sexta-feira, 5 de julho de 2013

SOROCABA: 1.856

Esta carta foi transcrita do jornal "O Sorocaba" de 15 de julho de 1.856 pelo jornal "Correio Paulistano" de 18 de julho do mesmo ano; encontrei-a nas pesquisas feitas junto ao Arquivo Público do Estado de São Paulo. 
Veja só:

"Por ora só tenho a participar-vos que ontem ao fechar da noite foram presos dois pretos, um dos quais diz ser forro e chamar-se Antonio, e outro João, escravo do Dr. Sampaio, de Campinas.
Apearam-se ambos à porta do negociante José Leite Penteado e começaram a comprar várias fazendas de alto preço, apresentando muitas moedas de ouro.
O negociante (honra lhe seja feita), desconfiando que seriam escravos fugidos, porque não conheciam as moedas que queriam dar em pagamento, os foi entretendo, e mandou avisar ao Tenente Coronel Bento Loureiro, suplente do delegado, que os mandou prender imediatamente.
O que disse chamar-se Antonio, figurava de patrão do outro; parece ter 20 anos de idade, mais ou menos; estava de gravata de seda mal enlaçada, colete, paletó e botas pretas grandes demais para seus pés; e o João estava vestido de roupa de algodão.
Passaram-lhes uma minuciosa revista e encontraram em um embrulho mais de dois contos e trezentos mil réis em ouro, prata e papel.
Sendo interrogados pelo delegado, responderam que iam a Itapetininga entregar aquele dinheiro ao dono de uma tropa, mas não apresentaram documento algum que comprovasse o seu dito.
O Antonio, apesar de ser algum tanto desembaraçado, gaguejava em suas respostas e tomava a palavra do outro, que pouco falava.
Está visto que são escravos fugidos, que roubaram aquele dinheiro e bom será que não tenham perpetrado algum assassinato.
Apresso-me em comunicar-vos estes fatos e espero que logo o publiqueis, a fim de que seus senhores, ou outros interessados, venham procurar na cadeia desta cidade e receber o dinheiro que se acha depositado em mão segura".

OBS: Ninguém assinou esta carta.

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