Itatiba: a cidade que nasceu às margens do Rio Atibaia
Itatiba por volta de 1860. Aquarela de Miguelzinho Dutra cujo original encontra-se no Museu Republicano de Itu.
Foi no território de Jundiaí, nos seus limites com antigas Vilas de Atibaia, Bragança e Campinas, que teve início a história da ocupação e posterior fundação da cidade de Itatiba. Até meados do século XVIII (por volta de 1750), esta área não era ainda ocupada pelo homem, mas isso não significa que ela fosse desconhecida. Como exemplo desse fato, sabemos que desde os idos de 1700, o Rio Atibaia já era utilizado para a navegação, servindo como meio de transporte para pessoas e mercadorias entre uma vila e outra. Aos poucos, portanto, o nosso território foi sendo "descoberto", conhecido e reconhecido pelos povos de Atibaia, Bragança e Jundiaí.
No desenrolar desse processo, logo se revelou que as terras que compõem o município eram fertilíssimas, qualidade esta fundamental para a fixação do homem. E tal fato ocorreu precisamente no ano de 1786, ocasião em que a história registrou, pela primeira vez, a existência de 12 famílias pioneiras residindo na região onde, tempos depois, seria fundada a cidade de Itatiba.
Para comprovar a veracidade desse fato, foi descoberto, em 2004, o documento mais antigo que trata dessa questão, ou seja, um antigo recenseamento realizado na Vila de Jundiaí e cujo original manuscrito encontra-se hoje no acervo do Arquivo do Estado de São Paulo. Através dessa fonte foi possível constatar que, naquele ano 1786, doze famílias vindas na sua maioria de Atibaia e Bragança começavam a abrir seus sítios na mata e iniciavam o plantio. Esses primeiros moradores estabeleceram-se nas margens do Rio Atibaia e deram início a um núcleo rural que recebeu o primitivo nome de Bairro do Atibaia. Tais bairros, comuns na São Paulo de outrora e origem de várias cidades, eram formados pelo conjunto de sítios e fazendas distantes dos núcleos urbanos e cujos moradores, vizinhos uns dos outros, reuniam certas afinidades econômicas, sociais e religiosas. Vale lembrar que a reunião desses sítios formava uma comunidade reconhecida pelo governo da antiga Capitania paulista e Itatiba, como comprovado, passou a ter essa condição a partir de 1786.
A partir de então, e em função da qualidade de suas terras, o pequeno bairro foi progredindo. Em 1792, por exemplo, o núcleo já abrigava 42 famílias, num aumento espetacular de quase 200% em relação a 1786. Mas, o ano de 1792 nos revela também uma outra particularidade, pois foi justamente naquela época que Itatiba recebeu um de seus mais célebres moradores: o jundiaiense Antonio Rodrigues da Silva, também conhecido como Sargentão. E este apelido não era gratuito, pois ele possuía mesmo a patente de sargento e servia na 6ª Companhia do 1º Regimento de Infantaria e Milícias de Jundiaí. A importância desse personagem na nossa história é muito grande, pois foi ele o introdutor do culto a Nossa Senhora do Belém, cuja primitiva imagem ele trouxera consigo provavelmente de Minas Gerais.
Instalado em seu sítio no atual bairro do Cruzeiro, Antonio Rodrigues construiu uma pequena capela que, a partir de então, passou a ser o centro religioso e social da antiga comunidade do Bairro de Atibaia. Tendo em vista terras tão promissoras, formou-se uma forte corrente migratória e, como visto, também de Jundiaí. Como consequência, a população aumentou sobremaneira.
Diante dessa circunstância, os moradores decidiram construir uma outra capela para substituir a primitiva então localizada no bairro do Cruzeiro. Para isso reuniram-se o Sargentão e seu amigo Raimundo Cardoso de Oliveira para adquirir, em 1822, uma grande gleba na colina vizinha, no quadrante leste, muito mais suave e propícia para a constituição do núcleo urbano. Em agosto de 1823 a escritura dessas terras foi registrada no cartório de Jundiaí, sendo, em seguida, doadas como patrimônio da Capela do Belém. Assim, foi possível delimitar a cidade e abrir as primeiras ruas, largos e praças, hoje localizadas no centro da cidade de Itatiba.
Não restam dúvidas de que a principal intenção dos antigos moradores do Bairro do Atibaia era a de transformar o núcleo em Freguesia. Dispostos a construir uma nova cidade, eles iniciaram a edificação da segunda capela, atual igreja do Rosário. Após muita luta, foi somente a 9 de dezembro de 1830 que a comunidade foi elevada para a categoria de Freguesia com o nome de Belém de Jundiaí.
Itatiba permaneceu subordinada a Jundiaí por mais 27 anos, mas a relação entre os dois núcleos começou a se desgastar por volta de 1850, época em que o café foi introduzido na cidade. Em 1856 a situação já estava no limite e, por isso, os itatibenses elaboraram um abaixo-assinado, solicitando que a Freguesia fosse transformada em Vila, fato este que traria a tão esperada autonomia política. O documento foi enviado à Assembleia Legislativa paulista e o projeto foi aprovado em 20 de fevereiro de 1857, o que originou a Lei nº 553 que criava a Vila do Belém de Jundiaí. No dia 1º de novembro do mesmo ano, tomaram posse os primeiros vereadores eleitos.
Posteriormente, a Vila foi promovida a cidade (em 1876) e a modificação de seu nome ocorreu logo em seguida, em 1877, época em que passou a se chamar Itatiba, que significa "Muita Pedra" na língua Tupi.
A primeira grande riqueza da cidade foi o café. Na segunda metade do século XIX, Itatiba, que fazia parte da área pioneira do plantio em direção ao Oeste Paulista, alcançava uma grande produção. Tal fato proporcionou um enorme desenvolvimento econômico para a cidade que, devido a sua grande produção, possuía inclusive uma ferrovia, a "Estrada de Ferro Carril Itatibense".
Após sucessivas crises, dentre elas a de 1929, a produção decaiu e Itatiba passou a adotar um perfil mais industrial. As primeiras grandes indústrias que se instalaram no município pertenciam ao ramo têxtil, de fósforos e de calçados. A partir da década de 1960, a cidade conheceu um novo surto de desenvolvimento: data dessa época a instalação das primeiras indústrias vinculadas ao ramo moveleiro, que tinham como característica principal a produção de móveis em estilo colonial. Por essa especialidade, Itatiba passou a ser conhecida como a "Capital Brasileira do Móvel Colonial".
Atualmente, a indústria se diversificou e, com a instalação de um moderno Distrito Industrial, a cidade segue esse caminho não se esquecendo, no entanto, da agricultura que ainda hoje é bastante importante, destacando-se na produção de vagem e de caqui, uma de suas marcas na atualidade. Itatiba é uma cidade com um grande potencial turístico, onde se desenvolvem várias atividades ligadas ao Turismo Rural, Histórico-Cultural e de Eventos.
Itatiba por volta de 1860. Aquarela de Miguelzinho Dutra cujo original encontra-se no Museu Republicano de Itu.
Foi no território de Jundiaí, nos seus limites com antigas Vilas de Atibaia, Bragança e Campinas, que teve início a história da ocupação e posterior fundação da cidade de Itatiba. Até meados do século XVIII (por volta de 1750), esta área não era ainda ocupada pelo homem, mas isso não significa que ela fosse desconhecida. Como exemplo desse fato, sabemos que desde os idos de 1700, o Rio Atibaia já era utilizado para a navegação, servindo como meio de transporte para pessoas e mercadorias entre uma vila e outra. Aos poucos, portanto, o nosso território foi sendo "descoberto", conhecido e reconhecido pelos povos de Atibaia, Bragança e Jundiaí.
No desenrolar desse processo, logo se revelou que as terras que compõem o município eram fertilíssimas, qualidade esta fundamental para a fixação do homem. E tal fato ocorreu precisamente no ano de 1786, ocasião em que a história registrou, pela primeira vez, a existência de 12 famílias pioneiras residindo na região onde, tempos depois, seria fundada a cidade de Itatiba.
Para comprovar a veracidade desse fato, foi descoberto, em 2004, o documento mais antigo que trata dessa questão, ou seja, um antigo recenseamento realizado na Vila de Jundiaí e cujo original manuscrito encontra-se hoje no acervo do Arquivo do Estado de São Paulo. Através dessa fonte foi possível constatar que, naquele ano 1786, doze famílias vindas na sua maioria de Atibaia e Bragança começavam a abrir seus sítios na mata e iniciavam o plantio. Esses primeiros moradores estabeleceram-se nas margens do Rio Atibaia e deram início a um núcleo rural que recebeu o primitivo nome de Bairro do Atibaia. Tais bairros, comuns na São Paulo de outrora e origem de várias cidades, eram formados pelo conjunto de sítios e fazendas distantes dos núcleos urbanos e cujos moradores, vizinhos uns dos outros, reuniam certas afinidades econômicas, sociais e religiosas. Vale lembrar que a reunião desses sítios formava uma comunidade reconhecida pelo governo da antiga Capitania paulista e Itatiba, como comprovado, passou a ter essa condição a partir de 1786.
A partir de então, e em função da qualidade de suas terras, o pequeno bairro foi progredindo. Em 1792, por exemplo, o núcleo já abrigava 42 famílias, num aumento espetacular de quase 200% em relação a 1786. Mas, o ano de 1792 nos revela também uma outra particularidade, pois foi justamente naquela época que Itatiba recebeu um de seus mais célebres moradores: o jundiaiense Antonio Rodrigues da Silva, também conhecido como Sargentão. E este apelido não era gratuito, pois ele possuía mesmo a patente de sargento e servia na 6ª Companhia do 1º Regimento de Infantaria e Milícias de Jundiaí. A importância desse personagem na nossa história é muito grande, pois foi ele o introdutor do culto a Nossa Senhora do Belém, cuja primitiva imagem ele trouxera consigo provavelmente de Minas Gerais.
Instalado em seu sítio no atual bairro do Cruzeiro, Antonio Rodrigues construiu uma pequena capela que, a partir de então, passou a ser o centro religioso e social da antiga comunidade do Bairro de Atibaia. Tendo em vista terras tão promissoras, formou-se uma forte corrente migratória e, como visto, também de Jundiaí. Como consequência, a população aumentou sobremaneira.
Diante dessa circunstância, os moradores decidiram construir uma outra capela para substituir a primitiva então localizada no bairro do Cruzeiro. Para isso reuniram-se o Sargentão e seu amigo Raimundo Cardoso de Oliveira para adquirir, em 1822, uma grande gleba na colina vizinha, no quadrante leste, muito mais suave e propícia para a constituição do núcleo urbano. Em agosto de 1823 a escritura dessas terras foi registrada no cartório de Jundiaí, sendo, em seguida, doadas como patrimônio da Capela do Belém. Assim, foi possível delimitar a cidade e abrir as primeiras ruas, largos e praças, hoje localizadas no centro da cidade de Itatiba.
Não restam dúvidas de que a principal intenção dos antigos moradores do Bairro do Atibaia era a de transformar o núcleo em Freguesia. Dispostos a construir uma nova cidade, eles iniciaram a edificação da segunda capela, atual igreja do Rosário. Após muita luta, foi somente a 9 de dezembro de 1830 que a comunidade foi elevada para a categoria de Freguesia com o nome de Belém de Jundiaí.
Itatiba permaneceu subordinada a Jundiaí por mais 27 anos, mas a relação entre os dois núcleos começou a se desgastar por volta de 1850, época em que o café foi introduzido na cidade. Em 1856 a situação já estava no limite e, por isso, os itatibenses elaboraram um abaixo-assinado, solicitando que a Freguesia fosse transformada em Vila, fato este que traria a tão esperada autonomia política. O documento foi enviado à Assembleia Legislativa paulista e o projeto foi aprovado em 20 de fevereiro de 1857, o que originou a Lei nº 553 que criava a Vila do Belém de Jundiaí. No dia 1º de novembro do mesmo ano, tomaram posse os primeiros vereadores eleitos.
Posteriormente, a Vila foi promovida a cidade (em 1876) e a modificação de seu nome ocorreu logo em seguida, em 1877, época em que passou a se chamar Itatiba, que significa "Muita Pedra" na língua Tupi.
A primeira grande riqueza da cidade foi o café. Na segunda metade do século XIX, Itatiba, que fazia parte da área pioneira do plantio em direção ao Oeste Paulista, alcançava uma grande produção. Tal fato proporcionou um enorme desenvolvimento econômico para a cidade que, devido a sua grande produção, possuía inclusive uma ferrovia, a "Estrada de Ferro Carril Itatibense".
Após sucessivas crises, dentre elas a de 1929, a produção decaiu e Itatiba passou a adotar um perfil mais industrial. As primeiras grandes indústrias que se instalaram no município pertenciam ao ramo têxtil, de fósforos e de calçados. A partir da década de 1960, a cidade conheceu um novo surto de desenvolvimento: data dessa época a instalação das primeiras indústrias vinculadas ao ramo moveleiro, que tinham como característica principal a produção de móveis em estilo colonial. Por essa especialidade, Itatiba passou a ser conhecida como a "Capital Brasileira do Móvel Colonial".
Atualmente, a indústria se diversificou e, com a instalação de um moderno Distrito Industrial, a cidade segue esse caminho não se esquecendo, no entanto, da agricultura que ainda hoje é bastante importante, destacando-se na produção de vagem e de caqui, uma de suas marcas na atualidade. Itatiba é uma cidade com um grande potencial turístico, onde se desenvolvem várias atividades ligadas ao Turismo Rural, Histórico-Cultural e de Eventos.
Como a cidade foi construída incrustada em colinas, com uma beleza natural notadamente reconhecida, recebeu o codinome de "Princesa da Colina".
site da Prefeitura local
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