quinta-feira, 13 de agosto de 2015

DIA DO MUNICÍPIO DE NATIVIDADE DA SERRA

Hoje, a cidade comemora 42 anos. 
 
O aniversário é comemorado considerando a data de fundação da cidade nova, construída em 1973, no alto das montanhas envolvidas pela represa de Paraibuna.
É que a antiga Natividade da Serra foi inundada em 1974, quando já tinha 120 anos de existência. 
As casas e prédios da cidade instalada em meio a Serra do Mar, no caminho para o Litoral Norte, foram desocupados para a criação da represa. 
Hoje, esta parte da história está submersa.
Com sua atividade econômica baseada na criação de peixes, comércio e no turismo, a cidade com pouco mais de 6,9 mil habitantes cresce conforme o comportamento da represa.
"Quando a represa está alta, as pousadas lotam, os turistas vêm. Fica linda e atraente. Mas quando está muito baixa, a gente fica na mão porque depende dela. Como atrair um hotel grande ou um investimento maior, com uma atração que pode sumir na seca, como está acontecendo este ano?" explica a professora Maria Helena da Silva Ribeiro, 61 anos.
Maria Helena, conhecida em Natividade como professora Leninha, se mudou ainda jovem da cidade vizinha, Redenção da Serra. 
A aposentada conta que se mudou no ano que a represa era construída.
"Era um clima muito triste. Tínhamos dois anos praticamente para mudar da cidade velha e construir esta nova. De repente, do nada, um ano depois do início da mudança, caiu uma tromba d'água em Natividade e encheu tudo de uma vez. Ninguém morreu, mas muita gente perdeu tudo. Isso nos uniu e em mutirão construímos casas e nossa vida nesse lugar", detalha Leninha, que desde 1973, luta ao lado de outros moradores para reconstruir a memória da cidade, com documentos, fotos e objetos.
"Nossa cultura ficou quase toda embaixo da represa também. Os prédios carregam a história, fazem parte da nossa tradição. Hoje ainda temos as festas religiosas. Somos um povo saudoso, nossas crianças foram ensinadas pelos pais a sentir saudade da antiga Natividade que nem conheceram", afirma a professora.
Questionada sobre o que gostaria de dar de presente de aniversário à cidade que adotou como sua, Leninha não pensou duas vezes. "Queria dar uma igreja igualzinha à que ficou submersa para a alegria do pessoal mais antigo e uma nova forma de sustentar a nossa economia, com muitos empregos para que os nosso jovens não precisem ir embora da cidade para trabalhar".
Apesar da saudade, das mudanças que o tempo e a represa obrigaram o povo de Natividade a se adaptar e ainda das dificuldades que a cidade enfrenta, a professora diz que nunca vai deixar o lugar. 
"O melhor daqui é o povo. São pessoas boas e hospitaleiras. Toda nossa história nos uniu, pois lutamos juntos. Gosto muito daqui e neste aniversário temos muito o que comemorar", conclui.
Reportagem feita por Elaine Rodrigues para o Meon, Notícias e Região em 12 de agosto de 2014.

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