" Corria o ano de 1.951 e na cidade de Juquiá os preparativos para a festa do Divino Espírito Santo corriam a todo vapor.
O meu primo José de Paula Rosa, ou Zé do Caetano, como era conhecido em Pilar, era o agente de estatística, lotado na agência do I.B.G.E. local e participante ativo na comunidade local.
A festa ocorreria no mês de setembro, dia 23, e, bem antes disso, ele, como bom filho de Pilar, não como eu, que sou desnaturado e visito a terrinha de vez em quando, foi visitar os parentes, bem antes dos festejos.
Tendo comentado sobre a grandiosidade da festa, o Sr. Gabriel Válio, nosso parente, prontificou-se em levar a nossa Corporação Musical Lira Pilarense para abrilhantar os festejos, pois lá não tinha banda de música.
Digo nossa porque foi nela que me iniciei.
A alegria foi geral.
Este ano teremos uma banda na festa do Divino, diziam os moradores.
E tudo foi se organizando, de modo que as famílias recebessem os músicos para o almoço, lanche etc. e tal. Sobrou famílias querendo recepcionar os músicos pilarenses.
Mas, como sempre tem um “mas”, umas semanas antes, Caetaninho, como também era conhecido, recebeu um telegrama de Gabriel informando-o da impossibilidade de levar a banda até lá, devido a dificuldades com condução, disponibilidades dos músicos etc. e tal.
O desespero foi grande.
Caetaninho não sabia o que fazer.
No dia da festa vou sumir pro mato, pensava ele.
Naquele tempo, palavra dada era compromisso assumido. Diferentemente dos dias de hoje, quando, mesmo com contrato assinado e registrado em cartório, não se tem certeza do seu cumprimento.
Com os ânimos amainados, no dia da festa, logo pela manhã Caetaninho foi à missa.
Mal tinha iniciado a celebração ouviram-se uns acordes musicais, que iam aumentando à medida em que subiam as ladeiras.
É uma banda, diziam, mas de onde veio?
Surpresa geral...
Era a nossa Lira Pilarense, que surgia marchando garbosamente. Como isso teria acontecido?
Só então Caetaninho ficou sabendo dos fatos. O pai dele, Sr. Caetano Paulino, comentou em Pilar o que estava ocorrendo. E o Gilico, ou seja, o Brasilino de Morais Rosa, que era contra-mestre da banda, tomando conhecimento da situação ficou indignado.
Não podemos deixar um pilarense passar um “carão” desses, dizia ele.
E arregimentou os músicos disponíveis, que subiram na carroceria de um “fordinho”, conduzido pelo trombonista Osvaldo Nogueira, filho do Pedrinho Aspensada, rumaram, de madrugada, para Juquiá.
E lá foram Leônidas Sapateiro, Nenê Pereira, Chico Carancho, Zé Bueno, Antônio Mirim, Deolindo e mais alguns outros que me fogem à memória.
E foi um dia memorável, com o pessoal da banda animando a festa, passeando em canoas pelo Rio Juquiá, na mais completa alegria.
É por isso que me orgulho de ser pilarense . . "
Nenê Pereira (Lázaro Pereira das Neves) e o anfitrião, José de Paula Rosa, o Zé do Caetano.
O condutor da banda para Juquiá, Sr. Osvaldo Nogueira, filho do Pedrinho Aspensada.
O trombonista Sr. Osvaldo Nogueira e outro músico não identificado, no trapiche da balsa no Rio Juquiá.
Músicos pilarenses em passeio de canoa pelo Rio Juquiá.
Fotos de José Rosa.
Publicada em Pilarianos e pilarenses.
Postado em 21 de outubro de 2012 por LUIZ ANTONIO DE PROENÇA no seu CAMINHOS DO SERTÃO.
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