da ressurreição da tia de Rosa, pela visão universal da Igreja,ao que se entende, deu-se pela apreensão da precoce criança diante do domínio de Viterbo. Por esta visão, o milagre foi realizado por Rosa mais para levar os habitantes da cidade a defenderem a Santa Sé ameaçada e não apenas para restituir a vida à uma pessoa estimada. É o que veremos mais adiante sobre a vida de "Rosa", como suas constantes preocupações com os problemas da Igreja sempre presentes na sua curta existência.

Ressuscitando a Tia - 1º Milagre

"O REI LUÍS É VENCEDOR"

Vários milagres marcaram o primeiro período da infância de "Rosa", que, para subtrair-se aos louvores humanos, retirou-se num estreito quarto de casa, de onde só saia para ir à Igreja vizinha. Neste gênero de vida ficou dos quatro aos dez anos de idade. Nesse retiro contemplava os problemas da cristandade e era iluminada por Deus sobre os sucessos ou revezes sofridos. Aos oito anos, por exemplo, quando algumas senhoras da cidade a visitaram a procura de seus conselhos, Rosa foi arrebatada em um êxtase exclamando: "O Rei Luís é vencedor e os cristãos triunfam". Soube-se, um mês depois, que Dom Luís, Rei da França, à frente dos Cruzados, tomara Damieta dos turcos. A Providência dotara Rosa de tão grandes dons que a fez chegar a uma alta santidade, ainda criança, operando milagres por seu intermédio, quase sempre tendo em vista as necessidades da Igreja. Em seu retiro de seis anos, Rosa entregou-se à orações e penitências.

MISSÃO PÚBLICA E LEVITAÇÕES

A extrema fraqueza produzida pelos jejuns e disciplinas a que se entregou, fizeram com que Rosa ficasse gravemente doente. Todos se desesperaram pela sua cura. Foi quando a Virgem Santíssima apareceu para Rosa e lhe disse: " Levanta-se minha filha porque amanhã irás a Igreja de São João Batista, depois à de São Francisco, onde tomarás o hábito da Ordem Terceira".
Rosa levantou-se, obedecendo a Rainha do Céu. Começou assim o que poderíamos chamar de "Missão Pública", quando Tosa tinha apenas nove anos de idade. Já vestida com o hábito da terceira franciscana, a pequena Rosa começou a percorrer as ruas de Viterbo com um crucifixo na mão exclamando: "Irmãos, façamos penitência e apazigüemos a cólera de Deus, pois grandes males nos esperam".Rosa tinha adquirido sabedoria apenas na meditação do Crucificado. Tinha tais arroubos de eloqüência e citava tão a propósito as Sagradas Escrituras, que atraia multidões e causava admiração aos mais doutos sábios e teólogos. E Deus multiplicava os prodígios através de sua pequena missionária, mostrando ao povo a chancela divina daquela Missão. Numa ocasião em que a multidão era tão grande que não podia ver a "apóstola", apesar de ter esta subido em uma pedra, Rosa começou a levitar-se até poder ser vista por todos. A notícia deste milagre, a levitação de Rosa, atestada por milhares de testemunhas, percorreu a Itália. A pregação de Rosa transformou Viterbo. Pecadores empedernidos se convertiam. Hereges voltavam ao seio da igreja e, principalmente, os partidários italianos do Imperador revoltado, reconciliavam-se com seu soberano – o Sumo Pontífice. Muitas vezes a multidão comovida interrompia a jovem missionária exclamando: "Viva a Igreja! Viva o Papa! Viva o Nosso Senhor Jesus Cristo!". Tempos depois, Frederico II voltou a dominar a Itália e, consequentemente, Viterbo. E Rosa foi denunciada ao Imperador e levada à sua presença, sendo proibida pelo ditador de continuar suas pregações. E Rosa respondeu à Frederico; "Quem me manda pregar é muito mais poderoso e assim prefiro morrer a desobedece-lo".Frederico então mandou prender Rosa. Mas, temendo que houvesse revolta em Viterbo, caso conservasse Rosa na prisão, o Imperador mandou deportar a jovem missionária e seus idosos pais. Depois de muitas privações em meio à neve, Rosa e seus pais chegaram à Soriano, onde uma multidão correu para ouvi-la. E ela então pregou exatamente a submissão à Igreja.

Sendo expulsa pelo imperador


ROSA ANUNCIA A MORTE DE FREDERICO II

Rosa pregava em praça pública, na cidade de Soriano, quando, iluminada, exclamou: "Regozijai-vos irmãos meus. Trago uma bela notícia que será uma grande alegria para todo o povo cristão. Frederico, o inimigo de Deus e de Seu Vigário, acaba de morrer. Dentro de alguns dias sabereis a notícia com certeza" Uma premonição. E Frederico, efetivamente, morreu, a 13 de dezembro. Rosa continuou sua pregação por várias vilas e cidades sempre em meio a grandes milagres. Com a morte de Frederico, Viterbo reclamou pela volta da jovem missionária, que retornou então para sua cidade.

REJEITADA E ACEITA

Rosa decidiu então consagrar-se inteiramente à Deus no Convento de Santa Maria das Rosas. A história não explica no entanto, os motivos que as freiras daquele convento recusaram a presença de Rosa. E Rosa lhes disse: "A donzela que repelis hoje há de ser por vós aceita um dia, com alegria, e guardareis preciosamente". Rosa então transformou seu quarto em uma cela de religiosa, impondo-se a um severo silêncio, ocupando-se apenas com Deus, sentindo que sua missão havia terminado. Assim passou seus últimos sete anos de vida, só sendo interrompida por pessoas piedosas que vinham lhe pedir conselhos. E aos 17 anos de idade entregou sua alma à Deus. Seu corpo foi sepultado na Paróquia Santa Maria Del Poggio. Mas, por três vezes o Papa Alexandre IV sonhou com Rosa, que lhe pedia por parte de Deus, que ele mesmo, o Papa, transladasse seus restos para o Convento Santa Maria das Rosas. Alexandre IV encarregou-se pessoalmente desta missão, deslocando-se para Viterbo. Rosa acertara mais uma vez – as religiosas daquele convento receberiam seus restos mortais como um verdadeiro tesouro. Esta é a síntese da história de Santa Rosa, de acordo com os relatos oficiais da igreja. Também nesta edição, algumas outras histórias e milagres da nossa Santa Rosa de Viterbo.

Rosa em sua aparição ao Papa Alexandre IV

Histórias de Santa Rosa

A HORTELÃ E A CRUZ

O fato de Rosa, a menina missionária, não ter sido aceita no Convento Santa Maria das Rosas, em Viterbo, e não haver explicação pelo ocorrido, em relatos oficiais da Igreja, levou a escritora e historiadora italiana, Ana Maria Vacca, a pesquisar todos os milagres e a vida de Santa Rosa de Viterbo. Desta pesquisa surgiu o livro intitulado "La Menta e La Croce" – A Hortelã e a Cruz. O livro gerou polêmica, sendo objeto de reportagens em diversos jornais e revistas, inclusive na Revista Veja, em 1982. O jornal "Avvenire", do episcopado italiano chamou o livro de delírio. Na verdade, a excentricidade da escritora em seus relatos, incomodou os conservadores da Igreja Católica. Segundo a escritora, o objetivo do livro era apenas exaltar o poder mágico da menina Rosa, no século XIII. Polêmicas a parte, a verdade é que o livro narra com muita simpatia e ousadia a biografia de Santa Rosa de Viterbo, baseado nos antigos documentos da própria igreja, que os guarda com excessivo zelo. Um destes livros pertencente a Igreja, o "Vita I",mostra Rosa como uma figura jovem e mística que perambulava pelas ruas de Viterbo com uma cruz nas mãos. Para a escritora Anna Maria, que é ativista do movimento Comunhão e Liberação, na Itália, esta era uma forma independente da religiosidade feminina, muito comum na época
A vida de Rosa, suas experiências religiosas e suas atividades tão comentadas na época, sempre aconteceram fora do âmbito da igreja e de forma livre e independente. "Uma independência e espontaneismo muito marcante, anormais para a época", afirmou a escritora. A polêmica surge ainda do fato da igreja, em seu lado mais conservador, não aceitar a imagem de uma Santa com senso de liberalismo e independência. E também não explicou o fato de "Rosa" não ter sido aceita no Convento da Ordem Terceira de São Francisco mesmo depois de operar diversos milagres, verificou a escritora. Polêmicas a parte, a verdade é que a história de Santa Rosa de Viterbo é uma grande lição de vida e humanismo, com uma certa dose de excentricidade, é fato, o que é mais positivo ainda. Vamos a alguns destes milagres.

ENFRENTANDO E VENCENDO UMA FOGUEIRA E 
A PENA DE GALINHA NO ROSTO DA MENTIROSA

Foi no exílio que Rosa teve sua fama mais difundida e respeitada. Documentos pesquisados e apontados no livro "La Menta e La Croce", confirmam que Rosa curou cegos e transformou pães em rosas. E lá combateu os hereges de forma nada convencional. Alguns milagres se destacam nos documentos pesquisados. Um herege discutiu com Rosa e foi desafiado a enfrentar uma fogueira. Rosa entrou na fogueira e saiu sem nenhum sinal de queimadura. Já o herege não resistiu às queimaduras. Um outro documento pesquisado afirma que Rosa fez cair o cabelo e a barba de um homem que zombava de sua fé. Depois, uma demonstração engraçada de fé e do poder de Rosa. Após ser acusada por uma mulher de lhe roubar uma galinha, Rosa fez crescer uma pena de galinha no rosto da acusadora, sua vizinha. Só depois da mulher admitir o erro que a pena veio a sumir. Nada era tão exótico como o ritual da hortelã. Segundo os documentos, Rosa colocava as folhas da planta no peito e dizia a sua mãe que aquilo era o símbolo do seu casamento com Jesus Cristo. Em 1853, Santa Rosa foi entronizada na Galeria dos Santos. E nossa cidade, com suas polêmicas e algo sempre diferente no ar, se assemelha e muito com a história da Rosa de Viterbo, que virou Santa e emprestou seu nome para o nosso município, com muita honra.

Á BEIRA DE SANTA ROSA DE VITERBO

Poema de Paulo Emilio Costa Leite (compositor, morou durante 10 anos em SRV, foi parceiro de João Bosco, Aldir Blanc, Ivan Lins, Djavan, Sueli Costa, Mauricio Tapajós, Marcello Lessa e outros - compos letras para diversos sucessos na voz de Elis Regina, Clara Nunes, Simone, João Bosco, Djavan e outros).

Então minha santa, já te confundiram com a Nossa Senhora de Aparecida, já te mandaram pro exílio por ordem e graça da tua força contra os poderosos, contra os ditadores e usurpadores. Já ti atribuíram bruxarias, que tu atravessavas fogueiras, deixava hereges sem cabelo e barba. Mas, veja que tantos ateus como cristãos falam de sua vida e tu eras tão menina, trancada naquele quarto de Viterbo, conservando hortelãs no peito. E tantos anos depois um casal adquire a sua imagem para que te conhecêssemos e adorássemos a tua fé, o teu mistério e déssemos o teu nome para a nossa maravilhosa cidade, condado de mentiras maravilhosas e maravilhosas verdades, e que neste mês, em plena adolescência faz 77 anos de idade, criança, portanto, frente a tua eternidade gerada um dia num jardim de Viterbo por amor de um jardineiro. E tu tens sempre regado nossos outeiros e procriado por amor ou por osmose tantos frutos dignos da tua bondade, modernos missionários enfrentando sem armas as monstruosidades de um mundo imensamente maior que aquele em que viveste, mas infinitamente menor comparado ao imponderável que tu conheceste. Teu exemplo de luta contra os Fredericos da vida, a tua esperança, a tua verdade, permanece em nós e nos dá força frente às inúmeras adversidades, pois se a parte está contida no todo, nossa pequena cidade faz parte deste mundo de tantas outras cidades. O teu todo, a tua história de cidadã de Viterbo, nos eleva a sermos cidadãos de Santa Rosa de Viterbo. E como exemplo de nós, temos aí o Espiguinha, o Chiquinho, em completa comum com o teu coração. E se trato agora por tu, é conseqüência direta da intimidade que o meu coração tem por vós. 
(PAULO EMILIO, setembro de 1987)

site da PM local.

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