domingo, 14 de outubro de 2018

HISTÓRIA DE NOVA ALIANÇA


A ORIGEM
Na década de 1900, o povoado de Monte Belo desencadeou um grande surto de progresso, onde a agricultura desempenhava um enorme papel gerando o desenvolvimento. Contava o povoado de Monte Belo, com uma população estimada em 500 habitantes, e uma estrutura urbana com farmácia, casas comerciais, cartório de registro, etc... Este crescimento foi interrompido por uma epidemia de malária que provocou elevado número de mortes. Provocou também a mudança de muitas famílias que, amedrontadas pelo surto epidêmico, foram viver em outras plagas. Uma situação idêntica ocorreu em Nova Itapirema, atualmente Distrito de Nova Aliança. No passado, denominada (Velha) Itapyrema, era localizada em outro ponto diferente do atual. Com o surto da epidemia de malária, os moradores de Itapyrema, e os proprietários rurais mais próximos foram obrigados a abandonar o local, para não se deixar contaminar pela doença que se alastrava rapidamente.

FUNDAÇÃO DO POVOADO
Depois da extinção da epidemia ressurgiu um povoado de forma ativa, com a sua nova população desejosa em produzir nas terras férteis para alcançar um desenvolvimento capaz de proporcionar condições de melhor sobrevivência. Assim surgiu NOVA ITAPIREMA, agora sem a letra “Y” na composição do seu nome. Precisamente no ano de 1910, portanto 10 anos após a eclosão do surto epidêmico que atingiu Monte Belo e Itapirema, que neste período lutaram para se reerguer, surgiu um fato novo nesta região, dando origem a fundação de uma futura cidade. As famílias de Zeferino Gotardi, Jorge Galvão, Paschoal Proto, Gasparo Traldi e Luis Guilherme, deixaram a cidade de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, escolhendo uma área aprazível em região fértil, cuja terra dadivosa e boa passaria a dar bons frutos. Assim que aqui chegaram o nome ALIANÇA foi escolhido, porque seus fundadores para cá vieram procedentes de uma fazenda denominada BELA ALIANÇA. Enquanto as propriedades rurais produziam as principais riquezas do povoado que passava então por surto vertiginoso de progresso também no setor comercial, as lideranças foram surgindo e a união de forças passou a imperar para que o povoado alcançasse sua condição de Distrito.

CRIAÇÃO DO DISTRITO
Diante de tanto progresso, desenvolvimento e certeza de um futuro próspero, surgiram lideranças naturais ansiosas na conquista de autonomia. Em 28 de dezembro de 1926, através do Decreto Lei Estadual nº 2174, o povoado foi elevado à condição de Distrito, pertencente ao município de Rio Preto, atual São José do Rio Preto.

A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO
A partir então do ano de 1926, as cabeças mais brilhantes já pensavam na elevação do Distrito a município. Onze anos mais tarde, em 1937, concretizou-se um movimento forte esboçado durante anos visando à elevação de Nova Aliança a município. Todavia a reforma política ocorrida no Brasil, com o “Estado Novo”, do Governo Getúlio Vargas, este movimento aliancense ficou grandemente prejudicado. Os acontecimentos políticos da época provocaram a estagnação dos documentos que comprovavam a necessidade da criação e instalação do município de Nova Aliança. Porém em março de 1943, em plena ditadura getulista, e no auge da Segunda Guerra Mundial, o movimento foi reiniciado. Pelas Atas das reuniões da Comissão Executiva, que lutou pela emancipação de Nova Aliança, encontramos os nomes dos senhores: Dr. Affonso Sanches, Arlindo Freitas Castro, Dr. João Sperandéo, Dr. Lino Braile, Simão Daud, Eduardo Lucas, Francisco Maritan, Elias Daud, João Baptista Gerim, Mansor Daud, agro pecuarista Luís Maia, residente na Capital, Frederico Pinto Ferreira Coelho, Zefiro Gotarde, Manoel Pereira dos Santos, Ângelo Crespo Peres, Abdo Ayruth, Hildebrando Locatelli, José Theodoro de Melo, João Oliveira Mafra, tendo também batalhado o Dr. Aureliano Mendonça, Eduardo Piton, Rosinha Proto Carneiro, Antônio Benjamin, Gabriel Cozeto, Benedito Soares Dias e Domingos Cocenza. Conhecedor profundo da nossa região, o Dr. Theotônio Monteiro de Barros Filho, Secretário da Educação, foi um grande Embaixador de Nova Aliança, junto ao Interventor do Estado Dr. Fernando Costa.

CRIAÇÃO E EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO
Em 20 de novembro de 1944, através do Decreto Lei Estadual nº 14334, o Distrito foi elevado à categoria de Município, com o nome de Nova Aliança (Sede), tendo Nova Itapirema, Mendonça e Adolfo como Distritos e Monte Belo como Povoado, desmembrados do município de São José do Rio Preto. Nova Aliança era então um dos maiores municípios do Estado de São Paulo em extensão territorial, perdendo tão somente para o município de Araçatuba, o maior na época. O município de Nova Aliança foi instalado em 01 de janeiro de 1945. Comemora-se o dia do município, a 12 de outubro, também consagrado a Padroeira Nossa Senhora Aparecida. Nova Aliança também é conhecida por CIDADE TERNURA.
Fonte: Texto, extraído da reportagem do Jornal Diário da Região, publicado em 13/08/1995.

TRIÂNGULO DE MACONDO
Itapyrema, Monte Belo e Nova Itapirema: a história vem se repetindo desde o início do século, numa sequência fabulosa com o destino de MACONDO, a cidade imaginária do romance de Gabriel Garcia Márquez no livro “Cem Anos de Solidão”. Depois de um século, de MACONDO, não resta pedra sobre pedra, apenas o vento poeirento varrendo o passado. Assim aconteceu com Itapyrema, na beira do Córrego Farturinha: hoje, apenas três lápides do cemitério carcomidas pelo tempo, mantêm-se de pé, num velho cercado de estacas de aroeira num quadrilátero de 50x50 metros ao meio de uma palhada de milho. Do povoado florescente nas duas primeiras décadas do século passado, não restou nem o alicerce das casas. Por muito pouco, Monte Belo não sofreu o mesmo destino. Este povoado por duas vezes sucumbiu e resistiu ao mesmo tempo. Primeiro, nos anos de 1920, a povoação foi dizimada por uma epidemia de malária (maleita, como dizem os moradores). Os que não morreram migraram, mas alguns acabaram ficando e Monte Belo resistiu ao tempo. No final da década de 1950, houve um segundo declínio, mas desta vez os moradores jogam a culpa na política. Formando o “TRIÂNGULO DE MACONDO” está Nova Itapirema. Esse povoado surgiu com o declínio de Itapyrema e Monte Belo. Hoje, com algumas centenas de habitantes, também corre o risco de morrer.
Autor do Texto: Professor Lelé Arantes.

REGISTROS DO HISTORIADOR - LINHA DO TEMPO

DISTRITO DE MONTE BELO
Na Encyclopédia e Diccionário Internacional de 1905, constata-se a primeira referência aos distritos de Paz e aos distritos policiais de Rio Preto. Eram distritos de Paz: Tanabi, Ibirá, Avanhandava, Vila Adolpho, ITAPIREMA e Itapura. Os Distritos policiais eram os seguintes: Guanabara, MONTE BELO, Piassava, São Domingos do Cerradinho, São Sebastião da Cachoeira, Serradão e Três Córregos. Muitas dessas localidades tornaram importantes cidades. Vila Adolpho, por exemplo, hoje é Catanduva. Outras localidades sucumbiram e caíram no esquecimento. O distrito de Itapirema praticamente sumiu do mapa, há alguns túmulos em ruínas dentro de uma fazenda e mais nada. Monte Belo possui apenas algumas casas num quadrilátero, um bar, uma pequena capelinha e um salão de festas. É bairro rural de Nova Aliança e a distancia dela, aproximadamente 2,5 quilômetros.

ASCENSÃO E DECADÊNCIA DE MONTE BELO
Em 1923, o distrito de Itapirema foi transferido para Monte Belo, e nos primeiros anos da década de 1920 a localidade desfrutou de um relativo desenvolvimento. Em 1927, Monte Belo tinha escola com 37 alunos matriculados, e a localidade se destacava pelos bons solos e pela indústria pastoril. Moradores locais tem a tradição oral de afirmar que Monte Belo era para ser Rio Preto. Relatam que ali já teve mercearias, borracharias, máquinas de beneficiar arroz dentre outros estabelecimentos comerciais.

NOVA ITAPIREMA
Conforme relato do saudoso Fidélis Silva, antigo morador de Nova Itapirema, tal distrito foi iniciado por um singelo lavrador, de onde a história só lhe guarda o prenome, senhor ESTEVÃO, arrendatário da então propriedade da família Lucatto. Ainda de acordo com nosso cronista, o nome ITAPIREMA (do latim, ITA = PEDRA, PIRES = FOGO) derivaria de uma antiga maldição, originária do povoado que se convencionou chamar de Itapirema Velha. Um morador, acusado injustamente de desonrar uma moça, foi alvo da ira da população local, que lhe causou a morte espúria. Porém, antes da execução, apelou a salvação ao sacerdote. Este clamou a população a conceder a misericórdia ao suposto violador, sob pena de ser amaldiçoada com a infertilidade da terra, que arderia em brasa para sempre, tornando a habitação no local insuportável. Fato ou Lenda, o morador foi executado com a pena capital, e, tempos depois, a área de Itapirema Velha tornou se tão quente que, aliada à epidemia de malária, forçou seu fim. Relata-se que as ruínas do cemitério da antiga vila até hoje tem o chão em brasa, fazendo jus ao nome. 

Fontes:
Colaboração: Luciano Lourenço
Fotos do Acervo Digital: Gentilmente cedidas por Emílio Carlos Vessechi
Site da PM local.

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