sábado, 22 de julho de 2017

A MAIS BRASILEIRA DAS CIDADES PAULISTAS











Incrustada em um mar de montanhas, nos contrafortes da Serra do Mar, São Luiz do Paraitinga com seus quase 11 mil habitantes, é “a mais brasileiras das cidades paulistas” (*), que preserva com carinho seu rico passado de tradição, religiosidade e encanto.
Esse antigo pouso de tropeiros e entreposto de mercadorias, erguido a meio caminho entre os municípios de Taubaté e Ubatuba, tornou-se cidade em meados do séc. XVIII, ao ser fundada em oito de maio de 1769, pelo sargento -mor Manuel Antonio de Carvalho, sob as bênçãos dos padroeiros Nossa Senhora dos Prazeres e São Luiz de Tolosa.
Às margens do rio do mesmo nome, o município, que em 1873 recebeu a denominação de Imperial Cidade de São Luiz do Parahytinga, começou a chamar atenção em nosso tempo por conservar usos e costumes seculares que vêm desaparecendo do território paulista. 
Por isto, aos olhos de muitos, neste ponto do histórico Vale do Paraíba abriga-se o último reduto caipira, com todo esse imaginário traduzido na vida cotidiana.
Sua arquitetura colonial, típica do séc. XIX, retrata o legado dos ciclos econômicos do ouro e do café, gravados no contorno de seus casarões, que guardam a singularidade do estilo daquele período, resultando no maior acervo arquitetônico colonial de São Paulo. 
Este patrimônio constituído por 437 edificações preservadas na área urbana, todas tombadas pelo Condephaat, não é uma mera coleção de fachadas, pois abriga muitas das famílias de seus descendentes, o que atribui maior importância à sua história e conservação.
Na zona rural, ainda é possível se encontrar uma ou outra fazenda centenária, com suas sedes de taipa e pedra, caiadas de azul e branco.
Na galeria dos luizenses mais ilustres, sobressaem o cientista Oswaldo Cruz, o geógrafo Aziz Nacib Ab’Saber e o músico e compositor Elpídio dos Santos.
“Entre um mar de morros, minha cidade.”
(Aziz Ab’Saber, geógrafo)

A cidade também é muito conhecida pelas manifestações religiosas populares, como a tradicional Festa do Divino Espírito Santo e sua peculiar gastronomia, no típico afogado, um prato a base de carne, preparado com misticismo e fartura. Nessa comemoração, que se dá há mais de dois séculos, acontece o encontro das bandeiras, a novena do Divino, a cavalhada, na explosão do folclore em grupos de moçambique, jongo e congada, entre outros, culminando com a distribuição do substancioso afogado a todos que vierem.
Entre as festas profanas nenhuma se compara ao Carnaval de Marchinhas, a mais original e espontânea folia de rua da região, embalada ao som deste tipo de música carnavalesca, composta por artistas locais. 
Nesta festa de gente contente, precedida pelo Festival de Marchinhas, os foliões locais, em seus blocos coloridos no chitão das fantasias, dividem o espaço da cidade com milhares de visitantes vindos de todos os cantos.
Devido à sua vocação musical, o município veio abrigar mais recentemente a Semana da Canção Brasileira, reunindo também artistas famosos e revelando novos valores.
No calendário da tradição, em junho as festas de época são comemoradas no Arraiá do Chi Pul Pul, que traz para a cidade a alegria da roça, suas danças, comidas típicas, com muita diversão. 
Também faz parte das celebrações e até mesmo do currículo escolar, a Festa do Saci e seus amigos, quando se cultua as lendas e mitos deste famoso e irrequieto personagem do folclore popular brasileiro.
Dos atrativos naturais, abriga-se no Parque Estadual da Serra do Mar o Núcleo Santa Virgínia, que se estende ao leste das terras do município, a pouca distância do litoral. Ali os aficionados do turismo naturalista podem desfrutar de cinco trilhas ecológicas, com variados graus de dificuldades, além do rafting, o único do Estado praticado no âmbito de uma Unidade de Conservação Ambiental. 
Há também em outros pontos da região, cachoeiras em estado nativo e inúmeras quedas d’água, apropriadas ao passeio.
Diante de sua singular potencialidade, São Luiz do Paraitinga recebeu a chancela de Estância Turística em julho de 2002. 
Em dezembro de 2010, foi reconhecida como Patrimônio Histórico Nacional, pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), reforçando um novo ciclo econômico. 
Nessa condição, a cidade vem recebendo maiores cuidados pelo setor público, que em parceria com o segmento privado está fazendo surgir a infraestrutura adequada capaz de atender a crescente demanda de visitantes. 
Nos últimos dois anos o Estado e a União vem fazendo vultosos investimentos na melhoria dos serviços e equipamentos públicos, pela recuperação dos danos da grande enchente de 2010.
Existem atualmente 23 pousadas, dentro e fora da cidade, dez restaurantes e três operadoras de ecoturismo. 
O city tour pelo centro histórico leva o turista a percorrer os principais pontos de atração, que são a Casa e Museu Dr. Oswaldo Cruz, a Capela das Mercês, o Mercado Municipal e as igrejas de Nossa Senhora do Rosário, todos rodeados pelo colorido casario. 
Nas atividades de ecoturismo, além do rafting e das inumeráveis trilhas, são oferecidos também cavalgadas, passeios de bicicletas, arborismo, passeios de duck, assim como entretenimento para crianças.
Autores: Enéas Macedo e Dudu Coelho
Crédito – Fotografias: Dimas Campos, Eduardo Coelho
do site da PM local.

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