Denominações anteriores: Enguaguaçu, Inda-Guaçu ou Unguaguaçu, Porto da Vila de São Vicente.
Fundadores: Braz Cubas.
Data da fundação: Ano de 1534.
A história do município de Santos está intimamente ligado à do município de São Vicente. Corria o ano de 1532 quando Martim Afonso de Souza, que saíra de Lisboa a 3 de dezembro de 1530, comandando a Armada que se destinava a colonizar o Brasil, fundou, a 22 de janeiro, o povoado que denominou São Vicente, em homenagem ao Santo mártir cuja festa a Igreja romana cultua naquela data.
Ao surgimento da povoação de São Vicente seguiram-se, como consequência, o aproveitamento dos recursos e a colonização das terras do Atual Município de Santos.
Divergem os autores quanto à data precisa em que se tivesse verificado a fundação da atual cidade, cabendo as glórias desse acontecimento histórico a Braz Cubas, um dos fidalgos lusitanos que compunham a comitiva de Martim Afonso.
Francisco Martins dos Santos, baseada em alentada série de documentos, apresentados no volume I de seu valioso livro intitulado “História de Santos”, prefere dividir os galardões divido a esse feito memorável entre Martim Afonso de Souza (que com mais propriedades ele considera co-fundador), Pascoal Fernandes, Domingos Pires, Luís de Góis, José Adorno e Mestre Bartolomeu Fernandes, além de Braz Cubas, cuja interferência mais destacada o autor citado só reconhece e exalta no que diz respeito à sua posterior atuação, que visava à organização e ao progresso da localidade.
Isso porque, segundo as crônicas, quando Braz Cubas chegou às terras de Santos, até essa época conhecida pela denominação de “Enguaguaçu”, “Indoá-Guaçu” ou “Ungaguaçu” – nome primitivo dado pelos aborígines às circun-vizinhanças da Barra Grande – já encontrou no local várias moradias de civilizados, entre elas a de Pascoal Fernandes e Domingos Pires, que, constituídos em sociedade, residiram à margem do canal, em frente à Barra Grande e a foz do rio Bertioga, numa casinha postada na ribanceira oriental do ribeiro a que, depois, se chamaria São Jerônimo.
Justamente do lado fronteiro do canal em apreço, na Ilha Pequena, mais tarde e sucessivamente denominada Ilha de Braz Cubas, Ilha dos Padres e hoje conhecida por Ilha Barnabé, situada na foz do rio Jurubatuba, instalou-se Braz Cubas em companhia dos irmãos que trouxera do Reino, iniciando com eles vasta cultura de cana-de-açúcar, de arroz e de outros produtos da primeira necessidade. Cabe assim a Braz Cubas, entre outras muitas glórias, a de ser o criador de um dos mais importantes focos iniciais da lavoura canavieira e da indústria do açúcar, cujos resultados tanto e tão beneficamente se refletiram mais tarde na economia do Estado e na do próprio País.
A 25 de setembro de 1536, Dona Ana Pimentel, mulher e procuradora de Martim Afonso, em pleno uso dos poderes em que dispunham, mandou passar a Braz Cubas uma Carta de Sesmaria das terras que ocupava na Ilha Pequena, atendendo às obras e benfeitorias que ali haviam sido executadas por ele. Dessa carta, que Martim Afonso confirmou depois, em Alcoente, foi portador, em 1540, o velho pai do fundador de Santos, João Pires Cubas.
Até o início da terceira década do século XVI, os navios fundeavam no ancoradouro onde o Rio Santo Amaro desemboca, no canal da Barra Grande, Braz Cubas, verificando os inconvenientes que nisso havia para os embarcadiços, ideou fundar outro porto no lado oposto de Santo Amaro e quase em frente à ilha desse nome, para o que tratou de adquirir parte das terras pertencentes a Pascoal Fernandes e Domingos Pires, na orla oriental do córrego de São Jerônimo, terras cobertas de mata virgem e que compreendiam o outeiro de Santa Catarina, junto ao qual, em 1534, teve começo a nova povoação. Foi, portanto, o porto criado por Braz Cubas que serviu de núcleo à nascente povoação. Foi, portanto o porto criado por Braz Cubas que serviu de núcleo as nascentes povoação. No novo porto passaram a fundear todas as embarcações, quer as de alto bordo, que vinham de fora, quer as canoas procedentes de Santo Amaro e Bertioga e outros sítios, cujos tripulantes, ao invés de irem a São Vicente, por mar, caminhavam para lá pela estrada aberta por Pascoal Fernandes e Domingos Pires, através do outeiro onde está hoje o mosteiro de São Bento.
A embrionária povoação era então conhecida pelo nome de Porto da Vila de São Vicente.
Tempos mais tarde, Braz Cubas, impressionado pelo desamparo que ficavam os marinheiros que lá chegavam, muitos dos quais doentes, resolveu dotar a localidade de um hospital que o acolhesse e organizar uma sociedade que o administrasse. Assim, com o auxílio dos moradores interessados na execução do projeto, edificou o hospital e junto ao mesmo uma Igreja, criando, ao mesmo tempo, a Irmandade de Santa Casa de Misericórdia, a primeira que se instituiu no Brasil. Como desse hospital a denominação de “Todos os Santos”, em lembrança de outro de igual nome existente em Lisboa, esse topônimo, abreviado para “Santos”, estendeu-se, em breve, a todo o povoado. Tal fato ocorreu por volta de 1543, quando governava a Capitania o lugar-tenente do donatário, Christovam de Aguiar Altero, que exerceu funções durante o triênio 1543-1545, sendo nesse ultimo ano substituído por Braz Cubas. Tão cedo se viu investido nas funções de Capitão-Mor, em 8 de junho de 1545, tratou Braz Cubas de conceder o foral de vila à povoação que fundara, pois não lhe parecia curial que, sobrepujando a mesma em prosperidade, `a jurisdição da Vila de São Vicente continuasse subordinada àquela. Divergem os autores quanto à data exata em que esse acontecimento se verificou. É possível que o ato que elevou Santos à categoria de Vila tenha sido referendado, não em 19 de junho de 1545 como o quis o insigne e erudito Barão do Rio Branco em suas “Efemérides Brasileiras”, mas, sim, em 1.° de novembro do ano seguinte, tenha em vista os documentos citados por Frei Gaspar. Ainda segundo esse religioso, “a povoação do Porto de Santos, nos seus primeiros anos, foi sujeita à Vila de São Vicente, assim no temporal como no espiritual; por isto os camaristas desta Vila, a cujo termo pertencia a nova povoação, requereram que nela devia haver Juiz Pedáneo, e elegeram para este emprego, em 1.° de março de 1544, a Pedro Dias Namorado, o qual deu juramento na referida Câmara”.
Hans Stadem, o famoso aventureiro germânico, que nos primeiros anos da segunda metade do século XVI pervagou a região marginal ao rio Bertioga, dá, por essa época, à povoação em sua pitoresca “Viagem ao Brasil”, o nome de “Santos de Enguaguaçu. Entretanto, vários documentos, pouco posteriores à denominação espanhola, fazem referência ora a“Vila do Porto de Santos”, cujo primeiro povoado foi Pascoal Fernandes, ora “Vila do Porto de Santos”, que Braz Cubas “povoou de fogo morto, sendo o sítio desta vila tudo mato...”
No período colonial, quando os mares do Novo Mundo eram o principal teatro dos horrores praticados pelos piratas; foi então a vila de Santos, mais de uma vez, visitada por flibusteiros. A mais danosa dessas incursões foi a primeira que se verificou em 1591, sendo a vila saqueada pela marujada às ordens de Cook, lugar-tenente do comandante corsário inglês Thomas Cavendish.
Em 1709, muito ante portanto dos irmãos Montogolfier, um filho de Santos, o Padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão, cognominado o “Padre Voador”, já elevava no estrangeiro o nome de sua terra, efetuando, em sua “Passarola”, sobre Lisboa, perante a Corte Portuguesa assombrada, a primeira ascensão aerostática do mundo. Quarenta e um anos mais tarde, a 13 de janeiro de 1750, um outro filho de Santos, Alexandre de Gusmão, aí nascido em 1695, teve também seu nome ligado a história de nossa pátria, em virtude da inteligente operosidade que desenvolveu um defesa o patrimônio territorial brasileiro, nas negociações que resultaram os termos do “Tratado de Madrid”, assinado naquele dia. À fulgurante inteligência e a larga visão desse grande santista devemos a garantia legal da posse de imensas regiões que já haviam sido incorporadas praticamente à Colônia, graças a tenacidade excepcional dos heróicos bandeirantes paulistas e bravos sertanistas do Norte.
Em virtude do espírito inteligente e laborioso de seu povo, aliado á privilegiada situação de seu ótimo ancoradouro, abrigado das tempestades marítimas, a Vila de Santos desenvolveu-se rapidamente, progredindo social e economicamente, à proporção que se incrementava o movimento da navegação internacional. Em consequência desse progresso, em 26 de janeiro de 1839, Santos foi elevada à categoria de cidade, tendo-se efetuado a eleição da Câmara e dos Juizes de Paz em 27 de janeiro do mesmo ano. Presidia, então os destinos da Província de São Paulo o Desembargador Manoel Machado Nunes.
O movimentado porto, as atividades exportadoras e importadoras, sobretudo as ligadas ao comércio cafeeiro, já por essa época atraiam para Santos considerável soma de indivíduos procedentes de todas as regiões, não só do país senão também do estrangeiro.
Como bem o disse ilustre pensador patrício Dr. C. Amazonas Duarte, em sua oração proferida em 24 de janeiro de 1945, no Rotary Club de Santos e publicada em “A Tribuna, edição de 26 do referido mês,“essa formação largamente mesclada, extensamente compósita, empresta a Santos quase intuitiva compreensão de todos os angustiantes problemas do Brasil e do mundo. “Por isso”, continua o citado conferencista, “a natural ligação de Santos com os movimentos de idéias e políticos que, no passado, agitaram a Nação e, no presente, a todos empolgam, resulta menos de sua privilegiada posição geográfica do que de sua realidade demográfica”.
Realmente, esse aspecto explica bem a razão do papel destacado que os habitantes de Santos tiveram nos três mais importantes movimentos políticos do Brasil – na Independência, na Abolição e na República.
Muito intenso foi o trabalho para separar a Colônia da Metrópole Portuguesa, na antiga Vila de Santos. Foram seus promotores e principais colaboradores Manoel da Silva Bueno, João Francisco Xavier da Costa Aguiar, Antônio dos Santos, Capitão João Batista Vieira Barbosa, Antônio José Viana, General Antônio Cândido Xavier Carvalho Souza e o Padre Manoel de Andrade e Silva.
Santos, por seus melhores elementos sociais, tomou parte ativa no movimento em prol da Independência do Brasil, como o atesta o fato de ter sido berço dos três irmãos Andradas – José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos. Na noite de 27 para 28 de junho de 1821, houve no velho quartel santista uma revolta de caráter militar e popular, cujos dirigentes eram José Joaquim Cotindiba e Francisco das Chagas, este último conhecido pela alcunha “a Chaguinhas”. Essa revolta foi sufocada em 6 de julho do mesmo ano com a intervenção de tropas vindas da Capital, e a sua repercussão foi extensa e intensa, como o testemunham vários historiadores.
Dias antes do 7 de setembro, o Príncipe D. Pedro esteve em Santos, a pretexto de visitar a família de José Bonifácio e inspecionar as fortalezas locais, tendo-lhe feito carinhosa recepção a população santista. Em 5 de setembro seguiu para São Paulo, e no decorrer do trajeto verificou-se o episódio histórico do Grito do Ipiranga. Em 21 de outubro de 1822, em reunião popular efetuada na Praça da Matriz, hoje da República, o povo aclamou, na cidade de Braz Cubas, Sua Alteza Real D. Pedro de Alcântara, o Primeiro Imperador Constitucional do Brasil.
Entre os anos de 1869 e 1871, começaram a surgir em Santos os primeiros sinais de idéias abolicionistas entre liberais (republicanos) e conservadores. Aliás, desde 1868 que se promovia, surda mas eficientemente, a libertação dos escravos, existentes nas fronteiras da Vila. Foi precursora dessa campanha a sra. D. Francisca Amália de Assis Faia, que custodiava os primeiros negros fugidos, tornando o quintal de sua casa uma espécie de “quilombo” de escravos evadidos. Esse gesto foi limitado por muitas outras famílias locais. Em pouco tempo, a vila tornou-se refúgio garantido para o elemento negro, localizando-se nos terrenos de Jabaquara o núcleo principal dos egressos das fazendas de outros Municípios. Com a pena e a palavra, alguns homens ilustres passaram a pugnar pelo abolicionismo, destacando-se, entre outros Xavier da Silveira, Alexandre Martins Rodrigues, Joaquim Xavier Pinheiro, João Otávio dos Santos. Veio Luiz Gama a Santos iniciar o movimento, que depois de sua morte, se coroou de êxito.
Entre os vultos cujo nome a História guardou, nessa fase, se incluem Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, Martim Francisco, Américo Martins dos Santos, Quintino Lacerda Luiz de Matos, José Teodoro dos Santos Pereira, Vicente de Carvalho, Afonso Veridiano, Joaquim Fernandes Pacheco e muitos outros. Colaboraram nessa campanha órgãos da imprensa, como o “Diário de Santos”, o “Jornal da Tarde” e “O Alvor”. Em 1879 fundou-se em Santos o “Núcleo Republicano”, com Garcia Redindo, Henrique Porchat, Vitorino Porchat, Antônio Carlos da Silveira Teles e outros propagandistas. Na última fase da propaganda republicana, salientaram-se inúmeros outros santistas, além dos citados. Proclamada a República, organizou-se o Município, um batalhão patriótico destinado a defender o novo regime.
Origem do nome
Com o auxílio dos moradores do Porto da Vila de São Vicente criou Braz Cubas um hospital a que denominou “Todos os Santos”. Abreviado para “Santos”, em breve o nome do hospital estendeu-se a todo povoado.
Fundadores: Braz Cubas.
Data da fundação: Ano de 1534.
A história do município de Santos está intimamente ligado à do município de São Vicente. Corria o ano de 1532 quando Martim Afonso de Souza, que saíra de Lisboa a 3 de dezembro de 1530, comandando a Armada que se destinava a colonizar o Brasil, fundou, a 22 de janeiro, o povoado que denominou São Vicente, em homenagem ao Santo mártir cuja festa a Igreja romana cultua naquela data.
Ao surgimento da povoação de São Vicente seguiram-se, como consequência, o aproveitamento dos recursos e a colonização das terras do Atual Município de Santos.
Divergem os autores quanto à data precisa em que se tivesse verificado a fundação da atual cidade, cabendo as glórias desse acontecimento histórico a Braz Cubas, um dos fidalgos lusitanos que compunham a comitiva de Martim Afonso.
Francisco Martins dos Santos, baseada em alentada série de documentos, apresentados no volume I de seu valioso livro intitulado “História de Santos”, prefere dividir os galardões divido a esse feito memorável entre Martim Afonso de Souza (que com mais propriedades ele considera co-fundador), Pascoal Fernandes, Domingos Pires, Luís de Góis, José Adorno e Mestre Bartolomeu Fernandes, além de Braz Cubas, cuja interferência mais destacada o autor citado só reconhece e exalta no que diz respeito à sua posterior atuação, que visava à organização e ao progresso da localidade.
Isso porque, segundo as crônicas, quando Braz Cubas chegou às terras de Santos, até essa época conhecida pela denominação de “Enguaguaçu”, “Indoá-Guaçu” ou “Ungaguaçu” – nome primitivo dado pelos aborígines às circun-vizinhanças da Barra Grande – já encontrou no local várias moradias de civilizados, entre elas a de Pascoal Fernandes e Domingos Pires, que, constituídos em sociedade, residiram à margem do canal, em frente à Barra Grande e a foz do rio Bertioga, numa casinha postada na ribanceira oriental do ribeiro a que, depois, se chamaria São Jerônimo.
Justamente do lado fronteiro do canal em apreço, na Ilha Pequena, mais tarde e sucessivamente denominada Ilha de Braz Cubas, Ilha dos Padres e hoje conhecida por Ilha Barnabé, situada na foz do rio Jurubatuba, instalou-se Braz Cubas em companhia dos irmãos que trouxera do Reino, iniciando com eles vasta cultura de cana-de-açúcar, de arroz e de outros produtos da primeira necessidade. Cabe assim a Braz Cubas, entre outras muitas glórias, a de ser o criador de um dos mais importantes focos iniciais da lavoura canavieira e da indústria do açúcar, cujos resultados tanto e tão beneficamente se refletiram mais tarde na economia do Estado e na do próprio País.
A 25 de setembro de 1536, Dona Ana Pimentel, mulher e procuradora de Martim Afonso, em pleno uso dos poderes em que dispunham, mandou passar a Braz Cubas uma Carta de Sesmaria das terras que ocupava na Ilha Pequena, atendendo às obras e benfeitorias que ali haviam sido executadas por ele. Dessa carta, que Martim Afonso confirmou depois, em Alcoente, foi portador, em 1540, o velho pai do fundador de Santos, João Pires Cubas.
Até o início da terceira década do século XVI, os navios fundeavam no ancoradouro onde o Rio Santo Amaro desemboca, no canal da Barra Grande, Braz Cubas, verificando os inconvenientes que nisso havia para os embarcadiços, ideou fundar outro porto no lado oposto de Santo Amaro e quase em frente à ilha desse nome, para o que tratou de adquirir parte das terras pertencentes a Pascoal Fernandes e Domingos Pires, na orla oriental do córrego de São Jerônimo, terras cobertas de mata virgem e que compreendiam o outeiro de Santa Catarina, junto ao qual, em 1534, teve começo a nova povoação. Foi, portanto, o porto criado por Braz Cubas que serviu de núcleo à nascente povoação. Foi, portanto o porto criado por Braz Cubas que serviu de núcleo as nascentes povoação. No novo porto passaram a fundear todas as embarcações, quer as de alto bordo, que vinham de fora, quer as canoas procedentes de Santo Amaro e Bertioga e outros sítios, cujos tripulantes, ao invés de irem a São Vicente, por mar, caminhavam para lá pela estrada aberta por Pascoal Fernandes e Domingos Pires, através do outeiro onde está hoje o mosteiro de São Bento.
A embrionária povoação era então conhecida pelo nome de Porto da Vila de São Vicente.
Tempos mais tarde, Braz Cubas, impressionado pelo desamparo que ficavam os marinheiros que lá chegavam, muitos dos quais doentes, resolveu dotar a localidade de um hospital que o acolhesse e organizar uma sociedade que o administrasse. Assim, com o auxílio dos moradores interessados na execução do projeto, edificou o hospital e junto ao mesmo uma Igreja, criando, ao mesmo tempo, a Irmandade de Santa Casa de Misericórdia, a primeira que se instituiu no Brasil. Como desse hospital a denominação de “Todos os Santos”, em lembrança de outro de igual nome existente em Lisboa, esse topônimo, abreviado para “Santos”, estendeu-se, em breve, a todo o povoado. Tal fato ocorreu por volta de 1543, quando governava a Capitania o lugar-tenente do donatário, Christovam de Aguiar Altero, que exerceu funções durante o triênio 1543-1545, sendo nesse ultimo ano substituído por Braz Cubas. Tão cedo se viu investido nas funções de Capitão-Mor, em 8 de junho de 1545, tratou Braz Cubas de conceder o foral de vila à povoação que fundara, pois não lhe parecia curial que, sobrepujando a mesma em prosperidade, `a jurisdição da Vila de São Vicente continuasse subordinada àquela. Divergem os autores quanto à data exata em que esse acontecimento se verificou. É possível que o ato que elevou Santos à categoria de Vila tenha sido referendado, não em 19 de junho de 1545 como o quis o insigne e erudito Barão do Rio Branco em suas “Efemérides Brasileiras”, mas, sim, em 1.° de novembro do ano seguinte, tenha em vista os documentos citados por Frei Gaspar. Ainda segundo esse religioso, “a povoação do Porto de Santos, nos seus primeiros anos, foi sujeita à Vila de São Vicente, assim no temporal como no espiritual; por isto os camaristas desta Vila, a cujo termo pertencia a nova povoação, requereram que nela devia haver Juiz Pedáneo, e elegeram para este emprego, em 1.° de março de 1544, a Pedro Dias Namorado, o qual deu juramento na referida Câmara”.
Hans Stadem, o famoso aventureiro germânico, que nos primeiros anos da segunda metade do século XVI pervagou a região marginal ao rio Bertioga, dá, por essa época, à povoação em sua pitoresca “Viagem ao Brasil”, o nome de “Santos de Enguaguaçu. Entretanto, vários documentos, pouco posteriores à denominação espanhola, fazem referência ora a“Vila do Porto de Santos”, cujo primeiro povoado foi Pascoal Fernandes, ora “Vila do Porto de Santos”, que Braz Cubas “povoou de fogo morto, sendo o sítio desta vila tudo mato...”
No período colonial, quando os mares do Novo Mundo eram o principal teatro dos horrores praticados pelos piratas; foi então a vila de Santos, mais de uma vez, visitada por flibusteiros. A mais danosa dessas incursões foi a primeira que se verificou em 1591, sendo a vila saqueada pela marujada às ordens de Cook, lugar-tenente do comandante corsário inglês Thomas Cavendish.
Em 1709, muito ante portanto dos irmãos Montogolfier, um filho de Santos, o Padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão, cognominado o “Padre Voador”, já elevava no estrangeiro o nome de sua terra, efetuando, em sua “Passarola”, sobre Lisboa, perante a Corte Portuguesa assombrada, a primeira ascensão aerostática do mundo. Quarenta e um anos mais tarde, a 13 de janeiro de 1750, um outro filho de Santos, Alexandre de Gusmão, aí nascido em 1695, teve também seu nome ligado a história de nossa pátria, em virtude da inteligente operosidade que desenvolveu um defesa o patrimônio territorial brasileiro, nas negociações que resultaram os termos do “Tratado de Madrid”, assinado naquele dia. À fulgurante inteligência e a larga visão desse grande santista devemos a garantia legal da posse de imensas regiões que já haviam sido incorporadas praticamente à Colônia, graças a tenacidade excepcional dos heróicos bandeirantes paulistas e bravos sertanistas do Norte.
Em virtude do espírito inteligente e laborioso de seu povo, aliado á privilegiada situação de seu ótimo ancoradouro, abrigado das tempestades marítimas, a Vila de Santos desenvolveu-se rapidamente, progredindo social e economicamente, à proporção que se incrementava o movimento da navegação internacional. Em consequência desse progresso, em 26 de janeiro de 1839, Santos foi elevada à categoria de cidade, tendo-se efetuado a eleição da Câmara e dos Juizes de Paz em 27 de janeiro do mesmo ano. Presidia, então os destinos da Província de São Paulo o Desembargador Manoel Machado Nunes.
O movimentado porto, as atividades exportadoras e importadoras, sobretudo as ligadas ao comércio cafeeiro, já por essa época atraiam para Santos considerável soma de indivíduos procedentes de todas as regiões, não só do país senão também do estrangeiro.
Como bem o disse ilustre pensador patrício Dr. C. Amazonas Duarte, em sua oração proferida em 24 de janeiro de 1945, no Rotary Club de Santos e publicada em “A Tribuna, edição de 26 do referido mês,“essa formação largamente mesclada, extensamente compósita, empresta a Santos quase intuitiva compreensão de todos os angustiantes problemas do Brasil e do mundo. “Por isso”, continua o citado conferencista, “a natural ligação de Santos com os movimentos de idéias e políticos que, no passado, agitaram a Nação e, no presente, a todos empolgam, resulta menos de sua privilegiada posição geográfica do que de sua realidade demográfica”.
Realmente, esse aspecto explica bem a razão do papel destacado que os habitantes de Santos tiveram nos três mais importantes movimentos políticos do Brasil – na Independência, na Abolição e na República.
Muito intenso foi o trabalho para separar a Colônia da Metrópole Portuguesa, na antiga Vila de Santos. Foram seus promotores e principais colaboradores Manoel da Silva Bueno, João Francisco Xavier da Costa Aguiar, Antônio dos Santos, Capitão João Batista Vieira Barbosa, Antônio José Viana, General Antônio Cândido Xavier Carvalho Souza e o Padre Manoel de Andrade e Silva.
Santos, por seus melhores elementos sociais, tomou parte ativa no movimento em prol da Independência do Brasil, como o atesta o fato de ter sido berço dos três irmãos Andradas – José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos. Na noite de 27 para 28 de junho de 1821, houve no velho quartel santista uma revolta de caráter militar e popular, cujos dirigentes eram José Joaquim Cotindiba e Francisco das Chagas, este último conhecido pela alcunha “a Chaguinhas”. Essa revolta foi sufocada em 6 de julho do mesmo ano com a intervenção de tropas vindas da Capital, e a sua repercussão foi extensa e intensa, como o testemunham vários historiadores.
Dias antes do 7 de setembro, o Príncipe D. Pedro esteve em Santos, a pretexto de visitar a família de José Bonifácio e inspecionar as fortalezas locais, tendo-lhe feito carinhosa recepção a população santista. Em 5 de setembro seguiu para São Paulo, e no decorrer do trajeto verificou-se o episódio histórico do Grito do Ipiranga. Em 21 de outubro de 1822, em reunião popular efetuada na Praça da Matriz, hoje da República, o povo aclamou, na cidade de Braz Cubas, Sua Alteza Real D. Pedro de Alcântara, o Primeiro Imperador Constitucional do Brasil.
Entre os anos de 1869 e 1871, começaram a surgir em Santos os primeiros sinais de idéias abolicionistas entre liberais (republicanos) e conservadores. Aliás, desde 1868 que se promovia, surda mas eficientemente, a libertação dos escravos, existentes nas fronteiras da Vila. Foi precursora dessa campanha a sra. D. Francisca Amália de Assis Faia, que custodiava os primeiros negros fugidos, tornando o quintal de sua casa uma espécie de “quilombo” de escravos evadidos. Esse gesto foi limitado por muitas outras famílias locais. Em pouco tempo, a vila tornou-se refúgio garantido para o elemento negro, localizando-se nos terrenos de Jabaquara o núcleo principal dos egressos das fazendas de outros Municípios. Com a pena e a palavra, alguns homens ilustres passaram a pugnar pelo abolicionismo, destacando-se, entre outros Xavier da Silveira, Alexandre Martins Rodrigues, Joaquim Xavier Pinheiro, João Otávio dos Santos. Veio Luiz Gama a Santos iniciar o movimento, que depois de sua morte, se coroou de êxito.
Entre os vultos cujo nome a História guardou, nessa fase, se incluem Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, Martim Francisco, Américo Martins dos Santos, Quintino Lacerda Luiz de Matos, José Teodoro dos Santos Pereira, Vicente de Carvalho, Afonso Veridiano, Joaquim Fernandes Pacheco e muitos outros. Colaboraram nessa campanha órgãos da imprensa, como o “Diário de Santos”, o “Jornal da Tarde” e “O Alvor”. Em 1879 fundou-se em Santos o “Núcleo Republicano”, com Garcia Redindo, Henrique Porchat, Vitorino Porchat, Antônio Carlos da Silveira Teles e outros propagandistas. Na última fase da propaganda republicana, salientaram-se inúmeros outros santistas, além dos citados. Proclamada a República, organizou-se o Município, um batalhão patriótico destinado a defender o novo regime.
Origem do nome
Com o auxílio dos moradores do Porto da Vila de São Vicente criou Braz Cubas um hospital a que denominou “Todos os Santos”. Abreviado para “Santos”, em breve o nome do hospital estendeu-se a todo povoado.
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