terça-feira, 27 de novembro de 2012

A LIRA PILARENSE - HISTÓRIA DE JOSÉ ROSA



" Corria o ano de 1.951 e na cidade de Juquiá os preparativos para a festa do Divino Espírito Santo corriam a todo vapor. 
O meu primo José de Paula Rosa, ou Zé do Caetano, como era conhecido em Pilar, era o agente de estatística, lotado na agência do I.B.G.E. local e participante ativo na comunidade local. 
A festa ocorreria no mês de setembro, dia 23, e, bem antes disso, ele, como bom filho de Pilar, não como eu, que sou desnaturado e visito a terrinha de vez em quando, foi visitar os parentes, bem antes dos festejos.
Tendo comentado sobre a grandiosidade da festa, o Sr. Gabriel Válio, nosso parente, prontificou-se em levar a nossa Corporação Musical Lira Pilarense para abrilhantar os festejos, pois lá não tinha banda de música. 
Digo nossa porque foi nela que me iniciei. 
A alegria foi geral. 
Este ano teremos uma banda na festa do Divino, diziam os moradores. 
E tudo foi se organizando, de modo que as famílias recebessem os músicos para o almoço, lanche etc. e tal. Sobrou famílias querendo recepcionar os músicos pilarenses..
Mas, como sempre tem um “mas”, umas semanas antes, Caetaninho, como também era conhecido, recebeu um telegrama de Gabriel informando-o da impossibilidade de levar a banda até lá, devido a dificuldades com condução, disponibilidades dos músicos etc. e tal. 
O desespero foi grande. 
Caetaninho não sabia o que fazer. 
No dia da festa vou sumir pro mato, pensava ele. 
Naquele tempo, palavra dada era compromisso assumido. Diferentemente dos dias de hoje, quando, mesmo com contrato assinado e registrado em cartório, não se tem certeza do seu cumprimento. 
Com os ânimos amainados, no dia da festa, logo pela manhã Caetaninho foi à missa. 
Mal tinha iniciado a celebração ouviram-se uns acordes musicais, que iam aumentando a medida em que subiam as ladeiras. 
É uma banda, diziam, mas de onde veio? 
Surpresa geral... 
Era a nossa Lira Pilarense, que surgia marchando garbosamente. 
Como isso teria acontecido? 
Só então Caetaninho ficou sabendo dos fatos. 
O pai dele, Sr. Caetano Paulino, comentou em Pilar o que estava ocorrendo. E o Gilico, ou seja, o Brasilino de Morais Rosa, que era contra mestre da banda, tomando conhecimento da situação ficou indignado. 
Não podemos deixar um pilarense passar um “carão” desses, dizia ele. E arregimentou os músicos disponíveis, que subiram na carroceria de um “fordinho”, conduzido pelo trombonista Osvaldo Nogueira, filho do Pedrinho Aspensada, rumaram, de madrugada, para Juquiá. 
E lá foram Leônidas Sapateiro, Nenê Pereira, Chico Carancho, Zé Bueno, Antônio Mirim, Deolindo e mais alguns outros que me fogem à memória. 
E foi um dia memorável, com o pessoal da banda animando a festa, passeando em canoas pelo Rio Juquiá, na mais comp
leta alegria".

Transcrito do Blog "CAMINHOS DO SERTÃO", administrado por Luiz Proença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário