quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ULYSSES TURELLI, DE ANGATUBA


Foi o vereador João Luiz de Meira, da Prefeitura de Angatuba, quem apresentou o Projeto de Lei que denominou o paço municipal da cidade de “Dr. Ulysses Turelli.
Sobre o homenageado, assim ele argumentou: 
------ “Ulysses Turelli nasceu em Angatuba no dia 28 de julho de 1916, na casa do sítio de seu avô João Tazzioli. Para se ter uma ideia, no local hoje estão as instalações do Asilo dos Pobres de Santo Antonio. 
Seus pais foram os italianos natos Francisco Turelli e Teresa Tazzioli Turelli. 
Porém, o menino Ulysses logo ficaria órfão aos 7 anos de idade. 
Segundo consta, ele e seu irmão Hamílcar, com a morte prematura dos pais, passaram a ficar sem destino, sem local fixo de moradia, perambulando pelas ruas de Angatuba. 
Foram recolhidos para serem educados por Filomena, uma de suas irmãs mais velhas. E foi ela que lhes deu estudo pagando as melhores escolas então existentes e isso até que se formassem. Foi em uma dessas passagens que Ulysses, morando em São Paulo, se hospedando no conhecido pensionato alemão de Frau Steigner, na Alameda Santos, ali aprendeu a falar fluentemente aquele idioma.
Quando estudou no Colégio Rio Branco da rua Dr. Vila Nova, 285, teve entre seus colegas alguns que depois se tornariam ilustres se destacando no cenário da vida política nacional, entre eles o moço Roberto de Abreu Sodré que foi nosso governador do Estado e, após, ministro das Relações Exteriores, isto no período da gestão do presidente José Sarney.
Assim, Ulysses prosseguiu até chegar à formatura ocorrida no ano de 1941 quando foi diplomado engenheiro agrônomo pela Universidade de São Paulo, no campus da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz (ESALQ) na cidade de Piracicaba. Teve como colega o ilustre Ciro de Albuquerque, que depois foi prefeito de Itapetininga e secretário da Agricultura do Estado de São Paulo.
Nesse mesmo ano em plenos tempos da Segunda Grande Guerra Mundial, dr. Ulysses e os demais colegas, a convite da Fundação Rockfeller, seguiram de navio para os Estados Unidos da América a fim de fazerem um estágio na Universidade do Texas.
-----"Lembro-me bem de quando ele veio dos Estados Unidos; foi a maior novidade em Angatuba. O povo dizia: - Esse é o dr. Ulysses que é engenheiro agrônomo! Pois naquele tempo ainda era uma novidade ver um doutor, poucos alcançavam a Universidade - d
epoimento de Alcyr Nogueira, o Siles.
Mas, o ainda jovem dr. Ulysses, sempre sonhando em querer desfrutar a vida livre do campo, adquiriu a antiga fazenda do ´Corvo Branco´, que ficava junto à estação ferroviária de Angatuba e ao rio Itapetininga, em um local conhecido como Ilha. 
E assim ali principiou a prática daquilo que mais almejava, montando o seu gado leiteiro, tendo as instalações do retiro junto a sua casa sede e ele mesmo estando junto aos empregados no duro trabalho da ordenha e assim foi selecionando uma a uma suas vacas e as reservando, deixando apenas as mais produtivas....
Graças a isso é que chegou alcançar um dos topos da produtividade, quando sua fazenda esteve entre as primeiras daquelas maiores produtoras de leite de nosso município.
Foi em 28 de dezembro de 1946 que dr. UIysses Turelli casou com Ilza Pereira de Morais, filha do comerciante e industrial Roldão Vieira de Moraes e de dona Antonieta Pereira de Moraes, estes netos do major Pereira de Moraes.
No final da década de 40, o dr. Ulysses foi eleito prefeito de Angatuba, em uma expressiva votação alcançada, derrotando experientes políticos da época.
Já na chefia do Executivo, em uma das suas principais tarefas, que ainda é hoje lembrada por aqueles que viveram antigamente, foi a instalação do primeiro sistema de abastecimento de água da cidade.
Para os que não sabem, até então nossa Angatuba ainda se formava, possuía apenas uma única torneira para abastecimentos de água a toda cidade! 
Essa ´única´ ficava na parte central junto à praça conhecida como ´da matriz´, hoje praça Monsenhor Ribeiro. Assim, ali eram feitas filas que se formavam de mulheres e crianças aguardando a vez, com baldes e latas na cabeça para o abastecimento. 
Pois foi o dr. Ulysses que deu início à correção desse antigo problema que se acumulava, vindo desde aqueles tempos originais da fundação da Vila do Espírito Santo da Boa Vista. Daí é que em seu governo foi erguida aquela majestosa caixa d´água hoje pertencente à Sabesp, uma marcante obra arquitetônica que ainda tipifica o cenário de nossa cidade.
A partir daí é que foram instalados os primeiros encanamentos.
Prosseguindo na sua administração, agora agindo já lá no setor norte do nosso município, foi ele quem orientou o traçado e a construção de uma nova estrada que hoje marca bem por seus característicos retões, retificando um antigo caminho serpenteado e disforme que havia na vegetação sobre cerrado de solo arenoso e que ligava a rodovia SP-268, ao bairro do Jacu, Santo Ignácio e também ao município de Itatinga. 
Ulysses participou ativamente dessa obra de melhoramento rodoviário.
Após deixar a prefeitura, mudou-se agora para a fazenda Caçador, região que ficava lá pelas bandas do bairro Limoeiro e prosseguiu na sua atividade agropastoril; foi aí que aplicando novas técnicas tornou-se pioneiro em nossa região na implantação do uso da inseminação artificial para melhoramento genético do gado leiteiro.
Agora, já no início da década de 60, em sua fazenda Monjolinho no bairro Libâneos, acolheu muita gente humilde e trabalhadores rurais para morar e plantar em sua propriedade, sendo inovador naquilo que hoje é conhecido como ´uso social da terra´.
Em 1959, dr. Ulysses Turelli pela a primeira vez deixou o sítio para vir morar na cidade e foi quando ajudou na campanha de seu sobrinho Ivens Vieira na disputa pela prefeitura da cidade e também a seguir na eleição do cunhado Clóvis Vieira de Moraes.
Mas nunca abandonou sua vida de homem simples, de quem gostava de viver na fazenda junto a seu gado, a conversar com os caboclos, ajudando os pobres e defendendo os mais necessitados.
Cristão convicto e por isso praticante da caridade, sempre procurou acudir os menos favorecidos, a socorrer os enfermos, em uma época em que as coisas ainda eram difíceis e tão poucos os recursos tecnológicos.
Muitos ainda se lembram de sua casa em Angatuba que ficou conhecida por acolher a todos, nunca negando um prato de comida a quem faminto que ali viesse a socorrer-se, principalmente mendigos, ébrios e abandonados, quem viesse bater a sua porta por auxílio. Todos eram recebidos e bem tratados.
Dr. Ulysses Turelli faleceu no dia 27 de março de 2005 quando então contava 88 anos. Mas, que teve uma vida árdua, porém vitoriosa, mas que sempre lamentava pelo tempo de criança quando logo tinha sido deixado órfão. 
Superou problemas e nos legou belos exemplos de resistência e de como vencer com dignidade. 
Seus filhos são: Francisco Roldão, Luis Fernando e Marco Antônio, além de 5 netos: Carlos Augusto (o atual prefeito), Maria Sílvia, Maria Cláudia, Gustavo e Aline”.

Transcrito do Blog "Angatuba de Todos os Tempos", postado por Air S. Antunes.

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