quinta-feira, 10 de março de 2016

MEMÓRIAS DE TEREZA, DE RIO CLARO

Publicado em 30 de outubro de 2013 por amartini2013 no site Memórias de Tereza




COMO MEU PAI APRENDEU A FAZER CESTAS E JACÁS DE TAQUARA

Um dia eu estava trabalhando nos afazeres da casa, e meu pai me chamou lá no rancho onde ele estava fazendo uma cesta, coisa que ele não fazia havia tempo; cheguei perto e lá estava ele com as taquaras arrumadas no chão porque apesar dele ter uma mesa de trabalho ele gostava mesmo é de trabalhar no chão - parece que estou vendo o jeito que gostava de trabalhar: dobrava os joelhos e sentava em cima das pernas.
Ele me disse:- você tá vendo como se começa uma cesta? estava com as taquaras arrumadas começando a trama, e me perguntou de novo:- sabe como eu aprendi a fazer cestas? eu respondi que não então ele começou a me contar:- O Henrrique e eu fomos aprender, foi com alguém de um sitio vizinho que não me lembro o nome eles eram ainda rapazotes; o tio Henrrique aprendeu com facilidade mas meu pai tentava e não conseguia. Mesmo meu tio ensinando-o muitas vezes acabou desistindo. Até que certa noite estava dormindo e sonhou que estava conseguindo fazer a tal da cesta e acordou de madrugada, não esperou nem o dia clarear acendeu a lamparina e foi buscar as taquaras que já tinha tentado tantas vezes sem sucesso e começou a fazer como ele tinha sonhado, e não é que deu certo? Daquele dia em diante nunca mais se esqueceu, e ainda falou:- faz tanto tempo que eu não faço uma cesta e não esqueci mais … SAUDADES DO MEU PAI!!


A paçoca da Semana Santa no sítio de minha avó

Fui cobrada por minha prima Cida de ter esquecido de narrar algo que aconteceu numa quinta feira da semana santa.
Minha avó era muito religiosa e na sexta feira santa, quem tivesse mais de sete anos não podia comer carne, tomar leite e nada que fosse feito de seus derivados. Então na quinta feira costumava-se fazer paçoca de amendoim. 
Isso já era tradição na família desde os meus bisavós que aprenderam com os pais deles desde a época da Itália, e eu até agora ainda faço.



Moinho de moer carne e usado para moer o amendoim da paçoca.

Na quinta feira santa, logo de manhã, a tia Leonor torrou os amendoins, atarraxou o moinho na mesa da cozinha e lá fomos eu e a Cida moer os amendoins. 
Ela colocava no moinho e eu virava a manivela, até que emplastou tudo e não ia mais. 
Então a Cida disse: – deixa que eu empurro com a mão e você vira! 
E eu virei, né! Nossa! Foi uma gritaria! Prendeu o dedo dela no moinho e ai ela chorava porque doía. E eu, de medo, já que minha avó veio pelo corredor gritando em italiano :- ”MARIA VIRGINE! DIO SANTO! COSA ME HAI FATO”? Que quer dizer ”VIRGEM MARIA! SANTO DEUS! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?”
Então o tio Henrique teve que atrelar o cavalo na charrete e leva-la em Ajapi na farmácia para fazer curativo no dedo machucado. Depois a tia Leonor lavou o moinho e terminou de fazer a paçoca sozinha. 
Essa é uma paçoca de amendoim para se comer de colher. 
Se alguém se interessar aqui vai a receita:

– Torre 1kg de amendoins em uma panela grossa mexendo sem parar até ficarem marrons não muito escuro;

– 1 pacote de farinha de milho de meio quilo;

– torre um pouco numa panela. Moa os amendoins, que agora pode ser moído no liquidificador;

– coloque em uma vasilha grande, depois moa também a farinha;

– coloque 1 kg de açúcar cristal e misture tudo muito bem

Está pronta a tal da paçoca! Tomara que vocês gostem !!!!


Notas | Publicado em 24 de outubro de 2013 por amartini2013

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