quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

EXISTE UM CEMITÉRIO ESQUECIDO NA RODOVIA DOS TROPEIROS

A capital do estado de São Paulo tem mais de quatro séculos de existência e o cemitério mais antigo é de 1827. 
Onde estão os falecidos antes desta data ? 
Os cemitérios antes eram nas igrejas e ao seu redor, e nada disso se preservou.
Na região de Cachoeira Paulista, acima deste morro se esconde um pequeno cemitério.
Fica nas margens da Rodovia dos Tropeiros. 
Não estávamos atrás deste local; eu e a historiadora Glaucia Garcia de Carvalho voltávamos de uma visita a outro cemitério, o de São José do Barreiro, onde tínhamos ido fazer uma reportagem. Na volta, ao fazer uma curva na rodovia notamos um quadrado branco que parecia ser de uma sepultura e resolvemos parar e ver o que realmente era aquilo. E foi assim que encontramos o cemitério.
De início, pensamos ser um daqueles túmulos ou cruzeiros que são instalados em beiras de rodovia quando alguém morre de forma trágica. Mas, ao subir o pequeno morro (foto anterior) nos deparamos com este pequeno cemitério: 
 


Trata-se de um cemitério bem antigo, com boa parte dos túmulos bastante deteriorados. 
A grande maioria das sepulturas estão com os nomes bem gastos ou danificados, de modo que foi quase impossível identificar a maioria dos sepultados ali. 
O túmulo mais bem preservado, e que foi possível ler o nome do falecido e data de sepultamento, aponta para o início do século 20, em 1906, com o nome de Serafim de Oliveira.
 
Túmulo de Serafim de Oliveira 

Ficamos no local por cerca de 30 minutos, fotografamos todos os túmulos, conversamos com pessoas das redondezas e voltamos para São Paulo. 
Alguns dias depois iniciamos uma pesquisa para tentar descobrir o que era aquele cemitério. 
Seria de uma antiga cidade que desapareceu? 
Seria um cemitério particular? 
Seriam restos de alguma fazenda cujos donos foram sepultados em sua propriedade? 
Nenhuma destas perguntas foi respondida até agora.
 
Uma vista mais aberta do cemitério abandonado

Como podemos ter um futuro se não preservamos nosso passado? 
Quem são estas pessoas que ali estão enterradas no meio do nada? 
Por que nossos órgãos de cultura e patrimônio não documentam estes espaços? 
É algo relativamente simples de se fazer, basta vontade e interesse em preservar a nossa história.
Apesar de esquecido, o cemitério não está exatamente abandonado. 
As sepulturas estão limpas e foram pintadas com cal, além da área ter mato cortado. 
Alguém, de tempos em tempos, passa por ali e toma esta atitude bacana. 
Mas quem seria esta pessoa? 
Algum voluntário? 
Algum descendente dos sepultados? 
São muitas perguntas sem resposta que precisam ser esclarecidas.
O cemitério margeia a Rodovia dos Tropeiros
Questionamos sobre o cemitério para alguns vizinhos próximos e também no Santuário de Santa Cabeça, que é relativamente próximo dali, e ninguém soube dizer mais nada sobre o local. Alguns sequer sabiam de que ali tinha uma cemitério.
A preservação dos espaços mortuários não é morbidez, mas sim uma importante preservação de nossa história. 
Cemitérios antigos contam muito a respeito de nossos antepassados e precisam ser catalogados e documentados. 
Se você conhece alguma informação a respeito deste local, entre em contato conosco. 
E se você é da região de Cachoeira Paulista, cobre as autoridades locais para preservarem e identificarem este cemitério.
Veja mais algumas fotos:








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Jornalista, fotógrafo e pesquisador independente, edita o site São Paulo Antiga e é membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP). 
Também edita o blog Human Street View, focado em comparações fotográficas entre a atualidade e o passado.  

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