quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

PAULO OHIRA, DE MIRANDÓPOLIS



Paulo Ohira nasceu em 1938 na cidade de Mirandópolis, no interior do estado de São Paulo. 
Filho de imigrantes japoneses, ele viveu até os dez anos de idade em uma comunidade nipônica. 
Foi quando sua família se mudou para a cidade de São Paulo, foi estudar em um internato em Mogi das Cruzes e começou a aprender português. 
O idioma representou muitos desafios para ele. 
A história, Paulo Ohira contou ao Museu da Pessoa em agosto de 2007.
Eu falava [o português] tudo atrapalhado, porque é diferente. Em português é "Estação da Luz". Japonês fala o contrário, não fala "Estação de Santana", fala "Santana Estação", tudo ao contrário. Nessa hora a gente se atrapalhava muito.
No que eu comecei a aprender a ler, o que eu achava estranho é que todas as páginas dos jornais, mas tudo, tudo tinha o meu nome: 
“Mas que Diabo! Por que tem esse negócio de meu nome aqui nos jornais?” 
Aí, eu fiquei sabendo: por causa de São Paulo, é o Estado de São Paulo. 
Então, o meu nome estava lá, em todas as páginas. 
Eu tinha 10, 12 anos quando comecei, mal comecei a ler. Então, a primeira cartilha foi da Benedita Stall Sodré. A primeira lição é: “A pata nada”. Eu conseguia ler: “A pata nada”. Mas o que é “a pata nada”? O que quer dizer isso? A pata é a mulher do pato, não é isso? A pata nada, por que será que a pata nada? Pata é a mulher do pato ou o que é? E tudo isso atrapalhava.
Japonês com o inglês é semelhante. Não tem duas “boa noite”? "Good evening" e "good night". Japonês também tem: um quando chega e um quando vai embora. 

in Museu da Pessoa.

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