quinta-feira, 7 de julho de 2016

O VIGILANTE RODOVIÁRIO MORA EM ÁGUAS DA PRATA


 
A edição 2016 do CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto, que aberta no dia 23 de junho último, quis chamar atenção para um tema especial: a preservação dos arquivos de TV. 
Uma produção que faz parte da memória audiovisual de mais de uma geração é o filme "O Vigilante Rodoviário". 
Criado pelo diretor Ary Fernandes e pelo produtor Alfredo Palácios, foi o primeiro seriado feito no Brasil, tendo estreado na TV Tupi, em 1962. 
O ator paulista Carlos Miranda, intérprete do inspetor Carlos, personagem principal do filme, hoje com 83 anos de idade, mora em Águas da Prata (SP). 
Nos 38 episódios das três temporadas da série, Miranda deu vida a um policial com jeito de galã, sempre acompanhado do cão Lobo, que, a bordo de uma motocicleta Harley Davidson ou de um carro Simca Chambord, lutava contra o crime nas beiradas das rodovias nacionais. Tipo idealizado pelos realizadores a partir de um sonho: criar um herói 100% brasileiro.
O cão na realidade se chamava King, mas como era um nome inglês, passou a ser chamado de Lobo.
Salário de ator de cinema, na época, era modesto, “dois salários-mínimos”. 
Era trabalho diário, “de segunda a sábado, das 5 da manhã até a tarde”, com muita preparação, já que não existia videotape (a série foi feita em película), afirma Miranda.
Fazer série de TV quando “nem se falava em programação brasileira na televisão”, conta o ator, foi uma aventura. “Os colegas diziam: vão brigar com os norte-americanos? Soava impossível meia dúzia de brasileiros enfrentarem os enlatados que chegavam ao país”, recorda, lembrando que o Brasil foi o segundo país do mundo a fazer séries de televisão (o terceiro foi o Japão).
Quando "O Vigilante Rodoviário" foi ao ar, o campeão de audiência era Rin-Tin-Tin. 
A série brasileira empatou com a audiência da produção norte-americana na primeira semana e superou-a na segunda.
“O sucesso deve-se ao carinho com que o Vigilante foi concebido e realizado. É série para crianças, mas com apelo cultural e educacional, mostrando boas ações e vitória do bem contra o mal. Por ser sinceramente assim, marcou muito as pessoas”, analisa.
Resgatado nos anos 1970, o filme nunca mais saiu do ar tendo sido exibido nos mais diversos canais de televisão. Atualmente, conta Carlos Miranda, está na 17ª reprise na TV Brasil.


O ator, que se tornou PM depois do seriado, posa num modelo Simca Chambord.

Nenhum comentário:

Postar um comentário