sexta-feira, 11 de outubro de 2013

"CEMITÉRIO DOS DOENTES" DE CAPÃO BONITO


Em Capão Bonito, um fato curioso e incomum chama a atenção das pessoas que ouvem falar do Cemitério dos Doentes, denominado oficialmente como Cemitério Nhô Félix, onde foram sepultados apenas os portadores de hanseníase, a lepra.
A história é plena de discriminações aos doentes, e teve início em 1910, quando a cidade se limitava a alguns quarteirões e o atual cemitério era um local bem afastado onde se refugiavam os enfermos denominados morféticos ou leprosos, na ocasião repelidos por parte da população.

Félice Gabriel dos Santos, conhecido como Nhô Félix era o líder dos contaminados, defendia os mesmos, atuava como espécie de relações públicas e era ponte de ligação entre os doentes e as autoridades.
Em 07 de janeiro de 1910, Nhô Félix fez um requerimento junto à Câmara Municipal de Capão Bonito, solicitando um terreno que pertencia à Municipalidade para plantar capim. 
Mas, como o terreno se localizava no reduto dos hansenianos que era uma região desvalorizada, e o cemitério da cidade não aceitava os doentes, ali se instalou a necrópole dos leprosos.
O cemitério passou muitas décadas sem ter um verdadeiro nome, sendo sempre chamado de “Cemitério dos Doentes”, até que em 1989, o vereador Abner Batista da Silveira, apresentou na Câmara um Projeto de Lei – que foi aprovado pelos vereadores e pelo prefeito - em que dispunha a denominação do local com o nome de Nhô Félix, como forma de respeito aos finados e de homenagem ao defensor dos doentes.
Segundo Abner, há alguns anos, as pessoas tinham medo de passar perto do local, com receio de contaminação. 
“Graças a Deus, hoje o conceito está mudado e os portadores desse mal tem uma melhor atenção, o preconceito está acabando”, explica o vereador.
Atualmente não se realizam mais funerais neste cemitério, que possui aproximadamente 30 sepulturas.

O Cemitério Nhô Félix nos dias atuais.
Postagem de Neto Tallarico, em seu site homônimo, em 19.11.2011.


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