domingo, 2 de setembro de 2012

SÃO CARLOS DO PINHAL


No dia 10 de junho de 1.901, devia entrar em julgamento naquela cidade a quadrilha de Mangano, composta de 22 pessoas, sendo mais de mil os quesitos que deviam ser formulados.
A foto é do prédio da antiga Câmara Municipal que já foi demolido.
O que seria essa quadrilha de Mangano?
A quadrilha Mangano não era uma rede de bandidos que imigrou já constituída da Itália. Dos 38 homens indiciados por participação na quadrilha, Francisco Mangano e quatro outros eram da vila de Monterosso, na Província de Catanzaro, Calábria, e certamente se conheciam antes da emigração. 
Esse pequeno grupo era mais velho e, pode-se dizer, mais elitizado que o resto do bando: Mangano tinha 44 anos em 1898 e era dono de uma venda no subúrbio de Vila Isabel; Antonio Farina, 46 anos, era negociante e marceneiro, estabelecido perto da estação de trem de São Carlos; Antonio Morano tinha 63 anos, era negociante volante e morava perto de Antonio Farina, aparentemente no mesmo quarteirão; Luigi Giordano, 33 anos, era carpinteiro e dono de um hotel em Torrinha; Francisco Farina, irmão de Antonio, também era carpinteiro com 33 anos e residente em Torrinha. 
Todos os cinco provenientes de Monterosso eram alfabetizados e casados, embora seja provável que alguns tivessem deixado suas famílias na Itália.
Ressalta-se a importância de laços entre bandidos e elites, no sentido de que eles fornecem proteção, facilitam fugas e colaboram na venda de propriedade roubada. 
Não há evidência de ligação do bando Mangano com os italianos mais ricos de São Carlos, e muito menos com a elite dos fazendeiros locais, mas a quadrilha incluía integrantes ou colaboradores da pequena burguesia italiana da região, que ajudavam a esconder e vender mercadorias roubadas, e cujos negócios constituíam pontos de encontro do bando. 
Os donos de vendas, hotéis e restaurantes ocupavam uma posição estratégica para a formação de redes de relações e para coletar informações pertinentes sobre viagens de ricos, carregamentos de mercadorias e movimentos da polícia. 
Os participantes da quadrilha com estabelecimentos comerciais em outras cidades facilitavam a mobilidade do bando, fornecendo lugares de pouso e esconderijos. 
Dos indiciados, um era dono de hotel em São Carlos, outro tinha restaurante em Torrinha, e outros três se diziam negociantes.
Seis dos indiciados foram identificados como negociantes ambulantes. 
Se acrescentarmos dois carroceiros e um "carteiro particular", pelo menos nove indiciados tinham profissões que implicavam um grau elevado de mobilidade. 
Dos outros indiciados com profissão identificada, nove eram artesãos e somente seis eram trabalhadores braçais, entre eles camaradas, jornaleiros e serradores.
Na maioria dos casos, não fica claro se os integrantes da quadrilha haviam participado de ações de banditismo antes de emigrarem. No inquérito e no processo, aparecem evidências de que três deles já eram ladrões na Itália. Pasquale Gabarro, negociante ambulante de 53 anos, tinha cumprido pena de 24 anos na Itália.
Vicente de Mondi Ceriani, segundo testemunha, veio de uma família de ladrões;
 era constantemente preso por delitos que praticava, tendo um irmão que cumpriu sentença, um outro falecido no cárcere e uma irmã refinadíssima ladra.

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