quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

ORIGEM DE LIMEIRA

"Na velha estrada dos bandeirantes que levava no século XVII os caçadores de índio, ouro e pedras preciosas nos fabulosos sertões de Cuiabá, havia um lugar em que se erguia um rancho tosco, sustentado por quatro grossos troncos de árvores e coberto de gramíneas secas. 
Isso era a 27 léguas da cidade de São Paulo, numa lombada de morro que os selvagens denominavam Tatuibi (rio do tatu pequeno). 
A zona ficaria sendo marcada no roteiro dos bandeirantes pelo nome de Sertão do Tatuibi e o pouso recebera o nome de Rancho do Morro Azul, pois os palmilhadores de terras, ao se aproximarem desse rancho, avistavam uma elevação arredondada, colorida de um azul bem nítido.
Nos fins do século XVIII, ao lado do rancho, crescera uma árvore cítrica – uma limeira, cuja origem ninguém soubera explicar ao certo. 
Todavia, conforme uma noticia histórica publicada em 1845 o caso se passou da seguinte forma: uma caravana paulista em 1781 ia pelo sertão adentro; dela fazia parte um franciscano, Frei João das Mercês, que levava no seu picuá uma porção de limas, fruta que naquele tempo grosava a fama de ser preventiva das febres malignas. 
O frade, na medida da caminhada, ia chupando as limas, uma a uma.
Ao chegar ao pouso do Morro Azul, foi vencido por uma febre violentíssima, que o prostrou morto em poucas horas. 
No delírio febril gritava ele que tinham posto veneno nas suas limas: 
- “Estão envenenadas, envenenadas! bradava o pobre filho de São Francisco de Assis. 
No dia seguinte, morto o frade, ninguém teve coragem de lhe herdar a sacola com o resto das frutas. 
Resolveu-se então enterrar o religioso ali perto e com ele as “limas envenenadas”! 
Foi ao lado da cruz um arbusto que, já crescido, deu as primeiras flores e os primeiros frutos. 
Era uma limeira. e o pouso passou a ser chamado, já no fim do século XVIII, “Rancho da Limeira”."
Escrito por Assis Cintra no "Dicionário das Cidades Paulistas", de sua autoria.

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