sexta-feira, 7 de setembro de 2012

"PELO MUNICÍPIO"


"Já tivemos ocasião de dizer, quando nos referimos à lavoura municipal, que este município era constituído de 140 léguas quadradas mais ou menos de superfície.
Essa superfície toda é ocupada por matas virgens, capoeiras e campos.
Terrenos de primeira ordem para cultura.
A produção é superabundante.
Nas extensas matas virgens, que ocupam parte do solo, concentram-se, com a maior facilidade, grande variedade de madeiras de lei, apropriadas para marcenaria e construção.
Estes elementos próprios serão suficientes para o engrandecimento deste município.
Falta-nos, porém, a facilidade de locomoção.
Seria admirável o passo gigantesco do progresso municipal, se contássemos com um ramal férreo que facilitasse a exportação dos produtos de nossa lavoura.
Quanto elemento para a indústria não se perde?
E por que motivo? 
Simplesmente por faltar-nos o meio fácil de comunicação, que traria, infalivelmente, grandes vantagens, não só a este, como a outros municípios vizinhos.
A lavoura tomaria grande impulso, porque poderiam ser diversificados os seus produtos.
A Companhia também teria incalculável vantagem com o prolongamento da estrada até esta cidade, e sem sacrifício nenhum, atendendo-se o plano de dirigir-se ao Itararé.
O terreno para o prolongamento não oferece dificuldade, pois que, além de ser completamente sólido, é quase inteiramente plano. 
Não se encontram essas grandes elevações, que obstarão a passagem fácil ou imporão grandes voltas, para evitar escavações.
Capão Bonito, apesar de achar-se situado num recanto do Estado, está na altura de merecer o apoio dos poderes competentes, e oferecer um futuro risonho.
Se não fora os elementos próprios de que dispõe, não poderia representar o papel saliente que representa perante os grandes mercados, onde mantém as suas relações comerciais.
Para inferirmos o quanto é possante este município, é bastante prestarmos atenção na importação anual, apesar da dificuldade de comunicação.
Essa atividade comercial não é procedente senão do grande consumo municipal, visto que este município não tem dependência de nenhum dos circunvizinhos.
Tem ele vida própria e sustenta em muito boas condições as suas relações e o seu crédito.
Portanto, à vista do que acabamos de expor, não vemos um motivo plausível pelo qual a Companhia União Sorocabana e Ituana resolvesse, no seu prolongamento, com destino a Itararé, deixar de passar por esta cidade que tão grandes vantagens oferece, para preferir uma Fazenda de um particular, a não ser em obediência à politicagem, em tantos casos prejudiciais".

Editorial assinado por Camillo J. A. Lelis e Calixto G. de Almeida, redatores do "O Democrata", de Capão Bonito do Paranapanema, edição 21 de julho de 1.901, de nosso acervo.

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