quarta-feira, 23 de abril de 2014

De Gointaoga a Sete Barras



















Para os índios, era Gointaoga, ou na ortografia colonial Goyntahogoa. Mas vieram os brancos, e com eles a febre do ouro e a poesia das lendas. Muitas lendas se criaram sobre o ouro: as lendas das sete barras, e Gointaoga se chamou Sete Barras.
A Lei Provincial nº 28, de 10 de março de 1.842, criou o Município de Xiririca, com território desmembrado de Iguape. Gointaoga ou Sete Barras – o vilarejo de mineradores passou a pertencer à nova vila. Anos depois, mais precisamente no dia 23 de março de 1885, a Lei Provincial nº 58 criava o Distrito de Paz de Sete Barras, no Município de Xiririca.
Quando da criação no Brasil do registro civil, Sete Barras teve instalado o seu Cartório de Registro, um dos primeiros do país.
E em 11 de julho de 1891, registrava-se já o primeiro nascimento: Maria, filha de Salvador Trudes de Morais e Costa, e sua mulher Anna Fermina de Sant’Anna, nascida em 25 de junho do mesmo ano. Registrava-se também a primeira habilitação para casamento civil no distrito: Custódio Evaristo da Costa e Maria Olímpia Firmina.
A 12 de agosto de 1.920 teve início a colonização japonesa no distrito. A Kaigai Kogio Kabushiki Haisha - KKKK, (Compania Ultramarítima de Desenvolvimento Comercial), além da colonização agrícola, explorava também o ouro da região, não só o garimpo do aluvião, como a Mina do Cavalo Magro, hoje propriedade do Instituto Florestal do Estado de São Paulo - Fazenda Intervales) e desativada. Voltava-se ao ciclo do ouro, e às lendas sobre o ouro. Rapazes aventuraram-se às margens do Rio Laranjeirinha e até mesmo ao Quilombo para batear ouro nos dias de folga.
Contam que um jovem japonês, bateando aos domingos nos ribeirões próximos, chegou a juntar mais de dois quilos de ouro em pepitas. O novo ciclo, entretanto, deveria acabar com a liquidação da KKKK, durante a Segunda Guerra Mundial, devolvidas as terras restantes e as instalações comerciais e industriais da companhia japonesa ao Governo do Estado, a mina foi cercada, guardada e desativada; as lendas sobre o garimpo arrefeceram, e Sete Barras voltou suas atenções para a banana, vindo a merecer o nome de "Ouro Verde do Vale".
Em 1944, quando da criação do Município de Registro, o distrito de Sete Barras foi desligado de Xiririca, recebendo o acréscimo de uma parte do distrito de Juquiá, para juntamente com o distrito de paz de Registro, formar o novo município.
Poucos anos ficou Sete Barras agregada a Registro.
Em princípio de 1958, um grupo de moradores locais começou o movimento pela autonomia do município. Algumas dificuldades tiveram que ser superadas, entre elas a distância da sede municipal, que a Lei fixa em 20 quilômetros; Sete Barras fica a pouco mais de 18 quilômetros de Registro. Contam que para atingir a distância mínima, a medição foi levada até a porta da matriz, superando por poucos metros o limite mínimo. Provadas as condições legais para a autonomia, foi realizado o plebiscito entre os moradores do local.
Para os índios, era Gointaoga. Para os brancos que vieram depois, era Sete Barras. "um prenúncio do Eldorado". Para o japonês, em procura de espaço de terra, foi Canaã ou Xangrilá. Para os setebarrenses de hoje, descendentes dos índios de Gointaoga, dos brancos de Eldorado, dos japoneses de Xangrilá, é Sete Barras – o Ouro Verde do Vale, cognome adotado pela Lei Municipal nº 429/75 de 28 de novembro de 1.975.
Fonte: Blog Sete Barras Antiga

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