A região onde se encontra o Município de Fartura, foi habitada nos antigos tempos pelos índios Caiuás, da família Tupi-Guarani. Por toda parte, nos municípios vizinhos, encontra-se ainda hoje, objetos de pedra de uso dos selvívolas, como bacias, mão de pilão, machados (itajes) e outros de uso diversos. Sendo as matas luxuriamente, formadas em ótimas terras roxas, nelas abundância de caça e frutas de toda espécie, motivo porque da serra vertia para o Ribeirão, tinha a denominação de "Fartura".
Os primeiros homens que aqui vieram notaram logo que o rio que hoje margeia a cidade, estava, por assim dizer, coalhado de peixes, a ponto de, não raro, encontrar-se as mais esquisitas espécies, que só vivem nos grandes rios. Da fartura, ou abundância de peixes, veio-lhe o nome que mais tarde se estendeu a todo o local.
Grande é a diferença do antigo Fartura com o atual. O rio, então, corria cheio e volumoso por entre altas barrancas. As inundações, provocadas por abundantes e contínuas chuvas, fazia com que as águas, saindo do leito costumado, se espraiassem pelas margens alagando tudo e dificultando o trânsito de pedestres e cavaleiros.
Segundo os nossos informantes, as águas atingiam a hoje rua Cel. Samuel de Oliveira, convertendo toda aquela baixada num vasto lençol de água.
Com o correr dos tempos, porém, o povoamento das margens do rio trouxe como conseqüência a derrubada impiedosa das matas, o alargamento do primitivo leito, a escassez de peixes e, finalmente, o quase completo extravasamento das águas.
O pai de Manoel José Viana, Remígio José Viana era proprietário das terras onde se encontra hoje a cidade, e havia prometido doá-las à Nossa Senhoras das Dores para no local ser construída uma igreja. Os moradores construíram no local um cruzeiro de madeira onde aos domingos e dias santos iam rezar. Em 1880 começaram a construção da Capela Nossa Senhora das Dores, com a ajuda de Luiz Ribeiro Salgado e Vicente Trindade, terminando-a em 1887. Lavrada em cartório a doação das terras em 1885, por Manoel Remígio Viana, o pequeno povoado cresceu e transformou-se em Município em 31 de março de 1891.
Já em 1.897 era um povoado e contava com a primeira padaria dos senhores Batista e Gabriel Bertoni.
No ano de 1.904 estava funcionando uma fábrica de cerveja e gasosa do Sr. José Adriani.
Em 1.906 chegava a primeira professora leiga, Dona Ines Pereira e o Professor (este já formado) Odilon de Barros.
No ano de 1.907 chegava, com muita festa, a primeira carroça do Sr. Bianchi. Neste mesmo ano funcionava o primeiro cinema de Emílio Del Cistia, na casa de Nicolau Bruno, onde é a antiga rodoviária.
No ano de 1.908, Fartura tinha o seu primeiro telefone em telefônica criada por Joaquim Garcia e Coronel Marcos Ribeiro.
No ano de 1.911, Fartura já tinha 02 Grupos Escolares: um masculino (que funcionava onde é a residência do Sr. Luiz Prestes) e outro feminino (onde foi a residência do Senhor Conrado Blanco).
Em 1.912, a primeira fábrica de gelo de Martins Teixeira.
Em 1.915 a primeira ponte sobre o Rio Itararé, feita com cabos de aço, ligando Fartura/SP ao Passo dos Leites, Carlópolis/PR.
Antiga Capela
Antiga Ponte
Colégio Masculino
Colégio Feminino
Antiga Estação Rodoviária
Pracinhas comemorando o retorno à querida cidade.
Esta é a Fartura que você não vê:
Fartura de braços abertos, um sorriso em cada lugar, de sua gente contente por lhe abraçar.
A história de Fartura é diferente, é peculiar. A cidade já nasceu com este nome, com ele ficou conhecida, desde o início da sua existência.
Por volta de 1860 já existia uma propriedade denominada Fazenda do Ribeirão Fartura, por causa do curso d’água que cortava o vale, ao pé da serra que tinha a mesma denominação. O nome Fartura vem da abundância de peixes que havia no ribeirão ou da grande fertilidade da terra roxa da região. Até os anos 70, o ribeirão era pródigo em peixes como cascudo, piava, bagre, lambari e mandi. "Loquear no Fartura" era buscar as locas dos cascudos, que rendiam saborosas sopas e fritadas. Os desbravadores e fundadores Manoel Remígio Vianna, Luiz Ribeiro Salgado, Vicente de Oliveira Trindade de Mello e Henrique Overton Burton e muitos outros são citados no livro de João Jacques Ribeiro do Vale, também um pioneiro, com sua obra histórica. Filho do coronel Marcos Ribeiro e neto de Luiz Ribeiro Salgado, nasceu do lado de lá das barrancas do Rio Itararé, mas criou sua obra em Fartura, oferecendo inestimável contribuição para os filhos da terra.
Ninguém sabe quem batizou o ribeirão com o nome de Fartura, mas é certo que ao fazer isso traçou o destino da cidade e do seu povo. Desde então, ela cresceu com muita fartura, apesar do que dizem as más línguas e da suposta praga de um padre que teria sido expulso da cidade. Não há porque temer pragas e superstições na terra natal dos Bispos D. Gorgônio Alves da Encarnação Netto e D. Mauro Aparecido dos Santos e também sede, há dezenas de anos, da Congregação dos Padres Teatinos e da Congregação das Irmãs da Divina Vontade.
Fartura deu origem a um povo que sempre honrou este nome, embora a maioria da sua população não tenha percepção disso. Neste vale privilegiado pela natureza, com solo extremamente generoso, cercado por serras verdejantes e águas abundantes, proliferam também a amizade, a cordialidade e a hospitalidade. Muito mais que uma cidade, os desbravadores e fundadores, italianos e espanhóis em sua maioria, moldaram o perfil de um povo criativo, que demonstra muito apego à educação, cultura, artes, esportes e agricultura.
Além da excelente performance das suas escolas, que são ponto de referência na área da educação, Fartura também, pode se orgulhar de possuir uma das mais completas bibliotecas públicas do interior do Estado. Eleva-se, hoje, a mais de 300 o número de farturenses que freqüentam cursos superiores em cidades paulistas e paranaenses. Fartura abriga duas emissoras de rádio, dois jornais e outras publicações, como "Ecos do Silêncio", da Escola Mons. José Trombi e "Receitas Culinárias", da Escola Cel. Marcos Ribeiro.
São também exemplos para os farturenses os maestros Atílio Cerri, fundador da banda municipal, e Affonso Pegoraro, criador do Hino a Fartura; as pinturas da artista plástica Mara Camargo; a poesia premiada de Patrícia Bergamasco; o apego ao teatro de Walter Luiz Mazza, fundador do Jornal Sudoeste do Estado, autor, diretor e ator de peças como "Sociedade Submersa" e "Uma Lágrima"; a perseverança de Hiltinho Silva, o Piquilo, que gravou discos, fez filmes, é pai de filhos cantores e exemplo para dezenas de outros músicos farturenses.
O esporte também já deu muitas alegrias a Fartura, que batizou sua primeira Estação Rodoviária com o nome de Celso Lara Barberis, o piloto arrojado que saiu da cidade para fazer história no automobilismo nacional. Outro grande nome nessa área foi o do saudoso Antonio Ribeiro da Silva, o criativo e abnegado "Fofão", preocupado em proporcionar lazer e alegria às crianças, através dos esportes. O futebol, modalidade mais praticada, teve os seus dias de glória nas décadas de 50/60. Em 1965, o Fartura Esporte Clube disputou o título do Campeonato Amador do Estado, contra a equipe do Sertãozinho. O Fartura perdeu a decisão, mas viveu uma jornada gloriosa, nunca esquecida pelos que vivenciaram aquela época.
A história de Fartura reserva um capítulo especial a dezenas de mulheres dedicadas e perseverantes. Além da atenção dada ao lar, convertem-se em empresárias criativas, abnegadas dirigentes de entidades assistenciais e em incansáveis voluntárias nas festas e promoções de caráter beneficente. São mestres na arte culinária, mantendo as tradições dos antepassados com seus deliciosos pratos e ainda desfrutam de grande prestigio na região, por causa da sua beleza e simpatia.
A vocação do homem de Fartura para a agricultura também é inquestionável. Além da cruz que mostra o seu apego à religião, o brasão da cidade contem figuras de peixes, do vale fértil e do arado, circundados por ramos de milho e café. Os produtores locais ainda se dedicam às culturas tradicionais, herdadas dos seus antepassados, mas enfrentam as adversidades com criatividade, buscando alternativas na suinocultura, plasticultura e piscicultura. O apego ao trabalho na lavoura levou o farturense a criar, em 1967, a sua agora famosa exposição agropecuária, a Expofar, que comemora o aniversário da cidade. É um dos maiores exemplos do pioneirismo dos seus agricultores, constituindo-se em modelo para outras festas que são realizadas na região. Com a Expofar, surgiu um nome que passou a ser respeitado nacionalmente, um criativo e arrojado tropeiro chamado Dominguinho Amaro, que virou o Dominguinho de Fartura, principal divulgador da cidade e sua gente.
Com o passar dos tempos, Fartura ganhou várias definições. Hoje, a "Pérola do Vale" é também "um pedacinho do céu aqui na terra" ou "um lugar de gente feliz". Mas Fartura continua sendo o Eldorado sonhado pelos seus desbravadores e fundadores. Eles não fundaram apenas uma cidade, forjaram a têmpera de um povo. Um grande povo. Acredite nisso, farturense.
Por: Sizemar S. Silva - Sudoeste do Estado Todos os direitos reservados.
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