sexta-feira, 7 de julho de 2017

ROBERTO FORTES E SUAS COISAS DE IGUAPE



AINDA A REVOLUÇÃO DE 1932...

No embalo das comemorações da participação de Iguape na Revolução de 1932, mais uma foto histórica do Arquivo Tribuna de Iguape, originária do Acervo Ary de Moraes Giani. Vemos os revolucionários e autoridades posando para a "photo" em frente à então Igreja Matriz do Bom Jesus de Iguape (depois Basílica). Os números indicam as pessoas que pudemos identificar. 
São imagens importantes de nossa História.
11/07/2016 Publicada por Roberto Fortes




DE AURÉLIO PARA AMBROSINA

Aurélio Fortes (1883-1960), meu bisavô, trabalhou durante muitos anos como advogado provisionado, não apenas em Iguape, mas também em toda a região do Vale do Ribeira. Homem culto e afeito aos estudos, no início do século XX, ali por volta de 1917, prestou uma prova junto ao Tribunal de Justiça do Estado e obteve provisão para advogar. Naquele tempo, era permitido a leigos o exercício da advocacia, sendo chamados de “advogados provisionados” ou, mais comumente, “rábulas”.
Logo no início da carreira, adquiriu o clássico Código Civil Brasileiro, do jurista Clóvis Bevilacqua, publicado em 1916, passando a assinar a renomada Revista dos Tribunais, além da leitura diária de outros livros jurídicos. Tinha seu escritório na rua Paulo Moutinho, no imóvel onde hoje funciona o Bazar Afife.
Moço ainda, pelos idos de 1906, casou-se com a sua prima Ambrosina, com quem teve duas filhas, Theresa Altiva, minha avó, nascida em 1907, e Maria Apparecida (Mariquinha), nascida em 1908. Ambrosina viria a falecer prematuramente em 1913, aos 31 anos, deixando órfãs as duas meninas.
Mas Aurélio Fortes, antes de obter a provisão de advogado, profissão na qual trabalhou a vida toda, fez um pouco de tudo. Trabalhou em Jacupiranga, foi contador das obras da Ponte Pênsil, em São Vicente, foi para Matão, voltou para Iguape, foi escrevente no Fórum local, etc. Como advogado, defendeu os interesses de centenas de clientes espalhados por todas as cidades da região. Naquele tempo, Aurélio era um habitual passageiro dos vapores que navegavam pelos rios do Vale do Ribeira, como o Bento Martins e o Vicente de Carvalho.
Viajava para a colônia japonesa de Registro, Prainha (Miracatu), Xiririca (Eldorado), Santo Antônio do Juquiá, Alecrim (Pedro de Toledo), Cananeia, Pariquera-Açu, etc. Enviava e recebia farta correspondência, contendo pedidos de seus clientes, bem como orientações dadas por ele. Guardou cuidadosamente todos esses documentos, que hoje possibilitam reconstruir uma parte da história do Vale do Ribeira, e ainda se ter uma idéia de como eram as relações sociais, as rotas dos vapores, os hotéis e comércios existentes, além de detalhes de seus clientes.
Mas o que eu desejava mesmo destacar nesta crônica é a relação amorosa que existiu entre Aurélio e sua esposa Ambrosina. Quando trabalhava em Jacupiranga, Aurélio escreveu uma carta à sua prima e amada, na qual, inclusive, esclarece algumas dúvidas que deviam estar martelando na cabeça de Ambrosina. Eis a carta, datada de 17 de janeiro de 1903:

“Que gozes a mais perfeita saúde em companhia de todos da sua família é o meu mais ardente desejo; enquanto eu vou indo regular graças a Aquele a quem devemos a existência. Naná, talvez a estas horas o teu pensamento julgue que o meu silêncio para contigo é alguma rival que tens. Mas... completo engano! Porque a minha palavra de homem, aquelas palavras que eu te disse lá na Ilha do Mar [Ilha Comprida], jamais serão esquecidas, jamais serão profanadas! Lembras-te? Quem as ouvia não era o oceano? Pois ele mesmo é uma testemunha. Creia, Ambrosina, que te amo, que só tu és a mulher que eu adoro e mais nenhuma. Se até agora não lhe tenho escrito não é que não tenha boa vontade, mas é que os meus afazeres são tantos, querida, que à noite dou graças a Deus deitar-me para descansar, e por isso te peço perdão de não ter te escrito há mais tempo, pois como você bem pode saber que nem para Marica nem para Papai, enfim para ninguém eu tenho escrito há dois meses a esta parte. Felicito-te dando-lhe os meus parabéns pelas felizes e melhores saídas e entradas do ano novo e que ele te corra com as mais ditosas e esperançáveis glórias, no meio de um jardim de imarcescíveis rosas e de odoríferos perfumes, coroadas com grinaldas de venturas. Terminando esta peço dares muitas recomendações à prima Helena e à titia, pedindo-te que aceites mil saudades e lembranças do teu primo Aurélio Fortes.”

Numa próxima crônica, talvez eu publique mais algum guardado do baú de Aurélio Fortes.
(Publicado no JORNAL REGIONAL, nº 1.198, de 1-7-2916)
06/07/2016 Publicada por Roberto Fortes.


 
O "CLICHE" DO "COMMERCIO DE IGUAPE"

O CLICHÊ DO “COMMERCIO DE IGUAPE”
Etimologicamente, a palavra clichê tem origem no francês “clichê”. É uma chapa metálica que traz gravada em relevo uma imagem destinada a ser reproduzida para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica.
Em 21 de julho de 1876 era fundado nesta cidade o segundo jornal, o semanário “Commercio de Iguape”, que circulou regularmente até por volta de 1905.
Em 1891, durante algum tempo, esse jornal decidiu mudar o clichê de seu título, numa tipologia gráfica toda trabalhada e cheia de arabescos.
Esse clichê original não se perdeu, ao contrário, ficou guardado em mãos amigas e foi doado à Redação da TRIBUNA DE IGUAPE pelo nosso colaborador Dr. Luiz Roberto de Oliveira Fortes, destacado pesquisador da História de Iguape.
Reparem que o clichê apresenta as letras ao contrário para possibilitar a impressão diretamente no papel.
É um precioso pedaço da história da imprensa do Vale do Ribeira e paulista.

17/06/2016 Publicada por Roberto Fortes.

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