terça-feira, 30 de setembro de 2014

AS MINAS AURÍFERAS DE SÃO PAULO

Devemos ao Dr. Othon Henry Leonardos o trabalho de coligir dados e informações sobre jazidas auríferas do estado de São Paulo, além das observações de que dispúnhamos. 
Valiosa foi sua contribuição, porquanto nossos conhecimentos em relação a esse estado referem-se mais à geologia geral.
Em capítulo especial tratamos incidentemente das formações proterozóicas que encerram, em São Paulo, os vieiros auríferos.
Do relatório de Orville Derby, da Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo, ano de 1888, extraímos as notas abaixo, sobre as minas do Jaraguá, examinadas pelo geólogo Francisco de Paula Oliveira.

"Depois de Eschwege, ninguém mais se lembrou de mencionar, em escrito que chegasse até nós, os trabalhos proseguidos, que foram tão insignificantes em relação aos antigos, que é desculpável uma tal negligência. Só o testemunho de poucas pessoas daquela época nos pode indicar alguns pormenores sobre estas últimas tentativas de extração do ouro.
"Uma das mais importantes foi a de um tal Dom Joaquim Calbot, de origem castelhana, que há mais de trinta anos montou um engenho com dez mãos para socar os botados dos antigos. Existem ainda no lugar denominado lavras de Dom Joaquim a roda, o eixo e sete a oito mãos de ferro-gusa, pertencentes à bateria de pilões. O que era ferro batido foi carregado e mesmo algumas mãos servem de bigorna em casas da vizinhança.
"Dom Joaquim possuía, para os lados do norte da província, uma fazenda e, não podendo estar à testa do serviço, confiou-o a um Sr. João Lafebre, que, auxiliado por cinco escravos, socou bastante pedra para retirar, segundo as tradições, quatro garrafas de ouro em pó; mas, Dom Joaquim, por motivos que ignoramos, desaviu-se com o seu empregado e suspendeu os trabalhos. Nada consta sobre o tempo que esteve em atividade a máquina, mas pelo uso que mostram as mãos e, atendendo à qualidade da rocha que trituraram, não deveria ter excedido de cinco a seis meses de exercício. Dizem que Dom Joaquim sofreu prejuízos e nenhum resultado tirou da experiência.
"Outra lavra, de que há notícia de trabalho moderno, é a denominada do Maganino. Em 1812, um senhor deste nome começou trabalhos perto de um grande pinheiro, que ainda aí existe. Maganino seguia uma linha mais rica e, descuidando-se em abater o volume de terra, que lhe ficava superior, foi forçado a parar o serviço por ter tido a infelicidade de perder cinco escravos, que ficaram enterrados no desmoronamento.
"Além destes, são apontados os serviços do Manquinho, o dos terrenos que foram de Dona Gertrudes Galvão de Lacerda perto do Jaraguá, o do Curupira, um dos mais chegados ao morro, o serviço da Roda d'Água, o do Ribeirão das Paineiras, perto da estrada que de Taipas vai a Parnaíba, e o do mesmo ribeirão na barra com o Juqueri e que foi propriedade de um padre.
"Seria longa, e mesmo sairia fora dos limites desta notícia, uma descrição detalhada de cada uma destas lavras e do modo por que foram trabalhadas, o que reservo para uma memória especial, logo que tiver elementos mais abundantes que mereçam ser publicados. Cumpre-me, porém, dar ideia do modo de ser das jazidas.
"É fato que grande parte da exploração destas lavras foi feita no cascalho, cuja possança muito variável não excedia de 60cm; mas os trabalhos eram dirigidos de tal modo que, para chegar a esta camada, tinham de lavar um volume de terra vermelha de altura que atingia muitas vezes a mais de dez metros.
"A exploração ia além e os micaxistos, que formavam o solo, eram atacados ou por necessidade do trabalho ou por conterem ouro, o que é mais provável, visto haver serviços feitos exclusivamente nesta rocha decomposta.
"O cascalho apresenta muitas vezes pedaços pesando dois a três quilos e é formado quase todo ele de quartzo muito quebradiço, desmanchando-se facilmente em areia, fato que concorreu para dar-lhe a forma arredondada sem ser preciso ter percorrido grande extensão. Este quartzo deve provir dos grossos vieiros que atravessam os micaxistos em diversas direcções e que são ainda encontrados in situperto do morro Uruqueçava ou morro Doce. É bem provável que o ouro estivesse ligado à formação desses vieiros, e vem talvez confirmar esta hipótese a experiência de Dom Joaquim que, triturando o quartzo friável, pôde ainda retirar deles o metal contido.
"Não é esse, porém, o modo mais geral de ser do ouro nesta formação. Uma boa parte está espalhada na grande massa da rocha em pequenas veias em todas as direções e que cortam os micaxistos formando uma espécie d
e stockwerck. Tive ocasião de seguir uma destas linhas em pequena extensão, tirando provas com a bateia. Era formada de quartzo em pequenos fragmentos ligados por uma argila amarelada, contendo magnetita e bióxido de manganês. O ouro apresenta-se em grãos quase microscópicos com uma cor amarela brilhante e sem forma definida. Estas veias são numerosas e têm uma possança que não excede de três a quatro centímetros. Torna-se, pois, necessário lavar uma grande porção de terra estéril superior aos micaxistos para poder aproveitar o ouro encerrado nessas pequenas linhas.
"Era isso que determinava o processo de exploração todo característico desta região e que só pôde ser comparado com os de São Gonçalo da Campanha e Apiaí.
"Percorrendo-se as lavras, nota-se que, à medida que nos aproximamos do Jaraguá, diminui a quantidade de micaxistos e a rocha torna-se um verdadeiro quartzito que facilmente se desagrega. A lavra de Dom Joaquim e a do Curupira já se acham nesta última classe, enquanto as do Manquinho, das Palmeiras, etc, estão em uma rocha mais argilosa e micácea. Tudo nos leva a crer que esta formação pertence ao horizonte geológico dos micaxistos e quartzitos micáceos.
"Existe ainda na zona uma extensão mais ou menos considerável de cascalho virgem deixado pelos antigos mineiros, quer por causa da importância sempre crescente do desmonte ou dificuldades na obtenção de águas altas, quer por empobrecimento do depósito aurífero ou por outro motivo ignorado. Estudando a região exclusivamente debaixo do ponto de vista científico, não me achei autorizado a fazer pesquisas demoradas sobre a extensão, riqueza e facilidades para o trabalho, pelos métodos modernos, destes depósitos. Limito-me, portanto, 
a notar a sua existência, chamando assim para ela a atenção dos que procuram depósitos auríferos para explorações industriais, aos quais compete proceder às pesquisas referidas. Parece-me, porém, que deva ser antes nos filões da rocha do que nos restos de aluviões que há de basear-se a mineração futura desta região, caso a indústria mineira aí torne a se estabelecer.
"Para o modo de ser do ouro, verificado por mim, isto é, em filões pequenos e irregulares disseminados em uma grande massa de terra, só processos muito aperfeiçoados e uma extração em grande escala e a preço ínfimo poderão dar resultados vantajosos.
"Sobre a existência de vieiros de maior possança e riqueza nada vi que justifique uma opinião, mas, por outro lado, nada há verificado que torne descabida pesquisas com o intuito de descobri-los."
Foi no estado de São Paulo que, em meados do século XVI, se descobriram as primeiras minas de ouro do Brasil. Confirmaram estes achados missivas do Bispo Sardinha e do Padre Anchieta, datadas respectivamente de 1552 e 1554. As jazidas auríferas são verificadas nas expedições de 1560 e 1562, do provedor Braz Cubas e seu auxiliar Luiz Martins.
Segundo Eschwege, "as primeiras notícias de interesse do governo pela lavra de ouro no estado de São Paulo encontram-se no decreto de 15 de agosto de 1603. Mas a lei ficou sem execução durante meio século, e somente em 1662 passou a vigorar em São Paulo, reforçada depois pelo decreto de 4 de outubro de 1659, onde o governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, incumbiu ao Capitão-Mor de São Vicente, Antonio Ribeiro Moraes, de inspecionar as lavras de ouro e fazer executar o dito decreto. Mais tarde, em 1660, visitou o mesmo governador pessoalmente as lavras 
auríferas, assim como no ano de 1682 o mestre-de-campo, Duarte Teixeira Chaves, governador do Rio de Janeiro, que se responsabilizou pela administração das minas. Em 1697, por ordem do rei D. Pedro II, Arthur de Sá Menezes veio examinar também as minas paulistas".
Para o refino do ouro obtido no estado de São Paulo, foi construída na Vila de Iguape uma casa de fundição; depois edificada uma outra em Taubaté, para a fundição do ouro proveniente do território de Minas Gerais; e ainda mais tarde construíram uma terceira na cidade de São Paulo.
O decrescimento da mineração em São Paulo foi consequência da emigração dos bandeirantes paulistas para os distritos mais ricos de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso; e também porque o desenvolvimento das vilas próximas do litoral tornava a agricultura mais rendosa que o trabalho nas lavras.
Esquecida inteiramente a mineração, somente nestes últimos tempos vêm sendo redescobertas as aluviões auríferas abandonadas pelos antigos, e os vieiros ainda intactos, que estão a merecer cuidadosas pesquisas.
A indústria extrativa do ouro havia sido inteiramente abandonada, em São Paulo, em vista dos resultados obtidos nos distritos mais ricos de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso.
Nestes últimos tempos, graças à baixa cambial, novo interesse foi despertado e pesquisas oficiais, assim como particulares, têm sido realizadas sobre aluviões e vieiros auríferos.
Othon H. Leonardos nos forneceu os dados que em seguida resumiremos sobre os depósitos paulistas.
As notas que seguem, relatadas em ordem geográfica, são o resumo desse estudo inicial.

Município de Guarulhos
Refere-se Eschwege a jazidas de ouro na Lagoa Nova dos Geraldos, em Guarulhos, a pouco mais de uma dezena de quilômetros a nordeste da capital.
O Sr. Marcial L. Serodio requereu, ultimamente, ao Ministério da Agricultura, autorização para pesquisar jazidas de ouro nas propriedades Baqueruvu-Mirim [Baquirivu-Mirim] e Aroeira Chata, nas imediações de Guarulhos.

Serra de Jaraguá
A Serra de Jaraguá corre a sudoeste da cidade de São Paulo. As minas de ouro dessa serra foram descobertas, em 1590, pelo bandeirante Affonso Sardinha.
Inúmeras lavras se desenvolveram ao longo da antiga estrada de São Paulo a Itu, principalmente nos lugares designados Quebra Pedra, Caraicubu, Santa Fé, Santa Maria de Samambaia, Itaí, Dom Joaquim, Maganino, Curupira, Roda d'Água, Ribeirão das Paineiras, etc.
Nessas lavras, o ouro se apresenta não só nos cascalhos aluvionares, que foram os mais trabalhados, mas também em vieiros hidrotermais de quartzo, encaixados em filitos da Série de São Roque (Algonquiano).
Nada se sabe sobre o valor econômico destes depósitos, que merecem, sem dúvida, ser prospectados.

Município de Parnaíba
Nos arredores da cidade de Parnaíba, encontram-se alguns vieiros auríferos, bem como aluviões que foram 
trabalhadas pelos antigos. José Bonifacio trata pormenorizadamente destas jazidas, informando que em 1830 os impostos sobre o ouro rendiam 600 contos de réis anualmente. 
As lavras antigas mais importantes se localizavam em Ventura e Voturuna.

Município de Itapecerica
Durante os tempos coloniais, os jesuítas que se estabeleceram em M'Boy e Itapecerica se dedicaram com interesse à lavra das aluviões auríferas encontradas nas cabeceiras dos córregos das Lavras e Bateia, a sudoeste de Itapecerica e a cerca de 70 km de São Paulo.
Abandonados mais tarde, por completo, os trabalhos, somente em fins de 1932 foram as mesmas jazidas redescobertas.
Em meados de 1933 fundou-se a Sociedade Mineração Itapecerica, com o capital nominal de mil contos de réis, para explorar uma jazida aurífera no morro de São João, no bairro das Lavras, a 37 km de Itapecerica.
Ocorrem, ali, vários vieiros de quartzo piritoso dirigidos em diferentes direções, e por vezes dobrados e deslocados por falhas. Estes vieiros são também bastante irregulares quanto à possança, geralmente compreendida entre cinco e 40cm, alargando-se excepcionalmente um pouco mais.
A rocha encaixante é um muscovita-xisto. Caminhando na direção de São Paulo, estes xistos se vão aos poucos feldspatizando, passando, em Santo Amaro, aos gnaisses.
Na direção do alto da Serra de Paranapiacaba, ao contrário, tornam-se de menos em menos metamórficos, e encontram-se exposições de filitos. Isto faz crer que as formações xistosas de Itapecirica sejam um termo de transição entre o Arqueano e o Algonquiano, ou talvez correlatas à série São Roque.
Na zona superficial, os vieiros exibem apenas quartzo cariado ferruginoso, com ouro visível. Mas a partir de 15 a 20 m de profundidade a pirita se apresenta inalterada e tem, às vezes, como companheira a galena e mais raramente covelita.
O teor médio do minério não deve estar longe de dez gramas por tonelada, na zona trabalhada.
Os dados superficiais colhidos na jazida não eram de molde a aconselhar instalações definitivas, antes de uma conscienciosa prospecção dos vieiros, com a cubação prévia de uma determinada quantidade de minério, capaz de amortizar, pelo metal produzido, as instalações.
A Sociedade Mineração Itapecerica não teve o cuidado de realizar as pesquisas imprescindíveis, e tratou logo de instalar um engenho, modesto aliás, com pilões californianos, calhas revestidas de baeta, para recuperar o ouro livre, e moinhos de bolas onde se processava a amalgamação do ouro restante. Com essas despesas, com as instalações exageradas da mina e sobretudo com a onerosa administração, que incluía vários engenheiros e empregados de categoria, percebendo altos ordenados, cedo esvaiu-se o capital da empresa.
Depois do insucesso, e em seguida a uma fase de paralisação dos trabalhos, a mina foi retomada e acha-se agora (1937) em regime, por bem dizer, de pesquisa, que é por onde se deveria ter começado.
Ao lado da propriedade da Companhia Mineração Itapecerica encontra-se o sítio do Congonhal, adquirido 
em 1933 pelo professor Pedro Dias da Silva, em vista de se terem descoberto aí vestígios de ouro.
Os vieiros auríferos do morro de São João se prolongam pela propriedade Congonhal, aflorando ao longo de uma grande várzea, coberta de cascalhos auríferos, revoltos pelos trabalhos antigos dos jesuítas.
O vieiro principal corta quase perpendicularmente os micaxistos, e mergulha para sul com ângulos compreendidos entre 35º e 45º. Sua possança varia entre 50 cm e um metro.
A julgar pelo grande volume dos blocos de quartzo espalhados pelas várzeas, o vieiro deve ser importante e extenso.
Na zona superficial, os teores em ouro variam entre limites muito largos, de sorte que se torna impossível avaliar o teor médio do minério.
Esta jazida está sendo prospectada pelo proprietário das terras, sob a orientação do engenheiro Theodoro Knecht, do Departamento Geográfico e Geológico de São Paulo.
Em vários outros sítios em torno de Itapecerica ocorrem vieiros hidrotermais de quartzo, encerrando afrisita e pirita e com teores muito variáveis em ouro.
Também na região tem aparecido cassiterita, nada se sabendo sobre o valor dessa ocorrência.

Município de Araçariguama
Junto à velha cidade de Araçariguama, a 12 km a nordeste de São Roque, ocorre um interessante vieiro aurífero, explorado com o nome de Mina de São Jorge.
A região é constituída de filitos da Série de São Roque (Algonquiano), ordinariamente muito empinados e cortados por diques de pegmatito, muitos dos quais estão sendo explorados para caulim, e por vieiros de quartzo, que de longa data se sabe serem auríferos. Estes diques e vieiros se relacionam geneticamente aos grandes batólitos de granito porfiroidal que se avistam em Parnaíba, São Roque, etc.
As primeiras pesquisas para ouro em Araçariguama foram feitas, neste século, pelo engenheiro Guilherme Florence. Em 1924, o engenheiro Djalma Guimarães fez uma amostragem dos afloramentos, concluindo merecer a jazida uma prospecção cuidadosa. Em 1926, o General George Ralston, que adquirira a propriedade, iniciou a prospecção do vieiro.
Em sete anos de trabalhos, abriu-se na encosta do morro onde aflora o vieiro, um longo túnel reto e de nível, de onde se derivam outras galerias e planos inclinados acompanhando o vieiro. Verificado que este apresentava inclinação de 40º-45º, caindo para norte, iniciou-se a perfuração, próximo à entrada do túnel, de um poço vertical para alcançar o vieiro em horizonte mais baixo e drenar a mina.
Ao mesmo tempo foram experimentadas uma série de instalações para tratamento do minério, nem sempre bem conduzidas, dispendendo-se muito dinheiro inutilmente. Somente depois de verificar, pelos repetidos insucessos, a incapacidade dos "práticos" estrangeiros, contratou o General Ralston os trabalhos de um engenheiro de minas brasileiro, Dr. Ramiro Miranda, que está conduzindo os serviços com a necessária cautela e dentro das normas técnicas.
Segundo informações do Dr. Miranda, a capital invertido na propriedade se elevava a perto de dois mil contos de réis.
Os trabalhos realizados até meados de 1935 constavam do seguinte: 350 m de galerias, das quais 200 m de transporte; um poço shaft, com 62 m; três sondagens respectivamente com 135, 105 e 67 m de profundidade; e uma planta metalúrgica com capacidade para 15 a 20 t de minério por dia.
Montava o minério extraído a mil toneladas de quartzo aurífero e 1.100 t de material piritoso; e 230 t de concentrados obtidos no engenho.
Estes concentrados, pela sua complexidade, não podendo ser tratados no país, são exportados para os Estados Unidos, onde são fundidos pela American Smelting and Refining Company, em Selby, Califórnia. Os fretes para estes concentrados de Araçariguama até Selby ascendem a cerca de $10.00, e pelo tratamento dos mesmos são cobrados também $10.00 por tonelada.
Os concentrados colhidos nas mesas vibrantes e células de flutuação encerram em média 6,1% de chumbo, 0,5% de cobre, 3,8% de zinco, 41,0% de ferro, 43,0% de enxofre, 5,5% de umidade, 0,1% de resíduo insolúvel, e 126g de ouro e 134g de prata por tonelada.
Das 2.100 t de minério tratadas foram obtidos até abril de 1935: pela amalgamação, 36 kg de ouro bruto com 67% de ouro e 21% de prata, correspondendo a 24 kg de ouro fino e 7,5 kg de prata fina; e pelo tratamento dos concentrados, 29 kg de ouro e 31 kg de prata.
O total do ouro recuperado corresponde a um teor médio de 25,2 g de ouro por tonelada de minério. Nas lamas tailings perde-se cerca de meio grama por tonelada.
O custo de extração e beneficiamento do minério tem sido relativamente alto, por não se trabalhar em regime econômico. O engenho tem parado longos períodos por falta de minério.
Outro problema sério é o desconhecimento da reserva disponível da jazida. Aqui, como em toda a parte do Brasil, iniciou-se a lavra e montou-se um dispendioso engenho, antes de se saber com que reserva seria possível contar na jazida. Só agora o engenheiro Ramiro Miranda está tentando a cubação do vieiro, por meio de sondagens. Mas este se mostra bastante irregular, com dobras e falhas, que dificultam as pesquisas.

Município de Campo Largo de Sorocaba
São conhecidos nos arredores de Campo Largo vieiros de quartzo aurífero encaixados em filitos da Série de São Roque.
Segundo Calógeras, são estas as minas de Coatiba ou Bacaetava, descobertas por Luiz Martins em 1562.

Município de Pilar
Alguns afluentes das cabeceiras do Rio Turvo são auríferos.
Esses ribeirões nascem no alto da Serra de Paranapiacaba, onde as formações filíticas da Série de São Roque, superficialmente muito decompostas, são por toda a parte cortadas pelos vieiros de quartzo piritoso aurífero.
Não se conhece, todavia, até agora, nenhum vieiro cuja riqueza aconselhe despesas para a prospecção. Mas a região, de um modo geral, merece ser pesquisada.

Município de Capão Bonito
Em toda a parte no alto da Serra de Paranapiacaba, onde tem suas cabeceiras o Rio Paranapanema, há vestígios de ouro.
Das antigas minerações resta como memória o nome de Guapiara, que ainda o distrito conserva.
Ultimamente os Srs. Salvador Pisa e Ernesto de Oliveira fizeram pesquisas nas jazidas auríferas situadas no divisor de águas dos rios São José, afluente do Paranapanema, e Pilões, tributário da Ribeira de Iguape, a seis quilômetros além de Capela do Alto e a 25 km de Guapiara.

Município de Iguape
As principais ocorrências de minérios auríferos se encontram no distrito de Juquiá, nos afluentes do Rio São Lourenço-Juquiá, que descem da Serra de Paranapiacaba.
Ao longo da serra predominam as formações filíticas da Série de São Roque (Algonquiano). A rocha matriz do ouro é sempre o quartzo de vieiro, com pirita e afrisita, e mais raramente galena.
Este trecho da Serra de Paranapiacaba é quase desabitado e desconhecido.
Entre as localidades onde se tem descoberto minério aurífero citaremos: cabeceiras do Rio São Lourenço, não longe de Juquitiba, nos limites dos municípios de Iguape e Itapecerica. Vieiros de quartzo aurífero.
Todos os córregos das cabeceiras do Rio Verde, nos limites dos municípios de Iguape e São Miguel Arcanjo, são auríferos. A região, inteiramente desabitada, écoberta por densíssima floresta. Por toda a parte, pelas encostas abruptas da serra, encontram-se blocos de quartzo de vieiro. Na maioria das vezes o quartzo é branco-leitoso e estéril; mas de quando em vez ele se mostra piritoso e aurífero.
Os córregos denominados Ouro Fino, Ouro Preto, Lavrinhas, Fartura, etc. relembram nos nomes as antigas minerações dos jesuítas.
Um dos afluentes mais ricos do Rio Verde é o Ribeirão Cruzeiro ou Pedro Vaz. Principalmente no trecho em que atravessa as terras de Dona Maria Isabel Carvalho Quartim, consta que as aluviões são bastante produtoras.
Cortando o córrego Quebra Cabeça, no sítio do Sr. Luiz Valio, encontramos um vieiro de quartzo com muita pirita e afrisita, mas relativamente pobre em ouro (um a dois gramas por tonelada). A presença de alguns cristais de feldspato no minério indicava estar-se nas proximidades da zona pegmatítica.
No córrego dos Moços, afluente do Rio Verde, em terras do engenheiro David MacKnight, corre um vieiro de quartzo com turmalina e afrisita bastante rico em ouro. No mesmo córrego tem sido encontrada a cassiterita. No rio Ipiranga, afluente do Juquiá, têm sido verificados cascalhos auríferos, sendo especialmente famosas as aluviões do afluente Travessão. Estas jazidas, que se acham em terras do Sr. Guilherme Christofle, foram estudadas pelo engenheiro Theodoro Knecht. O ouro provem de vieiros de quartzo com pirita e afrisita, encaixados no granito. As lavras antigas dos jesuítas começavam a três quilômetros a montante do Salto, e se estendiam às cabeceiras do Rio Travessão, num comprimento de cerca de seis quilômetros. O volume de aluviões auríferas é, na opinião do Dr. Knecht, assaz considerável. Igualmente aurífera é a zona compreendida entre Sete Barras e o Ribeirão da Serra, especialmente o Ribeirão Laranjeiras.

Município de Xiririca
Em muitos pontos os cascalhos do Rio Batatal se têm mostrado auríferos. Algumas corredeiras desse rio provêm de vieiros de quartzo aurífero, os quais se acham acamados nos filitos e clorita-xistos da série algonquiana.
No sítio do Sr. Guilherme Moeller, no Rio Batatal, a seis quilômetros da barra na Ribeira de Iguape, ocorre um vieiro de quartzo com pirita escassa, e com baixo teor em ouro (um a dois gramas por tonelada).
As mais importantes aluviões auríferas da bacia da Ribeira de Iguape acham-se no Rio Ivapurunduva. Estas aluviões foram outrora intensamente lavradas por uma colônia de negros.
Todo o Rio Ivapurunduva é aurífero. Na opinião do engenheiro Theodoro Knecht, as mais ricas aluviões acham-se no sítio das Vargens, de propriedade da firma Raphael Sampaio & Cia, cortado pelo Ribeirão Santana, afluente do Ivapurunduva. Essas aluviões se estendem numa faixa de cerca de seis quilômetros de comprimento por 60 m de largura.
Consta que muitos afluentes do Rio Pilões são auríferos.
No sítio denominado Barra das Pilões, na confluência dos rios Pilões e Ribeira, encontra-se um possante vieiro de quartzo, responsável pelas corredeiras das Pedras do Girino. Na margem esquerda da Ribeira, o vieiro se apresenta com um chapéu de ferro encerrando limonita.

Município de Apiaí
As jazidas do Morro do Ouro, junto à cidade de Apiaí, são conhecidas desde os tempos coloniais e têm sido trabalhadas com interrupções, sempre, aliás, de maneira precária.
Foram estudadas em 1883 pelo engenheiro Gonzaga de Campos, por parte do Sr. José de Souza Barros, que pretendia explorá-Ias. Foram adquiridas depois pelo Sr. Antonio Carlos Meuchert, que tentou lavrá-las e, desde 1922, acham-se em mãos dos Srs. David MacKnight, Frank Krug e Walter Charnley, que têm procedido a estudos meticulosos de prospecção, já fizeram ensaios de exploração, e estão tentando agora organizar uma empresa com suficientes capitais para explorá-las em grande escala.
O morro do Ouro eleva-se a cerca de 200m sobre a cidade de Apiaí e a pouco mais de mil metros sobre o mar. Geologicamente é constituído de filitos dolomíticos do Algonquiano inferior, os quais se acham por toda parte profundamente alterados. Na base oeste, junto à cidade, corre uma faixa de mármore cinzento escuro, cortada por um dique de diabásio. Para noroeste, na direção de Pinheiros, e para sul, no rumo de Taquaruçu, 
afloram batólitos de granito porfiróide, intrusivos na série proterozóica.
Na encosta junto à cidade, os filitos estão orientados N 70º E (magnético), e praticamente verticais. Para o lado de Capela da Ribeira as mesmas formações caem para sul, e se inclinam para norte quando se caminha na direção de Guapiara, determinando no morro do Ouro uma anticlinal.
As galerias de pesquisa atingem um comprimento total de 1.600m. Por elas se verifica que o morro é recortado por um sem-número de pequenos vieiros de quartzo aurífero. O volume da rocha impregnada de ouro é extremamente grande.
Realizou o engenheiro David MacKnight muitas centenas de ensaios dos minérios dos morros do Ouro e Água Limpa, concluindo que a média do material dos vieiros encerra 16g de ouro por tonelada. Nesta média não se acha incluído o vieiro conhecido pelo nome de Lage B, que é o mais rico. A reserva visível de minério rico existente acima do horizonte da cidade, de acordo com as determinações dos Srs. MacKnight e Krug ascende a 50 mil toneladas.
O mais interessante, aqui, seria trabalhar não únicamente o material de vieiro, mas toda a rocha impregnada de ouro, operando-se em larga escala, a céu aberto, com escavadeiras mecânicas. Parece ser possível contar, no morro do Ouro, com alguns milhões de toneladas de rocha alterada, mole, com uma média de três a quatro gramas de ouro por tonelada.
Varios afluentes do Rio Apiaí são auríferos, principalmente o córrego Frias. Em Vila Velha do Peão, a quatro quilômetros de Apiaí, à direita da estrada que vai a Faxina, encontra-se um vieiro de quartzo aurífero cortando o granito, e também aluviões auríferas. 
Fonte: Brasiliana Eletrônica.

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