quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O MAESTRO CACCIACARRO E O GIJO














No Sítio Bom Retiro, divisa com a cidade de São Miguel Arcanjo, é que Luiz Válio Júnior, o Gijo Válio morou durante toda a sua vida, tão logo o pai falecera.
Ao levantar-se, Gijo tinha o costume de tomar sua primeira dose de chimarrão, antes de adentrar no curral para puxar o leite das vacas, que era comercializado na cidade.
O rádio lhe dava as últimas notícias.
Entre dez e onze horas da manhã, ele então ligava a televisão, a TV Cultura, e se sentava para tomar a segunda dose de chimarrão.
Foi num dia desses que a TV Cultura, focalizando os municípios paulistas, começou a falar de Capão Bonito. 
Tempo em que o prefeito Tallarico Júnior era bem mais jovem. A população demonstrava o amor que sentia pelo Rio Paranapanema.
Foi aí que Gijo viajou no tempo.
Capão Bonito sempre lhe esteve na alma e no coração, onde tinha guardado parte da sua juventude e onde também brotara a linhagem familiar.
O maestro Edmundo Cacciacarro, já saudoso, acabou sendo lembrado no programa.
Quanta saudade brotou no peito do Gijo nessa hora!
Conhecera o maestro intimamente.
Apesar de muito mais jovem que ele, participara de várias e célebres bebedeiras, todas, porém na mais cordial diversão, com o espírito sempre elevado à cultura, um dado muito importante devido nele sempre residir um alto grau de inteligência e uma reverência extraordinária ao Brasil.
Uma vez estiveram juntos, ele e Cacciacarro, em Iguape.
Lá, acabaram terminando a noite num baile que era animado por um conjunto musical vindo de Santos.
Já alegres por uma enxurrada de cerveja, ambos sentaram-se perto dos músicos, onde um clarinetista executava algumas melodias próprias para a ocasião.
Não se conformando com a apresentação do tal músico, Edmundo passou a contestá-lo, devido a sua má interpretação.
Sentindo-se ofendido, o músico ofereceu-lhe o instrumento musical, uma clarineta.
Meu Deus!
Foi a coisa mais maravilhosa que Gijo viu acontecer na vida.
O baile parou.
Todos os presentes atentaram assustados diante da apresentação do Maestro Cacciacarro que fez misérias com a clarineta.
Foi o mais belo espetáculo que aquela gente jamais apreciou em todo tempo.
Grande maestro!
Também grande boêmio!
Quanto ao Rio Paranapanema, Gijo era de opinião de que ele sempre representará alguma coisa de fundamental importância do que ainda resta da destruição que ocorre temivelmente em nosso planeta.
Luiza Válio.

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