domingo, 13 de abril de 2014

O OURO EM SÃO PAULO, SEGUNDO H. BAUER

No ano de 1877, o engenheiro de minas H. Bauer publicou no extinto jornal "MUNICÍPIO", de Itapetininga, vários artigos sobre a mineração na província de São Paulo.

Este artigo a seguir foi transcrito do Estadão de 06 de julho de 1877:
- É sabido por todos os moradores dos municípios do sul de nossa província que no século passado a mineração do ouro era quase a única indústria de que nestas paragens o povo se ocupava. 
A fama das minas de Apiaí, já em 1625 tinha alcançado a Europa e os trabalhos executados no Morro do Ouro provam que aquela mineração foi feita com bastante critério.
As minas do Iporanga descobriram-se em 1750, pouco mais ou menos, e em 1600 já se exportava ouro de Cananeia e Xiririca.
As minas do Paranapanema devem datar do mesmo século e os trabalhos que se encontram nos lugares denominados Guapiara, as Mortes e muitos outros, provam que não foi pouco o serviço que ali se empregou.
Estas lavras, entretanto, foram mal principiadas e ainda mal continuadas e isto de uma maneira tal que muito mais da metade do ouro ficou no lugar.
Além das paragens mencionadas há muitas outras onde os antigos mineiros fizeram tentativas e estabeleceram às vezes lavras assaz extensas enquanto em outros cascalhos o exame superficial parecia lhes provar a pobreza do jazigo que foi, por isto, imediatamente largado.
É justamente aí que provavelmente encontrarão grandes riquezas.
Em todo caso pode-se afirmar com certeza que os antigos mineiros não tiraram a décima milésima parte do ouro contido nestas regiões.
O terreno aurífero ocupa os municípios de Xiririca, Iporanga, Apiaí, Faxina e Paranapanema, e parte dos de Iguape, Cananeia, Itapetininga, Castro e Coritiba, estendendo-se talvez ainda mais longe.
Somente os jazigos por mim até agora explorados, posso avaliar em 95 milhões de metros cúbicos de cascalhos, e admitindo-se que cada metro cúbico contém, termo médio, 2 gramas de ouro ( o que fica sem dúvida aquém da verdade), estes jazigos podem fornecer 190 toneladas deste precioso metal.
Além do ouro espalhado no cascalho, encontra-se neste país este metal em várias rochas e em filões.
A riqueza destes escapa inteiramente aos cálculos, sendo eles quase desconhecidos e precisando de um estudo apurado.
Acha-se, como já disse, o ouro em jazigos realmente muito diferentes e entre eles, os seguintes são os mais frequentes: 1o. o cascalho aurífero; 2o. os filões de vários minerais contendo ouro e, finalmente, 3o. o ouro no estado de divisão extrema, nalgumas rochas eruptivas, ou mesmo sedimentárias, porém, metamorfoseadas.
Para se explicar a presença deste metal em camadas e filões tão diferentes, é necessário admitir-se uma hipótese sobre a sua formação.
Esta hipótese deve naturalmente concordar o mais possível com os fatos observados.
Admite-se geralmente que o ouro saiu do interior da terra junto com as rochas eruptivas, e num estado mais ou menos fluído, e introduziu-se neste estado, talvez gasoso, nos filões e nas rochas sedimentárias.
Nestas erupções de rochas ígneas, o ouro foi acompanhado de outros metais que depositaram-se junto com ele".
      

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