sábado, 29 de abril de 2017

IGUAPE, DO MINÉRIO DE FERRO

Mapa 1882

No final do Império a Província de São Paulo já era a unidade do Brasil que mais se destacava em termos econômicos: o café paulista era então o principal produto de exportação do país. Isto fez com que as infra-estruturas de transporte (ferrovias, estradas e o porto de Santos), comunicações e urbana no território paulista girassem principalmente em torno do café. Os recursos auferidos com a exportação do café eram tantos que se perdia, por vezes, o foco em relação a outras alternativas.
Este tipo de situação pode ser percebido, por exemplo, excluídas as razões de ordem econômica e/ou técnica – que talvez justifiquem o desconhecimento da solicitação –, através de um requerimento de José Eubank da Câmara – concessionário das minas de ferro do Jacupiranguinha e Turvo, na Comarca de Iguape – à Assembléia Legislativa Provincial de São Paulo, datado de 21 de Janeiro de 1881. Nele solicitava uma subvenção anual de oito contos de réis para o transporte de minério de ferro.
Câmara era sócio de Abel Gomes da Costa e Silva e de Augusto Corrêa Durão no empreendimento. Os três receberam a concessão, que antes pertencera a Joaquim Ignácio Silveira da Motta, para lavrar ferro e outros minerais, bem como realizar a navegação nos rios Jacupiranguinha e Jacupiranga, tanto por navios à vela como a vapor. 
A esse respeito, Câmara informava que naquele momento um grande número de canoas navegava até o Rio da Ribeira e que ele próprio fizera o percurso:
“O abaixo-assinado já fez, em Agosto último, a viagem contínua desde o porto das minas de ferro até a cidade de Iguape, em canoa, que transpôs, sem dificuldade maior, as seções mais obstruídas daqueles dois primeiros rios [Jacupiranguinha e Jacupiranga], gastando 15 horas, inclusive paradas, neste extenso trajeto.”
Câmara argumentava que o transporte do minério de ferro de Jacupiranguinha até o Rio de Janeiro seria sempre por água, o que seria uma grande vantagem. Afirmava que o transporte de uma tonelada de ferro da Real Fábrica de Ferro de Ipanema (situada no atual município de Iperó) até o Rio de Janeiro custaria até sessenta e um mil réis, enquanto que o minério das minas de Jacupiranguinha não passaria de dez mil réis. Tal redução de custo somente poderia ser obtida pela aquisição de barcos a vapor, cujo modelo anexava e que aqui reproduzimos. Além do transporte do mineral, Câmara também vislumbrava a possibilidade de as embarcações servirem “à lavoura dos férteis vales do Jacupiranguinha, Jacupiranga e Juquiá”.
Reproduzimos o desenho extraído da edição de 16 de Janeiro de 1880 da revista norte-americana The Engineer.
Fonte: sp.gov.br

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