domingo, 25 de setembro de 2016

PROFESSORA JÚLIA LEITE DE SOUZA, NA MEMÓRIA DE LUIZ RAFAEL NERY PIEDADE

Paralelamente à função de advogado, Luiz Rafael Néry Piedade exerce a de resgatador da memória de sua família que, de certa forma, é uma considerável parte da história de Angatuba. Agora ele apresenta a história de Júlia Leite de Souza, uma professora angatubense nascida no início do século passado. 
O seu relato em seguida:
Professora Júlia Leite de Souza nasceu na Vila do Espírito Santo da Boa Vista, atual município de Angatuba no dia 02 de janeiro de 1903 (data oficial, mas incorreta), filha de Gabriel de Souza Leite (Itapetininga, atual Bairro dos Leites em Angatuba, 1870 – Angatuba, 01 de outubro de 1945 – vereador e proprietário de terras que se iniciavam no Bairro dos Leites e adentravam-se ao Bairro da Batalheira – zona rural do município de Angatuba) e de Maria Luiza da Conceição (São Sebastião do Tijuco Preto, atual Piraju, 17 de agosto 1882), em uma família de mais uma irmã, Euclydia Leite de Souza.
Avós Paternos: Jesuíno Leite de Meira e Maria Balbuína da Lusa (Maria Trindade).
Avós Maternos: Joaquim Leite de Meira e Maria Clara da Conceição.
Júlia passa sua infância naquela Vila e depois cidade do Espírito Santo da Boa Vista, ao lado da família. 
Inicia os estudos na cidade de Angatuba e com o apoio familiar, vai estudar no Instituto Peixoto Gomide na cidade de Itapetininga, ao lado da irmã, Euclydia Leite de Souza, local onde ambas formam-se Professoras.
Na cidade de Angatuba, a jovem Júlia conhece o ítalo-brasileiro, João Basile Sobrinho (Vila do Espírito Santo da Boa Vista, atual Angatuba, 23 de abril de 1900 – Angatuba, 14 de maio de 1963), filho de Gaetano Basile e Ana Scartollo Basile – imigrantes italianos fixados na então Vila do Espírito Santo da Boa Vista, atual Angatuba.
Os jovens João e Júlia casam na cidade de Angatuba, no dia 15 de janeiro de 1929, sendo Juiz de Paz: José Cafundó Júnior e testemunhas: Gabriel de Souza Leite e José Basile.
A jovem Professora Júlia inicia o magistério em escolas da zona rural do município de Angatuba e em 13 de junho de 1930 é nomeada Professora para o cargo de Ajunta do Grupo Escolar de Angatuba na Escola Mista Rural do Bairro do Guarey Acima. Torna-se professora efetiva no Grupo Escolar Dr. Fortunato de Camargo, seguindo seus trabalhos como Professora Primária. 
No de 1942, leciona ao lado da irmã, a Professora Euclydia Leite de Souza, naquela mesma escola.



Na imagem estão: “Da esquerda para a direita: Profa. Júlia Leite de Souza, Profa. Hermínia Rodrigues, Sra. Júlia Tini, Profa. Lúcia de Moraes Camargo, Sra. Maria de Oliveira (Conhecida por Mariquinha), Profa. Luiza Rodrigues, Srta. Lysis Lisboa, Profa. Itália Julieta Basile, Sra. Helena Rodrigues de Oliveira, Srta. Deborah Simões (Conhecida por Nenezinha), Sra. Jandira de Moraes Camargo, Profa. Julieta Abdelnur (Conhecida por Babi), Profa. Euclydia Leite de Souza, Srta. Irene Rodrigues de Oliveira. 
Sentadas: Profa. Olympia, Srta. Antonia de Barros, “Nóca” e Sra. Inocência Amaral Lisboa. 
1º à esquerda, em pé: Prof. Juvenal Vieira de Moraes – “Juvenal Pereira” (Prefeito Municipal), Sr. Amadeu Monteiro, Sr. Alberto Basile, Prof. João Baptista (Diretor do Grupo Escolar), Sr. Aurélio Moura, Sr. Cesário Rodrigues – “Jaete”, Sr. Antonio Lisboa, Sr. Levy Lisboa, (pessoa desconhecida), Sr. Agenor Rolim Rosa – Sr. “nhozinho garganta”, Sr. Bruno Favali, Sr. Luiz Galvão e Sr. Aníbal Venturelli – “Bibi”. Angatuba, década de 1940.” (g.n.) 
(Imagem e dados extraídos da Tese de Doutorado: A Política dos Coronéis e a Difusão do Ensino Primário em Angatuba (1870 – 1930) – Unicamp – 2008 – Professora Maria Aparecida de Morais Lisboa).
Assim, alfabetizando e ensinando gerações de angatubenses a Professora Júlia segue tal ofício no Grupo Escolar Dr. Fortunato de Camargo pelos anos de 1943 a 1952, onde fica até se aposentar.
Com memória e lucidez admirável a Professora Júlia completou 100 anos e essa data tão especial foi comemorada ao lado de grandes amigos e familiares. Tal comemoração fora registrada pelo Jornal Folha de Angatuba, página 01 – Ano XXVII – circulação em 10 de janeiro de 2002 – Angatuba, São Paulo:Das homenagens prestadas no aniversário, além dos presentes, amigos e familiares na casa do Sr. Lauro Piedade, marcaram presença a Banda Municipal Antonio Lisboa, sendo, o maestro Deny Lisboa, um dos alunos da aniversariante. Após os lindos dobrados e marchinhas foi a vez do Coral Santa Cecília fazer sua homenagem. Dona Floriza Manfredini, uma das integrantes do coral, também foi uma de suas alunas e prestou sua homenagem ao declamar a poesia “A Rosa” à aniversariante.
Após as homenagens foi servido um coquetel.
Os nossos parabéns à professora Julia Leite de Souza Basile pelos 100 anos de existência, desejando à mesma e seus familiares, muita paz, amor e carinho.”


A Professora Júlia Leite de Souza)
A Professora Júlia Leite de Souza falece no dia 09 de março de 2002 em sua residência (Rua Públio de Almeida Mello, n.º 595, Centro, Angatuba – onde residiu por mais de 80 anos), ao lado do sobrinho neto Paulo Roberto Piedade, que relata com grande emoção:
---------“Madrinha Júlia não estava se sentindo muito bem. Cheguei em sua casa, entrei em seu quarto, ela estava deitada. Ela me olhou e disse, com a voz bastante lenta: “Paulo Roberto Piedade”. Em seguida, pareceu que por um instante ela havia perdido o sentido. Tentamos ligar para o médico. Eu, não sai do lado dela. Em um segundo ela perdeu totalmente os sentidos. Ela morreu em meus braços …(um fundo suspiro com lágrimas nos os olhos)” (Depoimento de Paulo Roberto Piedade – Angatuba, 21 de fevereiro de 2013).
Sua despedida fora registrada na matéria Adeus, Dona Júlia!, publicada no Jornal Folha de Angatuba, página 02 – Ano XXVII – circulada em 27 de março de 2002, quarta feira – Angatuba, São Paulo:
“Adeus, Dona Júlia!
Todos os dias, quem passava pela rua Públio de Almeida Melo sempre deparava com uma simpática senhora de cabelos brancos toda sorridente na janela de seu quarto. Era a dona Júlia. Ali ela acenava alegremente sempre dirigindo algumas palavras, muitas delas não entendida, talvez devido ao barulho de carros ou talvez pela distância, mas o aceno do “chauzinho” dela era uma marca registrada. Recentemente foi feita uma linda festa pelos familiares e convidados pela passagem dos 100 anos da professorinha dona Júlia. Uma festa de 100 anos digna da dona Júlia onde ex alunos e membros da família fizeram bonitas homenagens.
Hoje estamos tristes. Não vamos ver mais a professorinha dona Júlia Leite de Souza na janela para nos dar aquele chauzinho”. Um infarto e ela nos deixou no último dia 9/03. Deixou-nos no silêncio como era do seu costume, mas a sua recordação continuará conosco para sempre. Agora, lá na janelinha do céu, com certeza dona Júlia está velando por todos nós angatubenses.”
Está sepultada no Cemitério de Angatuba no jazigo da família Leite de Souza Basile.
Autor: Luiz Rafael Néry Piedade – Advogado
 
Fonte: Onda 21, 2013/ Air Antunes

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