quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A ESTRADA DE NUPORANGA A SANTANA DOS OLHOS DÁGUA

( Um relato de Assuero Cardoso)

Nos idos de 1898 os carros de bois, as carretas, carretões e os troles, cruzavam a estrada poeirenta e bastante esburacada de Nuporanga a São Joaquim, rumo a Santana dos Olhos Dágua (Ipuã).
Os carros de bois pesados e principalmente os carretões levando toras de madeira, arrastando-as pelo chão, indo e vindo na poeira fina ou na lama pegajosa, baixavam o leito carroçável da estrada dando origem, em certos pontos, a barrancos com mais de dois metros de altura. Os carretões faziam às vezes dos caminhões de hoje.
Por ela passavam boiadas, tropeiros, cavaleiros solitários ou em grupos, em sua lida diária.
Eram fazendeiros, sitiantes, homens de negócio, sozinhos ou conduzindo tropas e boiadas para irem negociar em Nuporanga; muitos indo até Batatais onde já existia trem de ferro circulando. Quase todas as cidades da vizinhança vinham abastecer-se em Nuporanga, cabeça de comarca cujo município abrangia uma área de 4400 quilômetros quadrados, aproximados.
Quem viajasse para o nascente povoado de São Joaquim, vindo de Nuporanga teria que percorrer perto de quatro léguas. Logo na saída de Nuporanga passava-se perto da fazenda Barrinha, de papai, Major Cardoso e da casa do meu tio Doca. Esse caminho de Nuporanga até à Barrinha era muito usado pelos políticos da época, a procura de papai, pois ele era um homem de grande poder político na região. O presidente Washington Luiz e o governador Altino Arantes, por ela passaram.
Tio Assuero contava ainda que em 1900, no fim do ano, pela primeira vez viajou por essa estrada rumo ao tão falado povoado de São Joaquim. Veio de trole com seus pais, Major Cardoso e Presciliana, e seus dois irmãos mais velhos, Aristides e Alcibíades.
A certo momento do caminho papai falou que estavam chegando à vila, era só atravessar o córrego da Olaria e vencer a subida pela frente. De fato logo divisamos alguns casebres esparsos, anunciando o fim de nossa viagem.
Vi São Joaquim pela primeira vez, senti uma emoção muito grande presenciando o desordenado e nervoso movimento de uma povoação nascendo. 
 
Do site Crônicas e Fotos de São Joaquim da Barra, administrado por Lúcio Falleiros.
 
 

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