quarta-feira, 25 de julho de 2018

Chavantes e a Revolução Constitucionalista de 1932

No dia 9 de julho, o estado de São Paulo comemora o aniversário do Movimento Constitucionalista de 1932. 
A data representa um marco importante na história do estado e do Brasil. 
O movimento exigiu que o país tivesse uma Constituição e fosse mais democrático.


Na época, Getúlio Vargas ocupava a presidência da República devido a um golpe de Estado, aplicado após sua derrota para o paulista Julio Prestes nas eleições presidenciais de 1930. O período ficou conhecido como "A Era Vargas". 
A Revolução Constitucionalista de 1932 representa o inconformismo de São Paulo em relação à ditadura de Getúlio Vargas. Podemos dizer que o Brasil teve quase uma guerra civil. 
Uma das principais causas do conflito foi a ruptura da política do café-com-leite - alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930). Alijada do poder, a classe dominante de São Paulo passou a exigir do governo federal maior participação. 
Como resposta, Getúlio Vargas não apenas se negou a dividir poder com os paulistas como ameaçou reduzir seu poder dentro do próprio estado de São Paulo, com a nomeação de um interventor não paulista para governar o estado. Os paulistas não aceitaram as arbitrariedades de Getúlio Vargas, o que levou ao conflito que opôs São Paulo ao resto do país.
Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o MMDC.


Vários jovens morreram na luta pela constituição. Entre eles, destacam-se quatro estudantes que representam a participação da juventude no conflito: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o célebre MMDC. O movimento marcou a vida de outros milhares de paulistanos e brasileiros. 

Governistas X constitucionalistas
No dia 9 de julho, o Brasil assistiu ao início de seu maior conflito armado, e também a maior mobilização popular de sua história. Homens e mulheres - estudantes, políticos, industriais- participaram da revolta contra Getúlio e o governo provisório de São Paulo. 
O desequilíbrio entre as forças governistas e constitucionalistas era grande. O governo federal tinha o poder militar e os rebeldes contavam apenas com a mobilização civil. As tropas paulistas lutaram praticamente sozinhas contra o resto do país. As armas e alimentos eram fornecidos pelo próprio estado, que mais tarde conseguiu o apoio do Mato Grosso.
Cerca de 135 mil homens aderiram à luta, que durou três meses e deixou quase 900 soldados mortos no lado paulista - quase o dobro das perdas da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial. 
Embora o movimento tenha nascido de reivindicações da elite paulista, ele teve ampla participação popular. Um dos motivos foi a utilização dos meios de comunicação de massa para mobilizar a população. Os jornais de São Paulo faziam campanha pela revolução, assim como as emissoras de rádio, que artingiam audiência bem maior. 
Até hoje, a história da Revolução de 32 é mal contada. Ou, pelo menos, é contada de duas formas. Há a versão dos governistas (getulistas) e a dos revolucionários (constitucionalistas). 
Durante muito tempo, a versão dos getulistas foi a mais disseminada nos livros escolares do país, mas hoje, com uma maior participação dos professores na escolha do material didático, a história também já é contada sob a ótica dos rebeldes. 
A importância do movimento é incontestável. Seu principal resultado foi a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, dois anos mais tarde. 
Mesmo assim, a Revolução de 32 continua como um dos fatos históricos do país menos analisados, tanto no tocante às causas quanto em relação às suas conseqüências. Os livros didáticos ainda trazem pouco sobre o tema.

Ouro para o bem de São Paulo
São Paulo, que em 1932 enfrentou isolado quase noventa dias de luta contra as forças getulistas, insuflou sua gente a uma arrecadação de fundos para sustento da Revolução. Foi a inesquecível campanha de "Ouro para o bem de São Paulo" (campanha aliás que o golpe de 64 tentou sem sucesso reeditar - 32 anos depois). 
Muitos doaram suas alianças de casamento, por não ter nenhuma outra peça de ouro para dar. Outros, mais ricos, chegavam a abrir mão de joias de grande valor, às vezes cravejadas de pedras preciosas. 
Os que aderiam à campanha recebiam um certificado (v. ao lado) com a inscrição "Doei ouro para o bem de São Paulo" ou um anel de metal com esta frase gravada. Mas o Movimento de 1932 teve seu findar antes da aplicação da maior parte dos recursos arrecadados. E para que o governo central não empalmasse os valores já apurados, o comando das forças paulistas doou os fundos à benemérita Santa Casa de Misericórdia, que com eles construiu – para perpétua memória do fato – um prédio retratando a bandeira paulista, chantado no Largo da Misericórdia, no coração de São Paulo. Projeto do Escritório Severo e Villares, datado de 1939, foi executado pelo Escritório Camargo e Mesquita. O edifício registra um dos maiores símbolos da guerra dos paulistas: a Bandeira de São Paulo. O prédio tem 13 andares representando as 13 listras da bandeira paulista. O mastro, representando as alianças doadas, foi decorado com um capacete constitucionalista. E o edifício recebeu o nome de "Ouro para o bem de São Paulo".




Em Chavantes
Chavantes foi palco dos conflitos da Revolução Constitucionalista. Como a cidade fica próxima ao Rio Paranapanema e faz divisa com o Paraná, os soldados paulista instalaram-se no município para tentar conter as tropas aliadas. 
Chegaram à cidade pela Estação Ferro Sorocabana. O Grupo Escolar de Chavantes foi transformado em quartel militar. Os soldados ficavam nas margens do rio, aguardando a chegada dos gaúchos. 
No local dos conflitos, existe uma pedra onde um soldado constitucionalista escreveu com sua baioneta. Hoje, é chamada de "Pedra da Revolução".



Outro marco importante foi a Ponte Pênsil Alves de Lima, que na época era utilizada para o escoamento da produção de café. “A ponte liga São Paulo ao Paraná e em 1930 já havia sido destruída pela Revolução Tenentista. Foi reformada, mas durante a Revolução 30 teve suas torres de sustentação bombardeadas para dificultar a entrada de tropas federalistas no Estado paulista. Em 32 ainda estava com a estrutura comprometida e foi utilizada como trincheira da batalha.Além de Chavantes, Ourinhos, Salto Grande e Santa Cruz do Rio Pardo também receberam os soldados.

Acervo da família do sr Amando P. Pires

Em 1932, foi formado o Batalhão Constitucionalista de Chavantes. Pertencia a Companhia do 9º Batalhão de Emergência da Força Pública de Bauru.
Seu comandante regional era o Major Capitão Naul de Azevedo e o comandante do batalhão 
era Arnaldo Ferreira da Silva.
Em Chavantes, o batalhão ficava alojado num QG provisório, chamado “Casa do Soldado” localizado na sede social da Associação Atlética Chavantense que também servia de hospital. 
Na rua Senador Mello Peixoto, 71, havia um armazém que foi transformado em depósito de mantimentos e munições, sob a responsabilidade do sr. Brandão, guarda livros em Santa Cruz do Rio Pardo.
Havia, ainda, outro acampamento na Fazenda Harmonia.
Foram componentes do Batalhão de Chavantes:
Comandante: Arnaldo Ferreira da Silva
2º Tenente: Amando Pinto da Silva
Oficiais:
Adelino Gião
Amando Pinto da Silva
Antonio Fontes Filho
Antonio Rubio Medina
Osvaldo de Almeida Leite
Jonas Moreira
José Elias de Moraes Filho
José M. de Mello
Dr. Leonel Pereira da Cunha
Mário Itaiubi Vieira
Oficiais Graduados:
Padre Antonio Faia
Alvaro Fontes
Astor Pereira da Silva
Dorival Vieira
Jacy Nogueira Cobra
José de Oliveira Fontes
José Rubio Medina
Soldados:
Antonio Luizon Garcia
Benedito Lé
Genariano Delmanto
José Alves
Leão Tropowisk
Marciano Vieira Martinelli
Vicente Brandi e outros
Alistados no mesmo Batalhão, em Ribeirão Claro:
Emilio Cury
Francisco Palladino
João Casquete
Hélio Camargo Rocha
Salvador Leonel
E outros
Sylvio Regalla alistou-se em São Paulo.

Batalhão Chavantes - 1932
Desconheço a autoria e propriedade.

Sylvio Regalla 
Acervo de Merenice Regalla Artalle
Sylvio Regalla
Acervo de Merenice Regalla Artalle

- site CHAVANTES/SP- LILIA ALONSO.

Um comentário:

  1. Sou neta de Jacy Nogueira Cobra, obrigada pela pesquisa, fiquei feliz em saber um pouco mais da história do meu avô.

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