segunda-feira, 30 de outubro de 2017

A Lira Pilarense em Juquiá - Uma história de José Rosa



" Corria o ano de 1.951 e na cidade de Juquiá os preparativos para a festa do Divino Espírito Santo corriam a todo vapor. 
O meu primo José de Paula Rosa, ou Zé do Caetano, como era conhecido em Pilar, era o agente de estatística, lotado na agência do I.B.G.E. local e participante ativo na comunidade local. 
A festa ocorreria no mês de setembro, dia 23, e, bem antes disso, ele, como bom filho de Pilar, não como eu, que sou desnaturado e visito a terrinha de vez em quando, foi visitar os parentes, bem antes dos festejos.
Tendo comentado sobre a grandiosidade da festa, o Sr. Gabriel Válio, nosso parente, prontificou-se em levar a nossa Corporação Musical Lira Pilarense para abrilhantar os festejos, pois lá não tinha banda de música. 
Digo nossa porque foi nela que me iniciei. 
A alegria foi geral. 
Este ano teremos uma banda na festa do Divino, diziam os moradores. 
E tudo foi se organizando, de modo que as famílias recebessem os músicos para o almoço, lanche etc. e tal. Sobrou famílias querendo recepcionar os músicos pilarenses.
Mas, como sempre tem um “mas”, umas semanas antes, Caetaninho, como também era conhecido, recebeu um telegrama de Gabriel informando-o da impossibilidade de levar a banda até lá, devido a dificuldades com condução, disponibilidades dos músicos etc. e tal. 
O desespero foi grande. 
Caetaninho não sabia o que fazer. 
No dia da festa vou sumir pro mato, pensava ele. 
Naquele tempo, palavra dada era compromisso assumido. Diferentemente dos dias de hoje, quando, mesmo com contrato assinado e registrado em cartório, não se tem certeza do seu cumprimento. 
Com os ânimos amainados, no dia da festa, logo pela manhã Caetaninho foi à missa. 
Mal tinha iniciado a celebração ouviram-se uns acordes musicais, que iam aumentando à medida em que subiam as ladeiras. 
É uma banda, diziam, mas de onde veio? 
Surpresa geral... 
Era a nossa Lira Pilarense, que surgia marchando garbosamente. Como isso teria acontecido? 
Só então Caetaninho ficou sabendo dos fatos. O pai dele, Sr. Caetano Paulino, comentou em Pilar o que estava ocorrendo. E o Gilico, ou seja, o Brasilino de Morais Rosa, que era contra-mestre da banda, tomando conhecimento da situação ficou indignado. 
Não podemos deixar um pilarense passar um “carão” desses, dizia ele. 
E arregimentou os músicos disponíveis, que subiram na carroceria de um “fordinho”, conduzido pelo trombonista Osvaldo Nogueira, filho do Pedrinho Aspensada, rumaram, de madrugada, para Juquiá. 
E lá foram Leônidas Sapateiro, Nenê Pereira, Chico Carancho, Zé Bueno, Antônio Mirim, Deolindo e mais alguns outros que me fogem à memória. 
E foi um dia memorável, com o pessoal da banda animando a festa, passeando em canoas pelo Rio Juquiá, na mais completa alegria.
É por isso que me orgulho de ser pilarense . . "


Nenê Pereira (Lázaro Pereira das Neves) e o anfitrião, José de Paula Rosa, o Zé do Caetano. 

O condutor da banda para Juquiá, Sr. Osvaldo Nogueira, filho do Pedrinho Aspensada.

O trombonista Sr. Osvaldo Nogueira e outro músico não identificado, no trapiche da balsa no Rio Juquiá. 


Músicos pilarenses em passeio de canoa pelo Rio Juquiá. 
Fotos de José Rosa.
Postado em 21 de outubro de 2012 por LUIZ ANTONIO DE PROENÇA no seu CAMINHOS DO SERTÃO.

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