Na primeira página do jornal a chamada para o caderno interno, com o texto: "Reginópolis terá sua história contada através da aquarela.
Fausto Bergocce e Henrique Perazzi de Aquino estão lançando "Reginópolis - Sua História".
A obra mostra a cidade através de textos, fotos e aquarelas". Em três páginas, todas com texto da jornalista RITA DE CÁSSIA CORNÉLIO e reprodução abaixo, o pontapé inicial via imprensa de uma obra, minha primeira, sétima de Fausto. Além do texto, em primeira mão, páginas do livro.
TEXTO 1 - Reginópolis poderá ser vista em aquarela
Quem ainda não conhece o município de Reginópolis (70 quilômetros de Bauru) poderá conhecê-lo por meio do livro “Reginópolis, sua história”, de autoria de Fausto Bergocce e Henrique Perazzi de Aquino.
TEXTO 1 - Reginópolis poderá ser vista em aquarela
Quem ainda não conhece o município de Reginópolis (70 quilômetros de Bauru) poderá conhecê-lo por meio do livro “Reginópolis, sua história”, de autoria de Fausto Bergocce e Henrique Perazzi de Aquino.
A obra, que terá lançamentos em Reginópolis, Bauru e São Paulo, retrata a cidade natal do cartunista Fausto Bergocce por meio de textos, fotos e aquarelas.
São 270 desenhos intercalados por textos que dão uma noção bastante próxima da realidade.
Em Reginópolis, o lançamento foi no dia 9 de dezembro de 2011, e em Bauru, dia 13. Na Capital, a data ainda não está agendada, diz Fausto Bergocce.
Em Reginópolis, o lançamento foi no dia 9 de dezembro de 2011, e em Bauru, dia 13. Na Capital, a data ainda não está agendada, diz Fausto Bergocce.
Autor de quatro livros, ele, que é chargista e ilustrador, confessa que o livro sobre Reginópolis era um projeto de vida. “Eu já fiz alguns livros e pensei: tenho que fazer o livro da minha cidade. E transformei essa ideia num projeto de vida. Demorou quatro anos para viabilizar o projeto. Desde 2007 visito Reginópolis, fotografo e fico pensando na possibilidade de fazer um livro. Nesse ínterim, busquei patrocínio.”
Após conquistar o patrocinador Washington Umberto Cinel, que é natural da cidade, Fausto convidou o historiador Henrique de Aquino para escrever os textos que intercalam as aquarelas.
Após conquistar o patrocinador Washington Umberto Cinel, que é natural da cidade, Fausto convidou o historiador Henrique de Aquino para escrever os textos que intercalam as aquarelas.
“Escolhi a técnica de aquarela porque é um encantamento fazer um desenho com ela. A aquarela é uma técnica fantástica, além de ser um trabalho feito no papel.
Foram 10 meses de trabalho.
Fiz desenhos de até um metro de comprimento. Não quero vendê-los, porque eu sonho em ter um memorial em Reginópolis. Quero ceder esses originais para esse memorial para ficar exposto de maneira permanente, porque conta a história da cidade. Faço questão de não vender nenhum deles.”
Fausto nasceu em Reginópolis em 1952 e lá viveu até os 12 anos. Saiu da cidade em 64.
Fausto nasceu em Reginópolis em 1952 e lá viveu até os 12 anos. Saiu da cidade em 64.
“Foram os melhores anos de minha vida. Eu era uma criança muito feliz. Ser moleque numa cidade com uma natureza exuberante, cheia de encanto e simplicidade é tudo de bom.” Para definir o que seria retratado no livro, Fausto Bergocce usou critérios.
“Eu escolhi três itens para guiar o trabalho: natureza, arquitetura e pessoas. A natureza porque em Reginópolis ela é vigorosa. A arquitetura para que as pessoas possam ter noção dos prédios, e as pessoas porque são elas que dão vida à cidade.
No início escolhi os mais próximos, depois quando o livro tomou forma, comecei a desenhar personalidades e as pessoas simples que deram valorização maior ao livro. Não só registrar as pessoas importantes, as pessoas simples retratam a comunidade. Fotografei e desenhei todo tipo de pessoa, desde o gari, ex-prefeito, professor, engenheiro da cidade.”
Durante as idas e vindas a Reginópolis, Fausto conversou com muita gente, fotografou lugares e recordou o período de infância.
TEXTO 2 - Uma bela viagem pelo tempo
Folhear ou ler o livro “Reginópolis, sua história” é uma verdadeira viagem ao município que fica, em linha reta, a 325 quilômetros de São Paulo e a 70 quilômetros de Bauru.
TEXTO 2 - Uma bela viagem pelo tempo
Folhear ou ler o livro “Reginópolis, sua história” é uma verdadeira viagem ao município que fica, em linha reta, a 325 quilômetros de São Paulo e a 70 quilômetros de Bauru.
Logo nas primeiras páginas, as aquarelas, que mais parecem fotografias, retratam o mercado, a drogaria, a óptica, o escritório de advocacia e a loja de produtos agrícolas.
O hotel pousada, o ex-mascote da pousada, o gato Bentoca, o Terminal Rodoviário e o posto de combustível dividem a página com a mangueira e os moradores que jogam baralho.
O hotel pousada, o ex-mascote da pousada, o gato Bentoca, o Terminal Rodoviário e o posto de combustível dividem a página com a mangueira e os moradores que jogam baralho.
O texto passeia pelas informações que marcam o município. A agricultura, base da economia da cidade - 80% dos moradores vivem dela - é composta de cana-de-açúcar, pimentão, café, laranja e gado.
“O pimentão desponta como propulsor de excelentes negócios na região, onde a horticultura é uma forte fonte de renda de aproximadamente 250 famílias. O café resiste, a laranja ocupa parcela significativa de terras. O gado não tem a mesma pujança de antigamente.”
O cenário é dominado por pequenos e médios proprietários, poucos arrendatários e algumas grandes fazendas.
“Presença perceptível no entorno das estradas é a macaúba, uma espécie de coquinho, nativo da região, a enfeitar os caminhos.”
Na área comercial, uma pedreira fez a fama da cidade, conhecida por pavimentar residências e vias País afora. O município, que se gabava por possuir mais mulheres que homens, hoje é a 5ª cidade em porcentagem de população masculina, com 63,93%, graças a implantação de dois presídios que abrigam 1.800 detentos. Em Reginópolis, os poucos mais de 7 mil habitantes vivem melhor do que a média nacional. Contam com serviço de água, luz elétrica e rede de coleta de esgoto. “São aproximadamente 1.400 residências, mais de mil contam com telefone.”
Na área comercial, uma pedreira fez a fama da cidade, conhecida por pavimentar residências e vias País afora. O município, que se gabava por possuir mais mulheres que homens, hoje é a 5ª cidade em porcentagem de população masculina, com 63,93%, graças a implantação de dois presídios que abrigam 1.800 detentos. Em Reginópolis, os poucos mais de 7 mil habitantes vivem melhor do que a média nacional. Contam com serviço de água, luz elétrica e rede de coleta de esgoto. “São aproximadamente 1.400 residências, mais de mil contam com telefone.”
A não existência de campainhas nas residências é característica e demonstração de amizade. Para chamar os moradores, basta bater palmas ou chamar pelo nome, afinal todo mundo se conhece. As bicicletas como meio de locomoção é outra marca do município. “Uma pesquisa constatou a existência mais de bicicletas do que veículos motorizados em sua área urbana que não possui aclives acentuados.”
Reginópolis foi visitada por pesquisadores europeus -
Reginópolis foi visitada por pesquisadores europeus -
O livro “Reginópolis, sua história” está repleto de curiosidades, registro de fatos que ocorreram nos anos 30 e que até hoje está na memória dos antigos moradores.
“Até hoje se comenta muito de uma luminosidade que percorre os viajantes na estrada e tem muito a ver com a questão rochosa da região. Ali tem pedreiras famosas e nos anos 30 o jornal “O Estado de São Paulo” fez até reportagens sobre a luminosidade que emanava das escavações.
Pesquisadores europeus ficaram cerca de um ano na região escavando”, comenta Henrique de Aquino.
Os pesquisadores cercaram a região, contrataram pessoas da cidade para a escavação a fim de descobrir o que de real havia. “O que eles imaginava existir, nós não sabemos até hoje. O episódio foi batizado de ‘Cabeça de Edimburgo’. A pedra de forma triangular, sustentada por uma base, posta sobre outra, um pouco arredondada, parecia ser uma escultura. As pedras produziam fantasias, inclusive com afirmações de que teriam sido esculpidas por seres extraterrestre.” O patrocinador do livro Washington Cinel era office boy da prefeitura à época e contou a Henrique de Aquino que, nos anos 70, veio um pesquisador para ir até o local das escavações. “Esse pesquisador teria comentado que existiam livros publicados na Europa sobre isso.”
Vitrais de 1950 estão na igreja - A Igreja de Nossa Senhora Rainha dos Anjos ocupa um lugar de destaque na praça central de Reginópolis. Nela estão 28 vitrais datados de 1950. Foram viabilizados através de doações de moradores e retratam o martírio de Jesus Cristo, muito em voga à época. No ano de 2007, o alto custo de um restauro especializado, a recuperação foi efetuada por pessoas da própria comunidade, comandadas por José Moisés Poladin e Nelson Tozini.
Cultura - O encontro semanal com audições ao vivo de violeiros, declamadores de poesia e contadores de histórias na rádio local, aliado a atuação constante de uma Banda Marcial, confirma a antiga tradição musical iniciada com grandes maestros. Na memória dos moradores, as artes plásticas permanecem como forte referência, com telas de dois grandes pintores, Jurandir Montanher e José Bacan, além das caricaturas de Fausto Bergocce expostas em suas paredes.
TEXTO 3 - Fanatismo religioso marca o passado de Reginópolis entre as décadas de 20 e 30
Fatos curiosos estão registrados na ‘vida’ de Reginópolis, antes mesmo do município ter este nome. O “Deus da Serra” é um episódio ocorrido entre os anos 20 e 30 do século passado, na zona rural da ainda Batalha, denominação antiga de Reginópolis. Depois de décadas, não se sabe se o desfecho é parte do folclore ou foi real. O fanatismo religioso de dois líderes no comando de uma seita pentecostal que arrebatavam fiéis e prometia dias melhores aos seguidores deixou marcas profundas na população. Entre os moradores mais antigos, a história ainda é relembrada porque foi passada de pai para filho, ressalta Henrique Perazzi de Aquino, que escreveu os textos do livro.
“O nome de Joaquim Lourenço Xavier pode não significar nada para os antigos moradores, mas o personagem religioso conhecido por Joaquim da Serra traz lembranças nada agradáveis. Um morador disse que o pai dele, à época, quando via o tal religioso circulando pelas ruas vestido com uma túnica, colocava toda a família para dentro da casa e trancava tudo, provavelmente porque tinha medo.” Joaquim da Serra e José Serra eram líderes religiosos. Viviam isolados e vestiam túnicas. Eles formaram um agrupamento na região rural com pouco mais de uma centena de pessoas, conta o livro. “Viviam em um grande terreiro com desvios de água de um riacho para abastecimento, canais de irrigação e um templo no centro do agrupamento, rudes casebres em volta, alojamento improvisados. A maioria dos seguidores eram pessoas de pouca escolaridade e parcas rendas.”
Para participar da seita, as pessoas não podiam usar ternos, joias ou qualquer ostentação na vestimenta. Tudo o que poderia simbolizar ostentação era queimado numa imensa fogueira. “Com vestimentas longas, tipo batas, quando os seguidores chegavam à cidade provocavam o fechar quase instantâneo de portas e janelas.” Com o passar do tempo, os convertidos se arrependiam e queriam deixar a seita. A partir daí surgiam os problemas. O abandono do agrupamento rural era proibido. Os primeiros descontentes geraram burburinho na cidade. “Surgiram boatos de que mulheres estavam sendo carregadas nas costas e obrigadas a se confessarem nuas, além de leitura totalmente desvirtuada de textos bíblicos. Isso aguçou o clamor popular de que algo precisava ser feito.”
Os rumores de mortes ocorridas entre os ditos fanáticos, relatos feitos por pessoas que conseguiram fugir, mas que tinham familiares ainda na comunidade, a polícia é convocada, ao mesmo tempo em que ocorre uma tragédia interna. “José Serra, acreditando piamente naquilo que pregava, mata seu próprio genro, na certeza que ele seria ressuscitado.” O local é invadido pela polícia. Homens fardados são levados até o local na boleia de caminhão. O líder religioso é alvejado por tiros fatais, mas não tomba. Segundo dizem aqueles que ainda relembram a história, que mesmo com um furo da largura de um dedo no peito foi preciso que um soldado usasse a ponta da baioneta para derrubá-lo. Verdade ou folclore, a história ainda vive na memória dos moradores mais antigos. “As mulheres iam para lá e não voltavam. Os maridos e a família ficavam preocupados. Lá se falava muito de espíritos malignos. Isso é crendice e mexeu muito com os moradores”, conta Henrique de Aquino
Os pesquisadores cercaram a região, contrataram pessoas da cidade para a escavação a fim de descobrir o que de real havia. “O que eles imaginava existir, nós não sabemos até hoje. O episódio foi batizado de ‘Cabeça de Edimburgo’. A pedra de forma triangular, sustentada por uma base, posta sobre outra, um pouco arredondada, parecia ser uma escultura. As pedras produziam fantasias, inclusive com afirmações de que teriam sido esculpidas por seres extraterrestre.” O patrocinador do livro Washington Cinel era office boy da prefeitura à época e contou a Henrique de Aquino que, nos anos 70, veio um pesquisador para ir até o local das escavações. “Esse pesquisador teria comentado que existiam livros publicados na Europa sobre isso.”
Vitrais de 1950 estão na igreja - A Igreja de Nossa Senhora Rainha dos Anjos ocupa um lugar de destaque na praça central de Reginópolis. Nela estão 28 vitrais datados de 1950. Foram viabilizados através de doações de moradores e retratam o martírio de Jesus Cristo, muito em voga à época. No ano de 2007, o alto custo de um restauro especializado, a recuperação foi efetuada por pessoas da própria comunidade, comandadas por José Moisés Poladin e Nelson Tozini.
Cultura - O encontro semanal com audições ao vivo de violeiros, declamadores de poesia e contadores de histórias na rádio local, aliado a atuação constante de uma Banda Marcial, confirma a antiga tradição musical iniciada com grandes maestros. Na memória dos moradores, as artes plásticas permanecem como forte referência, com telas de dois grandes pintores, Jurandir Montanher e José Bacan, além das caricaturas de Fausto Bergocce expostas em suas paredes.
TEXTO 3 - Fanatismo religioso marca o passado de Reginópolis entre as décadas de 20 e 30
Fatos curiosos estão registrados na ‘vida’ de Reginópolis, antes mesmo do município ter este nome. O “Deus da Serra” é um episódio ocorrido entre os anos 20 e 30 do século passado, na zona rural da ainda Batalha, denominação antiga de Reginópolis. Depois de décadas, não se sabe se o desfecho é parte do folclore ou foi real. O fanatismo religioso de dois líderes no comando de uma seita pentecostal que arrebatavam fiéis e prometia dias melhores aos seguidores deixou marcas profundas na população. Entre os moradores mais antigos, a história ainda é relembrada porque foi passada de pai para filho, ressalta Henrique Perazzi de Aquino, que escreveu os textos do livro.
“O nome de Joaquim Lourenço Xavier pode não significar nada para os antigos moradores, mas o personagem religioso conhecido por Joaquim da Serra traz lembranças nada agradáveis. Um morador disse que o pai dele, à época, quando via o tal religioso circulando pelas ruas vestido com uma túnica, colocava toda a família para dentro da casa e trancava tudo, provavelmente porque tinha medo.” Joaquim da Serra e José Serra eram líderes religiosos. Viviam isolados e vestiam túnicas. Eles formaram um agrupamento na região rural com pouco mais de uma centena de pessoas, conta o livro. “Viviam em um grande terreiro com desvios de água de um riacho para abastecimento, canais de irrigação e um templo no centro do agrupamento, rudes casebres em volta, alojamento improvisados. A maioria dos seguidores eram pessoas de pouca escolaridade e parcas rendas.”
Para participar da seita, as pessoas não podiam usar ternos, joias ou qualquer ostentação na vestimenta. Tudo o que poderia simbolizar ostentação era queimado numa imensa fogueira. “Com vestimentas longas, tipo batas, quando os seguidores chegavam à cidade provocavam o fechar quase instantâneo de portas e janelas.” Com o passar do tempo, os convertidos se arrependiam e queriam deixar a seita. A partir daí surgiam os problemas. O abandono do agrupamento rural era proibido. Os primeiros descontentes geraram burburinho na cidade. “Surgiram boatos de que mulheres estavam sendo carregadas nas costas e obrigadas a se confessarem nuas, além de leitura totalmente desvirtuada de textos bíblicos. Isso aguçou o clamor popular de que algo precisava ser feito.”
Os rumores de mortes ocorridas entre os ditos fanáticos, relatos feitos por pessoas que conseguiram fugir, mas que tinham familiares ainda na comunidade, a polícia é convocada, ao mesmo tempo em que ocorre uma tragédia interna. “José Serra, acreditando piamente naquilo que pregava, mata seu próprio genro, na certeza que ele seria ressuscitado.” O local é invadido pela polícia. Homens fardados são levados até o local na boleia de caminhão. O líder religioso é alvejado por tiros fatais, mas não tomba. Segundo dizem aqueles que ainda relembram a história, que mesmo com um furo da largura de um dedo no peito foi preciso que um soldado usasse a ponta da baioneta para derrubá-lo. Verdade ou folclore, a história ainda vive na memória dos moradores mais antigos. “As mulheres iam para lá e não voltavam. Os maridos e a família ficavam preocupados. Lá se falava muito de espíritos malignos. Isso é crendice e mexeu muito com os moradores”, conta Henrique de Aquino
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