prédio da cadeia de Silveiras: 1914
Já nos primeiros anos do século XVIII são percebidas as primeiras “travessias” de caminhantes indo e vindo para Paraty, vindos das “minas gerais” …iniciava-se o extraordinário ciclo do ouro, fazendo antever que os arraiais do Bom Jesus e dos Macacos já formavam suas características de ativos “pousos para tropeiros”.
Em torno do “pouso dos Silveiras”, o município foi consolidando-se como fascinante “posto de serviços” às tropas que fizeram aquela saga enorme que projetou o Brasil Colônia mundialmente, contudo a riqueza se foi e a miséria ficou…
Foram centenas de artífices: celeiros, ferreiros, cesteiros, cangueiros, cangalheiros, trançadores de couro, domadores, curtidores de couro, catadores de ferraduras, numa parafernália de atividades que resultaram num enorme “centro de serviços”, mesmo com a queda do ciclo do ouro (final do mesmo século XVIII) isto perdurou, com o ciclo da cana de açúcar (rápido), porém novamente dinamizado com a chegada do Café…
No período do Café – chegou Silveiras a se tornar no mais importante município “celeiro regional”. Milho, arroz, feijão, porcos, pinhão, frutas de clima temperado, toucinho, carne seca, do Vale do Paraíba e 4º município em população (perdendo para Guaratinguetá, Taubaté e Jacareí).
Sofreu danos dramáticos na Revolução Liberal – que terminou no episódio das Trincheiras quando 56 chefes de família silveirenses foram ASSASSINADOS por tropas enviadas pelo então Barão de Caxias. A cidade/município foi destruída na manhã de 12 de julho de 1842 e no local do grande combate um monumento está erguido onde destaca a tragédia que atingiu os silveirenses… Contudo Silveiras ressuscitou…
O aspecto atávico repetiu-se com o final do ciclo do café, da estrada de Ferro que não passou aqui, a abolição da escravidão negra e a república… E com a despedida das famílias silveirenses em direção de outras terras no Oeste de São Paulo e já no Norte Velho do Paraná. Em 1932, já durante a Revolução Constituinte – a situação de sofrimento contínuo, com a queima de todos os nossos documentos históricos, a reativação daquelas Trincheiras, e novamente o sopro de decadência perdura… Em 1938, a comarca é extinta… E logo após a Via Dutra é construída e o resultado foi a perda da esperança…
Em final de 1978, grupo de silveirenses se organizam e movidos pela força do amor à terra, criam movimento em torno das raízes histórico-culturais do município, resultando daí, a valorização do Tropeirismo, da força secular do artesanato, da gastronomia, das festas religiosas e dos recursos naturais, notadamente a Serra da Bocaina, como potencial ecológico.
Atualmente, destaca-se em torno do turismo cultural onde o artesanato variado, sendo importado e divulgado no Brasil todo. O tropeirismo transformou-se em marca definitiva de município, com estátuas, restaurante, hospedaria, publicações, Fundação, formando um leque diferenciado das outras comunidades regionais. O município ressuscita nesta jornada pela arte e cultura, o turismo rural e o ecoturismo já representam bastante espaço diante de jovens que resolveram FICAR em Silveiras, interrompendo o ciclo de decadência havidos por dezenas de anos.
VESTUÁRIO DO TROPEIRO
Chapéu de palha ou feltro Anda descalço Camisa xadrez aberta no peito Calça de algodão com barras dobradas Cigarro de palha Lenço na cintura (para tapar os olhos do burro, quando necessário)
RANCHO DOS SILVEIRAS
Entre os interessados em ganhar terras estava Antônio da Silva da Guimarães, que em carta datada de 3 de junho de 1726, pedia ao Capitão General uma sorte de terra no caminho.Veio para a região, deixando a família em Guaratinguetá. Mas ele morreu antes de conseguir chegar nas terras que tinha direito pelo trabalho realizado. Sua viúva, conhecida por Maria Motta acabou pegando os filhos, genros e noras e vindo para a região. Guiada pelos filhos escolheu um varjão, cercado por montanhas, fácil de se defenderem dos índios Purís e ali instalou o Rancho dos Silveiras Guimarães.
RANCHO DOS BUENOS
Os Buenos da Cunha vieram na primeira leva de gente para construir o Caminho Novo. Trabalhando duro, depois de fazer um trecho do caminho, seu patriarca escolheu um lugar, que hoje é conhecido como Itagaçaba. Consta que era maior e bem mais arrumado do que o dos Silveiras, tanto que em 1791 ele é citado na Carta Imperial. É aceitável que durante anos ele foi mais importante, mas o Rancho dos Silveiras acabou se desenvolvendo mais e assim nascendo a cidade de Silveiras.
RANCHO DO ANACLETO
O tenente Anacleto Ferreira Pinto, nasceu em 1792, no Rio de Janeiro, vindo a morar em Silveiras, onde construiu uma Fazenda para cultivo do café, mas acabou se destacando na política. Tornou-se um dos principais líderes da Revolução Liberal de 1842.Conseguiu formar na cidade um batalhão de 600 homens armados para lutar contra os homens do governo. Pessoalmente, comandou a última resistência em defesa de Silveiras, quando o então Barão de Caxias atacou a cidade. Na ocasião foram mortos 52 silveirenses e os homens de Caxias invadiram e atearam fogo na cidade, deixando-a em cinzas.
RANCHO ALEGRE
Como em toda paragem. Silveiras também teve um rancho para alegrar os passantes. Muito afamado, mas não se sabe que família tomava conta do lugar. Ele ficava no Bairro da Tijuca, onde os freqüentadores podiam jogar truque, buzo, malhas e tomar muita bebida. Ali também aportava as companhias de teatro e dança que vinham da Europa se apresentar no Brasil. Consta que os viajantes podiam até mesmo se divertir com mulheres que ali trabalhavam.
RANCHO DOS SILVA
Estevam da Silva foi um dos soldades da Companhia de Pindamonhangaba. Trabalhou duro e armou um rancho na região, tornando-se uma das importantes famílias do começo da povoação.É interessante lembrar que as divisões de terra iam sendo feitas de comum acordo, conforme chegavam as famílias, sem nenhuma briga.Todos que aqui vinham traziam alguma carta do Capitão-Mor, com ordem para escolher um lugar e ali ficar. E assim foi crescento a região, com alguns ranchos maiores e outros menores.
RANCHO DOS BITENCOURT
Ângelo José Bitencourt foi um dos povoadores, que aqui chegavam para se fixar com a família. Ele era um dos soldados da Companhia de Pindamonhangaba que ganharam dispensa das fileiras, com o objetivo de sacrificar-se na loucura de lutar contra a floresta que impedia a abertura do Caminho Novo.Em 1778, apesar do caminho não estar pronto, os ranchos já eram movimentados, com a passagem dos viajantes. Primeiro os índios, depois os negros e finalmente os tropeiros.
RANCHO DOS MOTA
Manoel Rodrigues da Mota era paranaense e conseguiu descobrir a região do Bairro dos Macacos. O Rei de Portugal assinou a sesmaria em 1773, mas consta que em 1760, com apenas 29 anos, já estava no local, criando gado. Com o registro de sua estada, percebe-se que o Bairro dos Macacos nasceu em primeiro do que Silveiras, que no início chamava também Rancho das Pitas, devido ao tipo de construção que Maria Mota fez por aqui.
fonte: http://www.blog.ocilioferraz.com
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