segunda-feira, 20 de julho de 2015

CAMPINAS: 1910

Campinas foi algum tempo a cidade principal do Estado e ainda ocupa um lugar de destaque. 
Acha-se no centro de um rico distrito cafeeiro e conta cerca de 100.000 habitantes. 
Cidade bem traçada, com bom suprimento d'água potável e farta iluminação, deixa agradável impressão no espírito do visitante, fato este que sem dúvida lhe valeu o cognome de Princesa do Oeste.
Entre os seus mais notáveis estabelecimentos, figuram o Teatro S. Carlos, grande e bem delineado edifício; a estação da Estrada de Ferro Paulista, de estilo normando e com uma torre quadrangular; a Câmara Municipal em linhas simples, mas nobres; a Igreja de N. S. da Conceição, edifício de estilo romano, mais ou menos igual ao da Igreja da Glória no Rio de Janeiro; e a Escola Corrêa de Mello.
O Jardim Público e o prado de corridas são bem dignos de uma visita, assim como o Mercado e o Matadouro, sendo o último o mais belo deste gênero no Estado. 
A catedral de Campinas, iluminada a luz elétrica, pavimentada com mosaicos de madeira e ornada com trabalhos de fina arquitetura, é uma das mais belas igrejas de todo o Brasil. Também em Campinas funciona um Instituto Agronômico, fundado em 1887 e justamente reputado um dos melhores estabelecimentos de ensino agrícola do país.
A cidade é iluminada a gás e a eletricidade e dispõe de um bom serviço de águas e esgotos, feito pela Companhia Campineira de Águas e Esgotos, cujos encanamentos servem a 4.443 casas.
Centro das mais antigas plantações de café do Estado de São Paulo, Campinas foi, por assim dizer, a sua capital agrícola; e ainda hoje é uma excelente região cafeeira, ao mesmo tempo que, em todo o Município, e particularmente nas colônias agrícolas aí fundadas pelo governo estadual, se cultivam a cana-de-açúcar, o algodão e produtos para a alimentação.
Campinas é também um centro manufatureiro considerável, dispondo as indústrias, além da força hidráulica, de abundante energia elétrica, fornecida pela Companhia Campineira Luz e Força; e em Campinas é que se acham as oficinas da Mogiana, tão bem aparelhadas como as congêneres da Europa.


 
Personalidades de Campinas: 1) Dr. Alberto Ribeiro; 2) Dr. José Rios Rebouças; 3) J. Neubern; 4) Dr. Antonio Alvares Lobo; 5) Francisco Calabrez; 6) Dr. Coriolano Gomes de Mattos; 7) Dr. Celso S. Rezende; 8) Alberto de Cerqueira Lima

A Diocese de Campinas - O grande desenvolvimento religioso do florescente Estado de São Paulo deu causa à constituição de uma província eclesiástica no mesmo estado, por Decreto Consistorial do Papa Pio X, de 7 de junho de 1908. Assim, foi elevada a Arquidiocese a antiga Diocese de São Paulo, instituída em 1746, e criadas as dioceses de Taubaté, Botucatu, São Carlos, Ribeirão Preto e Campinas.
É justo consignar que, para a realização deste desideratum dos fiéis campineiros, muito contribuíram os esforços dos exmos. srs. d. Duarte Leopoldo e Silva, ao tempo bispo de São Paulo, d. João Baptista Corrêa Nery, então bispo de Pouso Alegre, e dr. Bruno Chaves, diplomata brasileiro junto à Santa Sé; e na cidade de Campinas os trabalhos dos exmos. srs. padre Francisco de Campos Barreto (depois monsenhor e hoje bispo de Pelotas), padre Pedro Francisco dos Santos (hoje cônego), Antonio Carlos do Amaral Lapa (falecido), Orozimbo Maia, Julio Franck de Arruda, dr. João de Assis Lopes Martins e outros. A Câmara Municipal concorreu com um auxílio pecuniário e associações e fiéis correram ao encontro do apelo que lhes foi dirigido pela comissão adrede organizada para o efeito.
Causou a maior satisfação saber-se que o primeiro bispo seria o exmo. revmo. monsenhor d. João Baptista Corrêa Nery, campineiro por muitos títulos ilustre. Nascido em Campinas a 6 de outubro de 1863, após os estudos competentes no Seminário de São Paulo ali se ordenou aos 11 de abril de 1886. Vindo para a terra natal, iniciou o paroquiato, que exerceu com brilho, sendo vigário da paróquia de Santa Cruz (1887-94) e da freguesia da Conceição (1894-96).
Os relevantes serviços prestados por s. excia. revma. à Religião e à sociedade são longos de enumerar, mas basta assinalar os atos de benemerência exercidos durante as terríveis epidemias que assolaram Campinas por aquele período de tempo. O virtuoso sacerdote empreendeu e levou a efeito a construção do grandioso edifício do Liceu de Artes e Ofícios de N. Senhora Auxiliadora, um dos mais notáveis monumentos da cidade de Campinas.
Cônego em 1888, foi s. excia. revma. eleito bispo da nova Diocese do Espírito Santo por breve de S.S. o papa Leão XIII de 29 de agosto de 1896; transferido mais tarde para a de Pouso Alegre, também recente, por breve do mesmo pontífice, de 18 de maio de 1901; nomeado Conde Romano, Prelado Doméstico e assistente ao Sólio por letras apostólicas de S.S. o papa Pio X, de 6 de maio de 1907. Os seus trabalhos foram proveitosos nas dioceses citadas como bispo fundador e não menos o tem sido na de Campinas, para que foi transferido por breve de S.S. o papa Pio X, de 3 de agosto de 1908. Em meio de pomposas festas tomou s. excia. revma. posse de tão alto cargo a 1 de novembro de 1908.
Situado na parte Este do Estado de São Paulo e confinando com o de Minas Gerais, o Bispado de Campinas é limitado pelos de Ribeirão Preto, São Carlos, Botucatu e Pouso Alegre, e o Arcebispado; e está dividido em 33 paróquias que representam a população de 538.600 almas. Há na Diocese numerosos colégios, externatos e asilos mantidos por devotadas religiosas como as Irmãs Terceiras Franciscanas, Terceiras Dominicanas, de S. José, de Santa Catarina e Salesianas. Em todas as paróquias existem aulas de catecismo e em 1910 o número de seus alunos atingia a cerca de 7.000.
Para assistência a enfermos pobres em diversas paróquias existem Casas de Misericórdia com hospitais e merecem menção especial as de Campinas, Limeira, Itapira, Rio Claro etc.; bem como os hospitais de S. Vicente de Paula, de Pirassununga, D. Anna Cintra, de Amparo, e do Grêmio Português, da mesma cidade. Para proteção aos órfãos e aos desamparados, são dignos de nota, na Diocese, o asilo da Santa Casa, o Liceu de Artes e Ofícios, e os Asilos de Inválidos e de Morféticos e o Instituto Santa Maria de Campinas, o Asilo de Morféticos do Rio Claro, os asilos de Pirassununga e de Piracicaba. Nesta última paróquia merece também menção e encômios o estabelecimento de criação da exma. sra. d. Lydia de Rezende.
Quanto ao movimento religioso na Diocese, é importantíssimo e bem o demonstra o seguinte quadro dos trabalhos realizados na primeira visita pastoral, em 1909-1910: comunhões, 25.352; crismas, 63.762; casamentos, 305. O fervor religioso do povo paulista, enfeixado nesta circunscrição se tem manifestado de forma brilhante, em várias ocasiões, e uma delas foi a da instalação do Primeiro Congresso Católico Diocesano a 27, 28, 29 e 30 de abril de 1911, na cidade de Campinas, com a presença dos exmos. prelados da Província e cerca de 500 congressistas. Na paróquia de Monte Alegre, onde se venera uma imagem do Senhor Bom Jesus, há anualmente uma romaria concorridíssima.
A fachada da hoje catedral de Campinas se compõe de três corpos superpostos em forma de torre assíria, e sua cruz fica a 59 m de altura. O custo desta igreja é orçado em Rs. 6.000:000$000. Contém grande número de cômodos interiores, e num deles funciona a Câmara Eclesiástica do Bispado. A nave e a capela-mor são pavimentadas a mosaico de madeira; as entradas laterais a mosaico de mármore. O templo é iluminado a luz elétrica e, além das citadas obras de talha, possui belíssimos trabalhos de fina arquitetura. É finalmente considerada uma das primeiras igrejas do país inteiro. Na Catedral de Campinas, funciona também o Cabido Diocesano, instalado a 3 de novembro de 1909 e composto de dez cônegos efetivos, com as dignidades de arcediago e arcipreste.
Há na sede do bispado, como foi dito, 15 igrejas ou capelas abertas ao culto, 28 associações pias, beneficentes ou contemplativas, com grande número de associados, e congregações religiosas diversas que servem nas escolas, hospitais e asilos mencionados já. Três quartas partes da população, como na Diocese, no Estado e no Brasil, se compõem de católicos apostólicos romanos.
Instituto Agronômico de Campinas - O decreto que reorganizou o Instituto Agronômico de Campinas foi uma medida que se impôs por um conjunto de circunstâncias todas elas tendentes a imprimir àquele estabelecimento uma feição essencialmente prática e utilitária, de acordo com as necessidades atuais da lavoura e das indústrias agrícolas paulistas. O instituto foi fundado em 1887 pelo governo geral e passou para o domínio do Estado em 1892. Durante a sua existência contam-se alguns períodos de notável atividade e de trabalhos que muito ilustram o estabelecimento no país e no estrangeiro.
É considerável o valioso estoque de pesquisas e estudos, como se verifica dos seus relatórios e boletins, verdadeiros tesouros de informações sobre a lavoura de café, as terras do Estado, as principais culturas, as forragens e os meios de conhecer as pragas e insetos nocivos à agricultura. O instituto serve de escola de aplicação aos diplomados pelas escolas agrícolas ou aos que queiram freqüentar durante um certo tempo, para fazer o seu tirocínio prático, quer seus laboratórios, quer seus campos agrícolas, pagando simplesmente o material que consumir em seus trabalhos.
O decreto de 27 de julho de 1909 determinava: iniciar, auxiliar e dirigir o melhoramento da cultura do café, aperfeiçoamento da policultura, instalação e desenvolvimento das indústrias agrícolas, os melhoramentos rurais, estudos das moléstias das plantas e pragas da lavoura, fazer investigações de biologia vegetal e animal, química industrial e agrícola etc.; comunicar os trabalhos científicos ou agronômicos às sociedades, congressos e instituições congêneres; fazer estudos de engenharia, economia, comércio, contabilidade e sociologia rurais.
O instituto compreende o pessoal seguinte: 1 diretor, 1 secretário, 2 biologistas, 2 químicos e 2 ajudantes, 1 agrônomo chefe de cultura e 1 bibliotecário. Mensalmente, é publicada uma revista de todos os trabalhos científicos, técnicos ou práticos do estabelecimento. Tal revista é impressa com o título de Instituto Agronômico de Campinas, em número suficiente para distribuição gratuita no Brasil e no estrangeiro. A diretoria do instituto está a cargo do sr. Arthaud-Berthet, engenheiro agrônomo do Instituto Agronômico de Paris, antigo auxiliar do Instituto Pasteur e condecorado da Ordem do Mérito Agrícola da França.
Clube Campineiro - Estabelecido há vinte anos, é o Clube Campineiro, com 200 sócios, a principal sociedade recreativa de Campinas. A sede social é esplendidamente equipada e mobiliada, tendo um magnífico salão de concertos, salão de honra, gabinete de leitura e salas para bilhar, jogos d cartas, barras etc. A diretoria é composta do coronel Antonio Alvaro de Souza Camargo, presidente; dr. Antonio Alvares Lobo, vice-presidente; dr. Alfredo Monteiro de Carvalho e Silva; dr. Antão de Souza Moraes, e do sr. Falvino Egydio de Souza Aranha, tesoureiro. 
 

Companhia McHardy, Campinas: 
1) A sede e o departamento de vendas; 
2) Serraria e carpintaria; 
3) Depósito e fundição.
 
Transcrito do site Novo Milênio: Histórias e Lendas de Santos

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