terça-feira, 21 de março de 2017

CIDADE LIVRE DO RIO PARDO

 
Corria o ano de 1870 quando o Coronel Antonio Marçal Nogueira de Barros, rico fazendeiro, achando longa a distância e intransitáveis as estradas para Casa Branca, Caconde e outras localidades vizinhas, congregou os moradores das cercanias para a construção de uma pequena capela, sob a invocação de São José e que servisse aos exercícios religiosos. Ao redor da capela logo formou-se um povoado, que prosperou e cresceu merecendo, assim, ser elevado à categoria de vila e distrito de paz.
Orgulham-se os habitantes desta cidade de terem sido os primeiros do Brasil a romper os laços com a Monarquia, antes de ter sido proclamada a República, em 15 de novembro de 1889.
O episódio teve seu prelúdio em junho de 1889 quando membros da Sociedade Italiana XX de Setembro, infiltrados entre os republicanos, depois de uma festa de assentamento da pedra fundamental de sua sede, saíram às ruas, cantando a Marselhesa e defrontando-se com monarquistas. Houve agressão, confusão e envio de tropas.

 

Dois meses passados, depois de aparente paz, a contenda recomeçou. Na noite de 10 de agosto, o Hotel Brasil, do republicano Ananias Barbosa, foi atacado pela polícia, depois de uma reunião e homenagens ao pregador republicano e líder, Francisco Glicério. Na manhã seguinte, 11 de agosto de 1889, os republicanos prenderam o sub-delegado de polícia, José Honório de Araújo, e o chefe liberal, Saturnino Barbosa. Apoderaram-se do edifício da Casa da Câmara e Cadeia, que representava a força e a lei, hasteando a bandeira revolucionária de Júlio Ribeiro, proclamando a República, sob o som da proibida Marselhesa.

 
O sobrado de Honório Luís Dias (hoje demolido) transformou-se em fortaleza e sede do governo municipal. No dia seguinte, à tarde, a tropa chegada de São Paulo retomou a cidade dos republicanos. 
Três meses depois, 15 de novembro, uma nova forma de governo se implantava no Brasil: a República. 
Em 29 de maio de 1891, Américo Brasiliense, Governador do Estado, pela lei nº 179, elevou a Vila de São José do Rio Pardo à categoria de Cidade, com a denominação de Cidade Livre do Rio Pardo, que vigorou por apenas oito dias, pois os rio-pardenses, embora engrandecidos e orgulhosos, preferiram a denominação primeira e original. O Decreto 207, de 6 de junho, retificou o anterior, passando a Cidade a denominar-se, novamente, São José do Rio Pardo, berço da República e de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha.

 
A Casa da Câmara, que abrigava os três poderes, aos poucos tornou-se pequena para o pujante município. Em suas dependências achavam-se instalados: a Câmara, a Intendência, o Fórum, a Coletoria, o corpo de guardas e duas celas para presos. A reforma pleiteada da Casa da Câmara e Cadeia não se realizou. A Câmara encontrou a solução para preservá-la. Adquiriu, em 1901, o terreno ao lado do seu, doando-o ao Estado para a construção do Fórum. Com o decidido apoio do Dr. Antônio Cândido Rodrigues, então Secretário da Agricultura, o edifício do Fórum e Cadeia foi inaugurado em 1902, desafogando a Casa da Câmara.
Em 1968, os poderes constituídos: Legislativo, Executivo e Judiciário transferiram-se da Praça Capitão Vicente Dias para edifícios próprios, construídos na Praça dos Três Poderes.
E a antiga Casa da Câmara e Cadeia, que abrigou tantos momentos históricos de São José do Rio Pardo, resiste. Hoje, está preservada pelo Município, pela Lei 1.067, de 3 de outubro de 1979, que a declara de interesse histórico e cultural.

Origem do Nome
Do santo São José, pela capela construída em homenagem a este Santo peregrino, protetor dos viajantes e desde 1870 patrono da Igreja Universal, e Rio Pardo, pelo rio que banha o município.
 
 

O Rio Pardo nasce de uma pequena mina, de águas límpidas, na Serra do Cervo, nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, município de Ipuiuna no estado de Minas Gerais. Atravessa a região noroeste do estado de São Paulo e, após percorrer 573 Km, deságua no Rio Grande, na divisa com o estado de Minas Gerais. O Rio Pardo fertiliza os solos mais férteis do Brasil, os lactossolos de terra roxa, que possibilitaram o ciclo econômico do café, nas décadas de 20 e 30. Direta ou indiretamente, banha doze cidades mineiras e trinta e oito cidades paulistas. Eis algumas delas: Caldas, Poços de Caldas, Caconde, Tapiratiba, São José do Rio Pardo (que tem a única zona urbana cortada pelo Rio), Divinolândia, Vargem Grande do Sul, Mococa, Casa Branca, Serra Azul, Serrana, Jardinópolis, Ribeirão Preto, Barretos e Colômbia. Em São José do Rio Pardo os três afluentes mais importantes são o Fartura, o Verde e o Rio do Peixe. O maior afluente do Rio Pardo é o Mogi-Guaçu.

Fonte: Dr. Pintassilgo

2 comentários:

  1. Olá, meu nome é Victória e minha avó é descendente direta do Coronel Antônio Marçal, eu tenho um livro de família com diversas informações sobre e também sobre São José do Rio Pardo. Teria algum e-mail para contato?

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  2. Procuro a certidão de óbito do meu tataravô Giovanni Cobalchini que chegou no Brasil em 1891 e foi trabalhar na fazenda Vila Costina. Alguém poderia me ajudar?

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