terça-feira, 20 de setembro de 2016

IPAUSSÚ: 101 ANOS DE HISTÓRIAS

 

Nas últimas décadas do século XIX começa a história do município de Ipaussú.
Na cidade de Avaré chegam dois mineiros: João Justino, vulgo João dos Santos e João Corra de Miranda. Embrenham-se na mata e aventuram-se na conquista de novas terras. Tinham como trajeto para este lugar os pontos de Piraju e Santa Cruz do Rio Pardo. Em seu trajeto, cruzaram o Rio Paranapanema na altura onde hoje situa-se Piraju e, nessa jornada, ao aportarem em Santa Cruz do Rio Pardo à procura da exuberância do rio, foram parar num Coqueiral, o marco zero de Ipaussú. Pegaram o ribeirão e desceram, convindo que todos os ribeirões corressem para os rios. Caminhando nessa direção encontraram uma ilha, a qual denominaram de Ilha Grande.
Encontraram como habitantes nessa época os índios Coroados, que permanecem por muitos anos. 
Retiraram-se somente quando se sentiram incomodados com a aproximação do elemento branco, que foi espichando os seus domínios por todas as terras do Paranapanema. 
O sistema de tropas era o meio de transporte que ligava a região e os centros comerciais da época, Lençóis Paulista e Botucatu. 
O transporte de cargas era feito por tropeiros sobre estradas sofríveis.
A Estrada de Ferro Sorocabana, criada em 02 de fevereiro de 1870 na cidade de Sorocaba, foi a primeira via férrea a explorar o interior paulista mais profundamente, desempenhando um papel econômico importante como meio de transporte do café. 
O potencial econômico do vale do Paranapanema, garantido pela qualidade de suas terras na exploração de café forçava a vinda da estrada de ferro para a região.
A chegada da Sorocabana no ano de 1908 à Ilha Grande do Paranapanema foi muito importante à prosperidade da vila, e o dinamismo desta experimentou uma nova dinâmica em seu modo de vida.
Para se fazer uma ideia da Ipaussú daquela época, basta dizer que na fase inicial contava-se tão somente com 4 fazendas, a saber: São Luiz, Santa Hermínia, Santa Augusta e Bela Vista.
A povoação de Ilha Grande foi crescendo aos poucos. De excelente solo para a lavoura, envolta por matas virgens de todo o passo humano, o seu clima revelou-se assaz. 
Sítio convidativo ao viajante que lá aportasse.
Leis já determinam e registram oficialmente a vida deste pedaço de São Paulo. 
Por força da lei Estadual Nº 187, de 23 de agosto de 1893, a Ilha Grande que era pouco ou nada mais do que um apêndice do município de Santa Cruz do Rio Pardo foi elevado a Distrito de Paz pela Lei Nº 550, de 13 de agosto de 1898. 
Assim, lavraram-se desde então os registros da vida civil da população: nascimento, casamento e óbitos. Entretanto, os benefícios representados pelo retorno de sua atividade econômica se encontravam em favor do município de Santa Cruz do Rio Pardo.
Os primeiros ensaios de independência foram feitos pelo Dr. Cleophano Pitaguari de Araújo, advogado e deputado estadual, eleito pelo 5o. Distrito Eleitoral que, após muitas e incontáveis gestões junto ao governo do Estado, fez com que Ilha Grande se elevasse à categoria de Distrito de Paz.
Na Câmara dos Deputados (atual Assembleia Legislativa Paulista), o Dr. Pitaguari, juntando os documentos exigidos e interpondo a sua ação parlamentar, criou condições para a criação do distrito.
Aos 19 de dezembro de 1906, sob a denominação de ILHA GRANDE DO PARANAPANEMA, por força da lei estadual nº 1038, eleva-se à condição de Vila. Um reconhecimento decorrente de sua expansão natural.
Para se elevar a Distrito, houve uma ação enérgica e insistente do Dr. Pitaguari, para subir à categoria de Vila, ao que tudo indica, essa evolução foi natural. Ali se fixavam os primeiros imigrantes.
Em resumo, a ascensão a distrito de paz e, posteriormente, a vila, deixava a cidade na mesma dependência, embora tenha sido importante ter galgado esses degraus, pois sem tais degraus não seria possível tornar-se município. O fato é que a população não foi participante nesses embates. 
O Dr. Cleophano praticamente sozinho proclamou a elevação a Distrito de Paz.
Em 1914, surge o sentimento autonomista. Pela primeira vez a população Ilhagrandense, já de forma organizada, dá as mãos num mesmo objetivo. E esse objetivo passa a ser um ideal aceso por um vivo sentimento de amor a terra. Assim nasceu o senso de comunidade.
Os moradores querem a emancipação. O anseio de liberdade foi, ao que tudo indica, um forte movimento comunitário que envolveu cada família ali radicada.
Nunca se avaliará com exatas medidas o mérito dos condutores desse processo libertário. Esses líderes tiveram muitas qualidades ao mesmo tempo, ou muito bem distribuídas entre os próprios, pois lançaram a semente e ela germinou com tal força que ninguém conseguiu conter o ímpeto de separação de Santa Cruz do Rio Pardo e assim traçar o próprio destino da população.
Houve uma reunião em 2 de maio de 1914, o povo compareceu em massa contagiada de civismo e desejoso de participar como peças vivas desse tempo. Tem início a campanha de emancipação da Ilha Grande.
Foi evidenciado o papel fundamental que exerceu na formação desse objetivo a imprensa da então denominada ILHA GRANDE.
A imprensa local, no desempenho de seu papel, vai contagiando o coração e a mente dos leitores; vai crescendo por indução em todos os demais, a semente do ideal libertário.
A propagação deste anseio cívico cresce como uma epidemia. Já não são apenas os homens, são também as mulheres ilhagrandenses, numa época naturalmente machista e autoritária, trazem também o quinhão de participação. Eis que a imprensa registra, na edição de 12 de agosto de 1914, um significativo apelo, em forma de abaixo assinado das senhoras ilhagrandenses, dirigido ao Exmo. Dr. Washington Luiz, "ilustre líder da maioria na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo, a quem solicitavam advogar essa causa justa e nobre".
Em 30 de outubro de 1914, um telegrama sacode Ilha Grande de ponta a ponta. Informa que, em segunda discussão, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto.
Em 1915 chega a boa nova: a autonomia de Ilha Grande é aprovada, deu-se a elevação de Distrito de Paz a município, por efeito da Lei Estadual Nº 1465, de 20 de setembro de 1915, com a denominação de Ipauçu. O nome Ipauçu tem origem na língua tupi guarani, sendo sua forma primitiva IPAGUAÇU que significa Ilha Grande.
Em 15 de novembro de 1915, acontece em Ipaussú a primeira eleição de sua história, tendo o município como prefeito Coronel Henrique da Cunha Bueno.
Em 1940 acontece o primeiro censo demográfico no município. A população estava estimada em 9.707 habitantes, sendo 2.353 na zona rural e 7.354 na zona rural, distribuídos em 4.674 mulheres e 5.033 homens.
O número de domicílios era de 2.024 sendo 504 urbanos, 56 suburbanos e 1.464 rurais.
A religião predominante era o catolicismo e, para a formação da comunidade de Ipaussú contribuíram a imigração Italiana, Espanhola, Japonesa e Alemã.
A principal atividade estava voltada para a agricultura, pecuária e silvicultura. A riqueza econômica do município está baseada na agricultura. Dedicando-se à policultura, havia no município, em 1954, 215 propriedades rurais. Seus principais produtos em 1956 foram: café, arroz em casca, milho. Na pecuária, o município tem como principais os rebanhos suíno e bovino e a produção anual de leite avaliada em 380.000 litros.
Os principais produtos industriais foram, em 1956, tijolos, telhas e portes de cimento. A plantação do café foi inicialmente substituída pelas de arroz, milho e mais tarde essas duas foram sendo substituídas pela cana-de-açúcar.
Nos idos de 1955 inicia-se um trabalho assistencial no município. Dona Sebastiana da Silva da Cunha Bueno, esposa do Prefeito Coronel Henrique da Cunha Bueno, criou uma fundação. Ela entendia que cabe à elite, enquanto tal, assistir à coletividade no que ela tem de essencial: as crianças. Assim surgiu a FUNDAÇÃO HENRIQUE DA CUNHA BUENO em Ipaussu. A fundação das meninas, como era assim conhecida, se revelou importante ponto de apoio social, acolhendo inúmeras jovens sem nenhuma perspectiva de vida.
Em 1953, norteada pelos princípios não só de ordem, mas fraternais e cristãos, o Sr. Silvestre Ferraz Egreja e sua esposa plantam mais um monumento para a prosperidade. Segundo os estatutos, o Educandário receberia gratuitamente menores desamparados, do sexo masculino, provenientes de famílias sem recursos de qualquer natureza.
Em 1961, foi fundado em Ipaussú o Lions Clube, uma organização extremamente democrática que visa servir a comunidade no campo educacional, social e na área da saúde. Em 1968 a congregação Mariana, através de sua diretoria, funda a SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO, trabalho de auxílio espiritual e material aos mais carentes da comunidade.
Com o passar dos anos, várias instituições foram organizadas e regulamentadas. O FUNDO SOCIAL DE SOLIDARIEDADE municipal de Ipaussú foi criado pela lei municipal nº 009/83 de 26/05/83, tendo como objetivo fazer o levantamento das principais necessidades e aspirações de seu município e estimular e apoiar iniciativas da comunidade voltada para soluções dos problemas locais, promover articulações e entrosamento com outras entidades públicas ou privadas. Foi presidido pela primeira dama do município, juntamente com o Conselho Deliberativo composto por representantes da comunidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário