domingo, 19 de maio de 2013

A REVOLUÇÃO DE 32

Itapetininga na Revolução Constitucionalista de 32
Folha de Itapetininga- 9/07
No dia 24 de outubro de 1930, o gaúcho Getúlio Vargas ascendia à presidência do Brasil por intermédio de golpe de estado apoiado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul. 
Com esse golpe que fomentou a Revolução de 1930, Getúlio derrubou do poder o presidente Washington Luís e ao mesmo tempo impediu que o itapetiningano e presidente recém-eleito, Júlio Prestes de Albuquerque, assumisse o cargo, encerrando dessa forma o período da República Velha e abrindo as portas para o Estado Novo. 
Entrementes, não estava toda a sociedade brasileira satisfeita com os rumos que a Revolução de 1930 e o governo provisório de Vargas haviam estabelecido para o país. 
De fato, não havia uma constituição em vigor e tanto o Congresso Nacional, quanto a Assembléia Legislativa e as câmaras municipais encontravam-se dissolvidas. 
Além disso, à frente de cada governo estadual existia um interventor federal nomeado por Getúlio, cuja mentalidade muitas vezes se contrapunha ao bem estar e aos interesses do estado que lhe fora confiado. 
O resultado não se fez por esperar. 
São Paulo passou a exigir o fim da ditadura do governo provisório e a promulgação imediata de nova Carta Magna para o Brasil. 
Diante da irredutibilidade de Vargas, São Paulo deflagra então o que se tornou o maior movimento cívico de sua história, a Revolução Constitucionalista de 1932, cuja revolta armada teve por estopim a morte de quatro jovens paulistanos, que a 23 de maio daquele ano, tentaram invadir as instalações da Liga Revolucionária, organização favorável ao regime getulista situada próxima à Praça da República, na capital. 
No confronto, os jovens Mário Martins de Almeida, Euclides Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Américo Camargo de Andrade não resistiram aos ferimentos recebidos e faleceram no local. 
O sacrifício deles, porém, não fora esquecido, porquanto as iniciais de seus nomes, M.M.D.C., tornaram-se a legenda pela qual milhares de outros jovens paulistas pegaram das armas pelo fim da ditadura e a promulgação de nova Constituição para o Brasil. 
Dois desses jovens foram Francisco Vieira Trindade e Osvaldo Raphael Santiago, os quais, oriundos das cidades de Guareí e Apiaí, respectivamente, voluntariam-se para integrar os batalhões que estavam em formação em Itapetininga, que naqueles idos sediava o 5º Batalhão de Caçadores, unidade transformada em Quartel General do Exército Revolucionário do Setor Sul, a comando do coronel Basílio Taborda. 
Por ser menor de idade, o soldado Osvaldo fora incluído como auxiliar da reserva de armamento e munição e o soldado Francisco, nos seus dezenove anos, como motorista do major Waldemar de Barros, comandante do recém-criado Batalhão de Voluntários de Itapetininga. 
Nesta unidade, serviu também no comando de uma de suas companhias o então 1º tenente Francisco Fabiano Alves, saudoso dentista e professor de várias gerações de itapetininganos. 
A 9 de Julho de 1932, inicia-se a Revolução Constitucionalista e nossa cidade destacada participação teve até o final do conflito a 2 de outubro daquele ano. 
De fato, além do batalhão de voluntários mencionado, outras unidades foram aqui criadas com destino ao front, como os batalhões “Borba Gato”, “Pirassununga” e “Brigada do Sul”. Atuando na região do Paranapanema e no eixo Itararé, Capão Bonito e Buri, os nossos voluntários enfrentaram as forças federais com galhardia, realizando os mais assinalados feitos de bravura, em especial no sangrento combate do Rio das Almas, ocorrido nas jornadas do dia 17 e 18 de setembro, quando resistiram à baioneta, até caírem mortos ou prisioneiros, os últimos defensores da trincheira paulista perante infantaria, artilharia e até bombardeio de aviação inimiga. 
Enquanto acirravam-se os combates e avolumavam-se os feridos, hospital de campanha fora aberto no Colégio Instituto Imaculada Conceição que chegou a atender mais de oitocentos combatentes para ali encaminhados. 
Partícipes do início até o término da revolução, os soldados Osvaldo Santiago e Francisco Trindade lograram, juntamente com o tenente Francisco Fabiano Alves, sobreviver aos horrores dos combates e retornar à paz de seus lares. 
A Fabiano coube retomar as suas atividades enquanto professor e dentista por demais conhecido e influente na vida intelectual de Itapetininga, vindo a falecer em 1990. 
Já Osvaldo e Francisco tornaram-se motoristas da regional do DER, mais tarde se aposentando e deixando ambos briosa e vasta descendência em Itapetininga e região. 
Não obstante, a larga passagem dos anos não os fez esquecidos. Nas comemorações do 9 de Julho de 2011, Osvaldo e Francisco, aos 96 e 98 anos de idade, respectivamente, foram homenageados pela Sociedade dos Veteranos de 32 com a sua honraria mais expressiva, a medalha Constitucionalista, em cerimônia ocorrida a 8 de Julho do corrente na sede do 22º Batalhão de Polícia Militar. 
Seus nomes, assim como os de Fabiano e tantos outros filhos de Itapetininga que lutaram por São Paulo não foram só naquela cerimônia enaltecidos, mas novamente o serão quando fizerem parte de monumento, nas unidades que serviram, a ser inaugurado nesta cidade em 2 de outubro de 2011, como preito de perenal agradecimento pelo sacrifício que realizaram e pela glória imarcescível que colheram na Revolução Constitucionalista de 1932. 
Jefferson Biajone é professor e secretário da AECBItape (Associação dos Ex-Combatentes do Brasil Secção Itapetininga)

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